Capítulo 2

629 50 8
                                    

Colin se viu no escritório de seu irmão, a atmosfera pesada por conta da situação em que ele se encontrava. Arrependimento e culpa oprimiram-no, curvando seus ombros em uma postura abatida. A realização das consequências de estar sozinho no quarto de uma dama honrada e solteira no meio da noite roía sua consciência.

Naquele momento, Colin estava intensamente ciente de que essa marcava a segunda ocasião em que foi descoberto com Penelope atrás de portas fechadas, e foi a mãe dela que os surpreendeu ambas as vezes. A primeira instância permitiu que ele elucidasse o propósito por trás de seus encontros clandestinos – revelar as atividades fraudulentas de seu primo. No entanto, diante desse novo problema, que explicação ele poderia oferecer? Como poderia esclarecer sua presença no quarto dela? Embora entendesse as nobres intenções por trás dos encontros secretos com Penelope, dúvidas persistiam sobre se seu irmão e a mãe dela veriam da mesma forma. A situação atual oscilava delicadamente, e, naquele momento, a honra de Penelope e a reputação de seu próprio nome pendiam na balança.

Depois que Portia os descobriu no quarto de Penelope, não houve tempo para explicações. Ela praticamente o arrastou até a casa Bridgerton, exigindo uma reunião imediata com Anthony para expor o que ela rotulou como 'crime' de Colin.

Ele mal teve a chance de dizer duas palavras a Penelope, que foi impedida de segui-los por sua mãe. Agora, sentado no escritório de seu irmão mais velho, cercado por ele, sua mãe, Kate e Portia, ele refletia sobre como sua amiga devia estar se sentindo. Provavelmente ansiosa, aguardando o retorno de Portia para ouvir notícias sobre ele. Penelope havia tentado sem sucesso argumentar com sua mãe, explicando a situação e enfatizando que era um mal-entendido, mas Portia parecia impermeável aos apelos de sua filha.

Apesar da situação intricada, Colin desejava que Penelope estivesse presente, para segurar sua mão e tranquilizá-la de que tudo ficaria bem, embora ele não estivesse certo disso.

Dentro da sala, uma discussão tensa se desenrolava. Portia foi a primeira a expressar sua indignação, declarando: 

— Isso é escandaloso! A reputação de Penelope ficará manchada para sempre.

— Deve haver uma explicação razoável para o que aconteceu. Eu não criei Colin para se comportar dessa maneira. — Violet interveio com um tom mais calmo. 

Anthony dirigiu seu olhar severo para seu irmão mais novo. 

— Colin, é hora de uma explicação.

Colin hesitou, sem saber por onde começar. Ele não poderia simplesmente expor tudo o que havia acontecido entre ele e Penelope, desde as palavras dolorosas que ele havia proferido na temporada anterior até sua determinação em reparar a amizade, ajudando-a a se tornar mais sociável diante de potenciais pretendentes. A situação era complicada, e Colin não conseguia discernir um ponto de partida adequado.

Portia, sua raiva sem diminuir, continuou: 

— Eu o encontrei quase à beira de comprometer Penelope.

— Colin! — Violet engasgou, incrédula e assustada. Naturalmente, ela ficou horrorizada com o comportamento dele. Nunca deveria ter passado pela mente da matriarca Bridgerton que ele agiria dessa maneira.

O rosto de Colin corou de vergonha, e ele gaguejou: 

— Não foi bem assim.

— É verdade, Sr. Bridgerton? Então, por favor, nos esclareça sobre o que você estava fazendo segurando o rosto da minha filha em suas mãos. Estou bastante curiosa para saber — comentou Portia.

Colin se conteve de apontar que o sarcasmo não combinava com ela. Dada a situação em que se encontrava, acreditava que responder de maneira impolida à sua acusadora, que parecia ansiosa para desempenhar o papel de sua algoz, não seria a escolha mais sábia.

Toda rosa tem espinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora