Trinta e Um

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Quando Christopher viu que Joaquim e Dulce conversavam, ele quis se aproximar, pois apesar de ser seu amigo, Joaquim não era a pessoa mais confiável. Pensou que iria ouvir alguma gracinha do amigo, que estaria dando em cima de Dulce, mas a surpresa foi muito maior.

Ao ouvir o que Dulce dizia, seu coração começou a doer dentro do peito. Era uma armação, uma puta de uma armação que ela fez com ele.

Estava brincando com a cara de Christopher, usando o seu poder sobre ele. O fazendo gostar dela de verdade, para no final se vingar. Tudo o que passaram, tudo o que ele sentiu, tudo o que pensou... Era tudo um plano dela!

Ele estava se entregando de verdade. Puta que pariu! Ele tava apaixonado por ela, essa infeliz havia conseguido o que queria. Mas Christopher, nunca deixaria Dulce saber disso.

Nunca lhe contaria a verdade, que estava completamente apaixonado por ela. Que ela havia o dominado por completo, que todos os dias pensava nela.

Interno!

Como ela conseguiu isso? Como pode ser tão falsa, manipuladora e mesquinha? Havia caído no papo dela, em cada coisa que ela fez. E era tudo mentira.

Sua mente ficou turva de repente, a música parecia sufocante e o local fechado demais. Ele tinha sido enganado, na única vez que havia se apaixonado na vida.

Saiu de perto o mais rápido que pode. Do outro lado do balcão pediu duas doses de vodka, as quais virou de uma vez. Respirou fundo, e tomou ciência de uma coisa: Dulce Maria jamais o veria sofrer.

Nunca havia beijado tantas bocas em uma única noite. Havia dado uma rapidinha no banheiro com duas garotas, e depois recebeu o boquete de uma terceira.

E havia bebido muito! Joaquim e Poncho o tiveram que levar carregado para casa. Quando Christopher caiu sobre sua cama e respirou fundo, ele babava. A mente estava embaralhada, o coração estava quieto.

E mesmo assim seus olhos encheram de lágrimas.

- Te odeio Dulce Maria! - Disse com dificuldade, e logo depois apagou.

No dia seguinte, sentiu a pior ressaca de sua vida. Passou o dia todo vomitando e sentindo uma dor de cabeça horrível.

Não comeu quase nada, não falou com ninguém. No final do dia chegou a conclusão que estava na merda! Era como um filme que viu na infância sobre o primeiro amor, é uma dor sufocante.

Estava sofrendo por amor, com uma ressaca do caramba sozinho em casa. Dulce Maria havia mesmo feito um estrago em sua vida!

Na segunda-feira de manhã, Christopher pensou estar com as energias renovadas, apesar de seu coração estar um caco.

Se arrumou para a faculdade e foi de moto, como todos os dias. Estacionou no lugar apropriado e pegou seus materiais.

Saiu caminhando para a sala de aula, enquanto andava a caminha de sua sala de aula avistou Dulce.

Ela estava de costas pela ele, sentada em uma mesa na cafeteria próxima a sala de aula. De frente para ela estava Christian, que viu Christopher e comentou algo com Dulce que se virou para trás a fim de olhá-lo.

Devia estar rindo dele, contando vantagem para todo mundo. Mas Christopher não iria se permitir sair por baixo, ela poderia rir e pensar que havia ganhando dele, mas em nenhum momento ele deixaria que ela soubesse o que se passava dentro dele.

Saiu caminhando a passos largos, não queria nem pensar em falar com ela.

Logo que entrou no corredor da sala de aula, Alfonso veio ao seu encontro.

- E ai tudo bem? Você exagerou sexta hein?

- É, foi mal cara eu perdi um pouco a mão.

- Foi por causa da Dulce?

- Como assim?

Christopher não havia contando a história dos dois a ninguém, e preferia que ficasse assim. Apesar de não parecer, por dentro ele se sentia um otario que havia caído no papo de Dulce Maria.

Estava provando do próprio veneno, agora havia se dado conta. Quando ele inventou toda a história com Joaquim, Dulce ficou dias se escondendo. E agora ele entendia porque, só de pensar em ser chacota para os outros, já sentia o seu sangue ferver.

Ele mesmo havia feito muitas piadas sobre ela, e rido muito de tudo o que aconteceu, principalmente do final ainda mais deprimente entre Dulce, Joaquim e a mãe dela.

E agora ele se encontrava na mesma situação, sentindo vergonha de si mesmo por ter acredita em alguém. Parabéns Dulce, você realmente soube dar o troco.

Ele sentia raiva e ódio dela e dele. Dela por ter feito uma vingança, e dele por um dia ter brincado com ela. Fora um tolo mesmo, um imbecil da pior espécie, e somente agora se dava conta.

Não tinha mais a garota, talvez nunca a tivesse e tudo porque foi imaturo. Se Christopher tivesse tentado se aproximar de Dulce da mesma forma que se aproximou de Annie, talvez hoje os dois pudessem ser tudo, menos inimigos.

- Eu chamei a Annie para ir encontrar a gente, e ela foi embora assim que chegou porque a Dulce não estava bem. E depois que a Dulce saiu, você virou outra pessoa. - Explicou Poncho.

O que ele podia dizer, a garota havia quebrado o coração dele em público com uma trilha sonora ruim e muito álcool ao redor. Por sorte, ela não sabia disso. Ele pensou rápido e deu um jeito de mostrar que Dulce Maria precisa de muito mais para derrubar Christopher.

Apesar dele se sentir derrotado e machucado por dentro.

- Essa garota me deixa louco...

- Ela deu em cima do Joaquim?

- Não, claro que não. Mas ela não era quem eu pensava que fosse...

- E você estava gostando dela! - Ponhco completou a frase, dando risada.

- Não, de jeito nenhum! Eu não me apaixono, Poncho. Desde que eu tinha dez anos, eu tenho essa ideia na minha cabeça, de não me envolver sério, de não namorar, se não olha o que acontece!

- E qual o problema, Ucker? As vezes é bom se decepcionar um pouco, brigar, se estressar e depois fazer as pazes, ter a companhia do outro, saber que tem alguém por você. A gente mora longe dos pais cara, ter uma companhia perto é maravilhoso!

- Você fala isso porque tá todo apaixonado, mas eu não estou. O meu foco é terminar essa faculdade, entrar na especialização, fazer doutorado. Estudar para caralho, e isso ocupa todo o meu tempo. Nada de namoros.

- Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Você tem medo de se machucar, tem medo do que é esse tipo de amor. E é compreensível, somos jovens. A gente só não pode perder pessoas por esse medo.

- Eu não perdi ninguém! Não to nem ai para a Dulce, e eu juro que não sinto nada. Vou para a aula ok?

Quando Christopher sentou-se em sua cadeira, se deu conta que tremia. Essa era a maior mentira qur já havia contado aos outros e a si mesmo.

Ele amava Dulce Maria, ele queria estar com ela. E ele tinha medo de estar com ela.

Poncho estava completamente certo, Christopher tinha medo do amor. E esse medo poderia fazê-lo perder o amor de sua vida.

***
Tadinho do nosso Chris.... 🥹

O Plano ImperfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora