10 de Junho de 1518.
Seria irônico dizer que sequer o sol quisera se esgueirar durante todo o dia? Escondido em nuvens cinzas amontoadas umas às outras, ameaçando de formarem uma tempestade. Até mesmo a natureza sabia que aquele dia não era um dia para comemorações.
Rowena se desesperava, andando de um lado para o outro com os olhos inchados desde que se levantou da cama. Os últimos dias haviam sido de puro desespero, ela não conseguia esconder a mágoa visível que sentia ao ver sua figura paterna definhando em cima de uma cama. Estava aterrorizada, pois sabia que a hora de Agustos havia chegado.
Estava esperando a confirmação para entrar no quarto, os criados estavam banhando-o e trocando sua roupa, o que era em vão uma vez que já sabiam que ele continuaria deitado como nos outros dias. Jarlath também apareceu, rejeitou o café da manhã assim como sua esposa, deixando assim a mesa cheia de comidas intocadas.
Ele queria acariciar os cabelos dela, queria tocá-la de uma forma que dissesse "estou aqui para te dar apoio", mas se sentiu um covarde ao perceber que não conseguiria fazer tal ato. Estava imerso em pensamentos, lembrando-se que após a partida de Agustos, ele e Rowena seriam coroados e oficialmente considerados rei e rainha de Abor e Magor. Também pensava a respeito de sua esposa cair em um abismo após o acontecido, pois conseguia ver nos olhos dela o quão distante ela já estava.
Ambos foram tirados de seus próprios devaneios quando o abrir de portas foi ouvido. Os criados saíram reverenciando-se, mas Rowena sequer notou isso, entrou no quarto sôfrega, tentando chegar o mais rápido possível até o mais velho. Estava com os olhos quase fechados, sua pele mais pálida do que sempre foi, e lábios ressecados.
— Não consegui dormir essa noite. – disse para o homem que virou seu olhar para ela.
Jarlath se aproximou devagar, tentando não atrapalhar a situação. Sabia que não poderia deixá-la sozinha alí com ele, pois ele poderia morrer em qualquer instante e ela ficaria desolada.
— Agradeço aos céus por tê-la encontrado ao redor dos muros de meu castelo aquele dia. – disse com dificuldade, enquanto levava devagar seus dedos até o rosto dela. — Minha amada filha, sempre será meu maior orgulho.
— Isso não é justo. – fechou os olhos, sentindo o toque. — Eu não quero perdê-lo.
— Nós dois sabíamos que esse dia chegaria.
— Mas ainda não é justo. – após dizer sentiu uma mão passar levemente sobre seu ombro.
— Rowena? – Jarlath chamou, mas ela não conseguia tirar os olhos de Agustos.
— Eu te amo, Rowena. – disse ele em seu último suspiro.
— Não, você não vai fazer isso, não vai – tentou se levantar e subir na cama, mas Jarlath conseguiu conter ela. — Me solta! – gritou a plenos pulmões.
— Gwina! – gritou mais alto, prendendo sua esposa com os braços.
Rowena se balançava em vão, gritava inconsolada vendo o homem que considerava um pai de olhos fechados e sem seus pulmões trabalhando. Estava morto, descansou em paz sabendo que sua filha estava em boas mãos com Jarlath. Mas ela não conseguia aceitar, continuou gritando e até mesmo acabou machucando seu parceiro com os movimentos de vai e vem na tentativa de se soltar.
Sua garganta doía enquanto se secava, seus olhos começavam a arder enquanto sua visão se embaçava. Seu marido tratou de tentar levá-la até seu quarto, para que ao menos ela se mantesse longe do corpo. Estava fragilizada demais para ficar no quarto de Agustos naquele momento. Ao entrar, soltou ela de seus braços e imediatamente trancou a porta atrás de si.
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De volta ao século XVI
Romance# EM ANDAMENTO ⏳ Rowena Rarver costuma ser o tipo de garota que não anda em grupos, mesmo que estes estejam sempre ao seu redor tentando trazê-la para perto. Após muita insistência e por uma motivação a mais, a garota resolve dar uma chance às menin...