Capítulo 14

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Penelope chegou à residência Bridgerton para o chá da tarde, seus passos cuidadosos e compostos. O envelope, contendo a última publicação de Lady Whistledown, foi deixado com segurança com Madame Delacroix, a modista, em vez de arriscar a desaprovação de Colin ao tê-la visitando sua casa. Prevenção, ela pensou, muitas vezes é mais sábia do que remediação.

Enquanto o mordomo a conduzia até a sala de estar, ela não pôde deixar de ponderar sobre a possibilidade de um dia em que poderia escrever livremente com o apoio de Colin. Ela se perguntou se chegaria o dia em que Lady Whistledown poderia existir harmoniosamente com a vida que ela compartilhava com Colin, onde suas palavras não seriam uma fonte de discórdia, mas sim uma alegria compartilhada entre marido e mulher.

O aroma de chá recém-preparado pairava no ar enquanto ela adentrava o espaço elegantemente decorado. Violet Bridgerton, sentada graciosamente no sofá, olhou com um sorriso caloroso.

— Penelope, minha querida, você chegou na hora certa.

— Obrigada, Violet, — respondeu Penelope, tomando um assento com uma postura composta que escondeu o turbilhão de pensamentos em sua mente. Ela observou a variedade de doces e xícaras de chá arranjados sobre a mesa, momentaneamente distraída de suas reflexões internas.

— Pensei que Colin já tivesse chegado, — comentou, notando que vários minutos haviam passado além do horário do chá e ele ainda estava ausente. Na verdade, achou estranho que apenas ela e sua sogra estivessem presentes naquele momento. 

— Ele deve estar a caminho. — explicou Violet, colocando sua xícara de chá de lado e limpando a garganta brevemente. — Mas me diga como andam as coisas. Está tudo bem entre você e Colin, minha querida?

Surpresa pela pergunta, Penelope respondeu com um aceno rápido. No entanto, um mal-estar repentino se instalou em sua mente enquanto ela se perguntava se Colin havia confidenciado algo à sua mãe.

— Sim, está tudo bem. Por que você pergunta?

— Colin apareceu para o café da manhã ontem, e achei bastante peculiar. Afinal, ele deveria estar em casa com você. Mas então ele explicou que você tinha um compromisso pessoal de manhã, e ele optou por lhe dar espaço. Devo admitir que me pareceu incomum ter um compromisso assim logo no primeiro dia do casamento.

— Ele disse isso? — Penelope não conseguia entender que Colin tivesse proferido tais palavras. Então ele a abandonou em casa e depois inventou uma história para sua mãe, sugerindo que ela tinha priorizado um compromisso pessoal sobre a felicidade recém-casada deles?

Violet assentiu, embora um traço de preocupação ainda permanecesse em seu rosto.

— Está tudo bem entre vocês dois, minha querida?

Agora compreendendo por que era apenas as duas presentes, Penelope percebeu que sua sogra buscava privacidade para uma conversa sincera. Embora ela apreciasse esse gesto atencioso, não tinha intenção de desvendar as complexidades de sua discordância conjugal.

— Está tudo esplêndido, Violet. De fato, eu tinha um compromisso inevitável. Agradeço a compreensão de Colin, — respondeu com um sorriso forçado, ocultando a raiva que ardia dentro dela. — Ele é um bom marido.

A expressão de Violet suavizou quando ela segurou a mão de Penelope.

— Fico feliz em ouvir isso. Eu sei que o casamento tem seus desafios, portanto, é crucial comunicar e entender um ao outro. Se precisar de alguma coisa, não hesite em falar comigo. Estou aqui para ambos.

Penelope conseguiu um sorriso grato, tocada pela genuína preocupação nos olhos de sua sogra.

— Obrigada, Violet. Agradeço sua compreensão e apoio. Vou lembrar disso.

Toda rosa tem espinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora