Capítulo 6

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Colin caminhava de um lado para o outro em seu quarto pouco iluminado, sua mente girando em um turbilhão de emoções conflitantes. A revelação de Penelope ecoava em seus ouvidos, cada palavra gravando-se mais profundamente em sua consciência. Lady Whistledown, a misteriosa e eloquente transmissora dos segredos de Londres, não era ninguém menos que Penelope Featherington. Ele não podia negar o toque de admiração por sua astúcia e a habilidade com que ela havia mantido o panfleto ativo, uma mão oculta guiando as narrativas sociais de Londres.

No entanto, à medida que a admiração se dissipava, um gosto amargo surgia. Foram as palavras de Penelope, suas revelações calculadas, que causaram a dor de Marina. O fim de seu noivado, os sonhos despedaçados - tudo atribuído à tinta que Penelope empunhava. Ressentimento se agitava dentro dele. Por que ela escolheu expor tal segredo publicamente, causando vergonha não apenas à sua prima, mas também a ele? Por que não abordar isso em particular? Será que ela encontrava alegria no caos que ela provocava?

Deveria confrontá-la? Colin hesitava, uma torrente de dúvidas inundando sua mente. Seriam suas palavras genuínas, ou seriam apenas mais uma exibição hábil de manipulação? A mulher que ele achava que conhecia, a amiga que ele acreditava entender, agora era um labirinto de segredos.

Apesar do tumulto, uma parte conflitante dele não conseguia ignorar a excitação que os preparativos do casamento traziam. A perspectiva de um futuro tranquilo ao lado de Penelope parecia tentadora, e ele se viu ansiando pelos dias que compartilhariam. Ele admitia para si mesmo que a desejava. Como não poderia? Penelope possuía um atrativo indiscutível. No entanto, na mesma respiração, ele não conseguia se livrar do sentimento de ter sido enganado, de ter sido feito de bobo.

A dicotomia da natureza de Penelope era evidente. Ela despertava um desejo profundo e primal dentro dele, e ao mesmo tempo, ela o fazia questionar seu julgamento. Ele lutava com a dicotomia de sentir uma atração inegável enquanto se sentia tolo por confiar nela. Traição, essa era a palavra ecoando em seus pensamentos. Penelope o havia traído.

Ele sentou-se na beira de sua cama, encarando o vazio, preso no fogo cruzado de suas emoções. O quarto parecia sufocante enquanto ele lutava para reconciliar os aspectos conflitantes de Penelope que puxavam seu coração. Será que ele poderia deixar de lado as visões de seu futuro, o calor de sua presença que parecia reconfortante até agora?

A ideia de cancelar o noivado não parecia ser uma opção viável. Fazê-lo não apenas exporia Penelope ao escárnio da sociedade, mas também mancharia irreparavelmente o nome Featherington. As consequências de tal escândalo pesavam em sua mente, e Colin sentia um senso de responsabilidade em proteger sua honra, mesmo diante de suas ações questionáveis.

No entanto, não era a primeira vez que sua confiança fora traída por alguém que ele achava que conhecia. A traição de Marina ressurgiu em seus pensamentos. A revelação de sua gravidez, não com seu filho, mas com o de outro homem, fora um golpe angustiante. Se não fosse pelo panfleto de Lady Whistledown expondo a verdade, Colin poderia tê-la casado, felizmente inconsciente da verdadeira paternidade das crianças que criariam juntos.

Ele não pôde deixar de tremer diante da ideia de como sua vida poderia ter se tornado se o peso desse segredo tivesse surgido anos após o casamento. A ideia de criar crianças que não eram suas, sem saber, assombrava sua imaginação, e ele questionava como teria lidado com tal revelação após anos de compromisso.

Enquanto lutava com os ecos assombrosos da decepção de Marina, outra pergunta pairava em sua mente: Será que Penelope também estaria escondendo uma traição profunda por trás de uma fachada de interesse? A incerteza o roía, e Colin questionava a autenticidade dos momentos compartilhados, dos beijos trocados e dos sonhos tecidos juntos.

Toda rosa tem espinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora