Capítulo 17

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Penelope sentou-se diante de sua penteadeira, uma visão de graça no elaborado vestido que sua criada habilmente arranjou. O quarto, adornado com o suave brilho das velas, parecia refletir sua elegância externa, mas dentro, uma tempestade se formava. Sua mente era um tumulto de emoções, cada onda batendo contra as margens de seus pensamentos.

Enquanto os delicados dedos da empregada fixavam os últimos grampos em seu cabelo, o olhar de Penelope vagou, perdido nos ecos da acalorada troca de palavras com Colin. A frustração esculpiu linhas em seu rosto, pois parecia que cada momento sereno em sua união era rapidamente seguido por uma tempestade. A estabilidade que ela ansiava permanecia como um destino incerto no horizonte de sua jornada conjugal.

Um suspiro pesado escapou de seus lábios enquanto ela contemplava a pergunta persistente que ecoava nas câmaras de sua mente: Por que Colin não podia aceitar Lady Whistledown, uma faceta tão integral para seu ser? As crônicas eram mais do que meras palavras no papel; eram uma janela para sua alma, uma conexão com um mundo além dos limites das expectativas sociais.

Os ajustes finais foram feitos em seu traje, mas o espírito de Penelope permaneceu enredado nos fios do descontentamento. Ela se levantou relutantemente da cadeira e se dirigiu à sua escrivaninha, seu refúgio de consolo. A pena esperava por seu toque, mas o peso da frustração ancorava seus desejos. O atrativo do baile perdeu seu brilho, ofuscado pela tempestade dentro dela.

A escolha pairava diante dela - permanecer dentro das confortáveis paredes do lar ou aventurar-se no mundo das civisidades mascaradas. Parte dela ansiava pelo primeiro, para escapar dos olhares escrutinadores e das conjecturas sussurradas. No entanto, a dança social exigia presença, e a evasão apenas alimentaria as chamas da especulação. Com um suspiro resignado, ela reconheceu a inevitabilidade de seus passos em direção ao salão de baile.

Repentinamente Colin entrou no quarto, vestido impecavelmente para o baile, um contraste marcante com a tensão persistente no ar. Penelope, absorta na delicada tarefa de prender uma pulseira, registrou sua presença com surpresa, mas seus lábios permaneceram selados. Sua aparição inesperada a pegou desprevenida. Ela havia presumido que o encontraria apenas no baile.

Durante a ausência de Colin, ela havia contemplado que sua presença no baile era necessária, considerando o genuíno interesse de John por Francesca. A ausência de qualquer membro da família Bridgert no evento poderia ser interpretada como grosseria.

— Pronta para ir, Pen? — A voz de Colin, tentando animação, cortou o silêncio tenso.

Penelope, fingindo foco em sua tarefa, respondeu ao seu questionamento com silêncio. Ele antecipou essa reação, tendo saído de casa abruptamente. No entanto, desde que ele informara seu paradeiro antes de partir, ele esperava que ela não ficasse tão chateada. O quarto se contraiu enquanto um abismo não dito se alargava entre eles.

— Pen? — Ele chamou mais uma vez.

Penelope se levantou, deliberadamente ignorando-o, e virou-se para a empregada, perguntando:

― A carruagem está pronta?

A confirmação da empregada ecoou pelo quarto, e com uma indiferença deliberada em relação a Colin, Penelope deixou o cômodo. Ao descer as escadas, ela sentiu sua presença seguindo atrás dela.

Ao alcançar a carruagem esperando, ela deslizou para dentro com cuidado, o cocheiro ajudando-a. Colin se juntou a ela, e um véu de silêncio os envolveu enquanto o veículo se movia.

O ritmo dos cascos ecoava no silêncio, pontuando o abismo não dito entre marido e mulher. Colin, incapaz de suportar o silêncio por mais tempo, quebrou o silêncio:

Toda rosa tem espinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora