O Plano Imperfeito

Dezesseis

- Não! Não vamos dormir juntos, pensei que você fosse dormir nas poltronas.

Haviam duas poltronas no quarto, em mal estado, mas Dulce achava mais prudente do que os dois na mesma cama.

- Ah tá, até parece que eu vou fazer isso. Pode ficar tranquila que não vou te atacar.

- Não é isso.... É que não acho certo dormirmos juntos.

Como ela podia explicar que seus pensamentos estavam uma confusão só e dormir com ele na mesma cama só pioraria isso.

- Mas eu ficar no banheiro enquanto você toma banho é de boa? Por favor Dulce, sem infantilidade. Eu vou dormir na cama e pronto!

- Então vamos fazer uma trincheira com os travesseiros e delimitar espaço.

- Como quiser.

Christopher não estava nem ai, o cansaço havia batido e ele só queria dormir um pouco. Os dois fizeram uma trincheira com os travesseiros e Christopher deitou na cama e ficou um tempo olhando o celular.

Dulce por sua vez, ficou sentada levemente desconfortável. Que droga a imagem de mais cedo não saia de sua cabeça!

Ela precisava se acalmar, bebeu a água que trouxe em uma garrafa e muito desconfortável deitou na cama.

- Posso apagar as luzes?

Concordou com a cabeça e assim Christopher fez. O quarto ficou iluminado apenas pela rua que vinha de fora, já que a cortina não era muito grossa. Dulce olhou em direção a janela e podia ver a silhueta de Christopher.

Pouco tempo depois, ela escutou a respiração dele mais lenta e deduziu que havia dormido. Ela porém não conseguia fechar os olhos, e depois de muito tempo e muitas pensamentos malucos, Dulce dormiu.

Muitas horas mais tarde, depois de ter pego em um sono profundo, Dulce acordou no susto ouvindo um barulho. Estava tudo no mais puro silêncio, mas ela escutou passos que achou ser no lado de fora.

Arregalou os olhos e ficou imóvel, os passos continuaram e Dulce sentiu ainda mais medo. Lentamente foi indo para cima da trincheira de travesseiros que haviam formado. Christopher ainda dormir tranquilamente, mas acordou assustado quando sentiu o peso de Dulce sobre ele.

Ela caiu das trincheiras e ficou bem e cima dele. Christopher olhou assustado para cima, a cabeleira de Dulce toda sobre ele como as mãos pequenas dela sobre seus ombros.

- Ta ouvindo esse barulho? - Perguntou ela bem baixinho.

Christopher escutou os passos cada vez mais perto e os dois ficaram imóveis na cama. Não tinham coragem de se mexer ou falar nada.

Quando estava bem próximo os passos pararam e Dulce abraçou Christopher totalmente em cima dele. Ele a abraçou de volta ainda sonolento e tentando encontrar uma razão para alguém estar andando de madrugada no corredor do hotel.

- Eu to com medo! - Disse a ele.

- Não deve ser nada! - Falou para tranquilizar.

Os dois se olharam, a pequena luz que entrava pela janela só marcava a silhueta de cada um. Não era possível ver os olhos, mas dava para ver o contorno da boca que parecia cada vez mais perto do rosto do outro.

Tudo em absoluto silêncio, os dois sozinhos em um quarto escuro, o medo estampado no rosto de ambos e uma vontade louca de se beijarem. Seria isso algo normal?

Dulce pensou em por a culpa no medo, estava com tanto medo que pensou em beijar Christopher para melhorar essa situação.

Ouviram a maçaneta da porta de mexer e então alguém bateu na porta e os dois gritaram e se abraçaram mais forte. Dulce estava totalmente em cima de Christopher, com as pernas em volta da cintura dele e os braços ao redor do pescoço dele.