Capítulo 3

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Notas:

Este aqui é curtinho, mas é intenso.

***

Em vez de recuar para o refúgio de seu quarto, Penelope enxugou as lágrimas que manchavam suas bochechas. Determinação brilhava em seus olhos enquanto ela se movia sorrateiramente pelos corredores pouco iluminados de sua casa. Os sons habituais da cozinha agora eram substituídos por um silêncio abafado enquanto ela entrava furtivamente.

Varley já havia se retirado, deixando a cozinha deserta. Aproveitando o momento, Penelope pegou um manto de viagem do gancho, seu tecido suave contra seus dedos. Um cúmplice silencioso em sua fuga, o manto a envolveu enquanto ela escapava pela porta dos fundos para a noite sem lua.

Com passos resolutos, como se guiada por uma força mais forte do que ela mesma, Penelope navegou pelos caminhos familiares do quintal dos Bridgerton. O som de cascalho sob seus sapatos foi abafado pelo peso da situação.

Reunindo pequenas pedras do chão, ela arremessou uma na janela à esquerda da casa. O ar tranquilo da noite carregou o suave baque do impacto. Sem se abalar, lançou outra. Assim que se preparava para atirar uma terceira, a janela foi aberta, e a cabeça de Colin apareceu, enquadrada pela luz fraca de seu quarto, intrigado pelo súbito ataque de pedras em seu quarto. Sua expressão mudou de intriga para surpresa ao descobrir Penelope no meio do quintal.

— Pen? 

— Desça aqui! — Urgência perpassava suas palavras.

Colin não perdeu tempo, dirigindo-se rapidamente ao quintal para se juntar a ela. 

— O que aconteceu, Pen? — indagou, a preocupação gravada em seu rosto.

Ela não perdeu tempo com amenidades, seus nervos ainda crus pelas revelações recentes.
— Eu sei sobre o plano da minha mãe de nos casar. Sinto muito que você tenha sido arrastado para essa situação, Colin. Vou encontrar uma maneira de acabar com isso...

— Pen, acalme-se.— As mãos de Colin repousaram suavemente em seus ombros, interrompendo sua fala. — Não há nada a ser feito. Está decidido. Vamos nos casar.

— Oh, Deus! Não, Colin! Não posso permitir isso! Você me ajudou tanto... Isso não pode ser sua recompensa pela assistência que me deu. Eu não posso. Simplesmente não posso. — A voz de Penelope tremia, à beira das lágrimas. A ideia de Colin ser compelido a um casamento por obrigação pesava profundamente em seu coração. Ela queria que a união deles fosse de alegria, não um pacto relutante forjado sob a pressão das circunstâncias.

— Ei...— Colin afastou suavemente uma lágrima solitária que percorria sua bochecha. — Eu sei que isso não era o que você imaginava para si mesma, Pen. E eu não poderia ter imaginado que algo assim aconteceria. Mas eu sou um cavalheiro, e já me comprometi a ser seu marido. Não posso voltar atrás nisso.

A culpa puxava a consciência de Colin. Ele reconhecia que suas próprias ações haviam desencadeado essa cadeia de eventos. Se não tivesse falado coisas sobre Penelope na temporada anterior, não haveria necessidade de redenção. As 'lições' e a descoberta em seu quarto não teriam ocorrido. Casar-se com ela parecia ser o mínimo que ele poderia fazer para protegê-la da vergonha ou do julgamento de Lady Whistledown.

A memória das crueldades da infame escritora contra Marina e sua irmã, Eloise, persistia na mente de Colin. A pena da Lady Whistledown empunhava intenções impiedosas, indiferente à destruição de reputações. Uma determinação crescente se enraizava nele - ele nunca permitiria que algo desonroso sobre Penelope fosse exposto naquele maldito jornal.

Toda rosa tem espinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora