Capítulo 20

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A biblioteca, com suas fileiras de livros, servia como um dos santuários queridos de Penélope. Naquela tarde, ela imaginou selecionar um novo romance, acomodar-se em sua poltrona e perder-se nas tramas intricadas dos personagens, uma tentativa deliberada de escapar de suas próprias preocupações.

Seus dedos deslizaram ao longo das lombadas dos livros, procurando um que ainda não tivesse explorado — uma tarefa desafiadora dada a seus hábitos vorazes de leitura desde seu casamento.

Um livro com uma aparência incomum chamou sua atenção. Intrigada, ela o pegou na prateleira, revelando um diário em suas mãos. A curiosidade tomou conta enquanto ela se acomodava em uma poltrona, folheando páginas adornadas com uma caligrafia elaborada. Levou um momento para ela perceber que o diário pertencia a Colin, narrando sua turnê pelo Mediterrâneo.

Surpresa, Penélope fechou o caderno. Parecia um registro pessoal e íntimo das viagens dele. Enquanto parte dela contemplava devolver o diário ao seu lugar, sua curiosidade profundamente enraizada resistia. Ela hesitou, mas acabou sucumbindo ao desejo de saber mais sobre as experiências de Colin.

Apesar da consciência de que estava atravessando uma fronteira delicada, Penélope abriu o diário e mergulhou em seu conteúdo. As palavras fluíam, e a cada página virada, ela sentia um entusiasmo crescente, como se pudesse experimentar as paisagens que haviam deixado uma marca em Colin.

***

Colin retornou de seu passeio, tirando o casaco e o chapéu antes de entregá-los ao serviçal. Ele tinha feito uma visita à casa de sua mãe, onde ela havia solicitado sua ajuda com as lições de canto de Gregory. Esta noite marcava o jantar de noivado de Francesca, e toda a casa Bridgerton estava agitada de expectativa.

Ao entrar na sala de estar, Colin perguntou a Dunwoody sobre o paradeiro de Penelope, recebendo a resposta esperada: ela estava na biblioteca. Um sorriso se formou em seus lábios enquanto ele se dirigia para lá. Silenciosamente, ele empurrou a porta da biblioteca. Lá, no suave brilho da luz da lâmpada, Penelope estava sentada no divã macio, completamente absorta nas páginas de um livro. Sua beleza naquele momento o atingiu com uma força arrebatadora, e ele não pôde deixar de ser cativado pela simplicidade da cena.

Ela vestia um modesto vestido de algodão, o tecido deslizando suavemente por sua figura, e seus cabelos caíam em ondas soltas ao redor dos ombros. Seus pés descalços repousavam confortavelmente no divã, criando uma imagem de tranquilidade doméstica. Penelope estava perdida no mundo das palavras, completamente inconsciente de sua presença.

Colin permaneceu na porta, seu olhar fixo nela, um sorriso caloroso surgindo em seus lábios. Ele admirou a graça com que ela abraçava o ato de ler, encontrando um tipo único de beleza em sua absorção tranquila.

Naquele momento, ele sentiu uma onda de gratidão por tê-la em sua vida. Apesar dos problemas não resolvidos entre eles, a visão de Penelope naquela aconchegante sala de leitura o encheu de um profundo sentimento de contentamento. Ela tinha feito aquele canto da biblioteca seu, sem esforço, e Colin não poderia estar mais feliz com isso.

Enquanto continuava a observá-la, a turbulência de seus problemas não resolvidos desapareceu momentaneamente em segundo plano. A beleza pura e simples de Penelope, absorta na magia da literatura, era um lembrete das pequenas alegrias que os uniam. Colin não pôde deixar de se sentir incrivelmente afortunado por tê-la ao seu lado, e uma determinação renovada surgiu dentro dele para navegar pelos desafios que enfrentavam como casal.

Absorta em sua leitura, Penelope permaneceu alheia ao ranger da porta da biblioteca enquanto Colin se aproximava, surpreendendo-a com sua repentina presença.

Toda rosa tem espinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora