Vinte e Um

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Alguns dias se passaram e Dulce e Christopher mal se falaram. Os dois estavam cheios de compromissos da faculdade, as provas estavam chegando e também havia muito trabalho para entregar e muitas matérias para ler.

Esse tempo foi bom, assim Dulce pode esquecer um pouco dele e se lembrar que tudo não passava de um armação. Ela não podia envolver seu coração e ficando um pouco longe a ajudava e se lembrar disso.

Depois das aulas do dia, Chriatian ficou no pé de Dulce para irem até clube onde ele faria seu treino de vôlei e depois poderia beber alguma coisa na lanchonete.

Ela não estava muito a fim, estava super cansada dos dias corridos, mas aceitou mesmo assim. Seria bom uma distração, ficou sentada na arquibancada enquanto o amigo treinava com o pessoal.

Estava distraída olhando para o campo de areia ora para a movimentação ao redor. Era quinta-feira e não tinha muitas pessoas por ali, apesar do horário.

Até que ela o avistou. Christopher estava saindo do vestiário conversando com alguns garotos, ele usava uma regata azul e um shorts preto, chinelos no pé e uma toalha em volta do pescoço e os cabelos molhados.

Quando Dulce percebeu estava com o coração acelerado, e o olhar fixo nele. Porque tinha que ser bonito? Porque precisava ser tão gato? Se ele fosse feio, as coisas seriam bem mais fáceis.

Ele a viu também, mas continuou conversando com os amigos como se não a tivesse visto. Não esperava encontrá-la ali, Dulce não era uma frequentadora do clube.

- Eu tenho que ir galera, tenho um compromisso. - Disse Nico colocando a mochila nas costas.

- Tem um encontro é? - Perguntou um dos amigos, zoando com ele.

- Vou encontrar a Maite... - Olhou para Christopher, assim que pronunciou o nome dela. - Como amigos sabe, vamos beber alguma coisa.

- É, eu to vendo que são bem amigos. - Respondeu Christopher fechando a cara. - To de olho em você!

- Relaxa, cara! Até amanhã.

Nico saiu do meio do grupinho, e logo todos se dispersaram. Christopher pensou em ir embora, era o certo a fazer. Ainda tinha coisas para revisar, umas matérias para estudar, iria dormir tarde mais um dia.

Mas algo o prendia ali, ele não queria ir embora. E então seguindo seus instintos, ele caminhou em direção a Dulce Maria.

Começou uma ventania na hora e com os cabelos esvoaçantes, Christopher chegou a acreditar que ela era uma deusa. O seu coração formigou de novo, e ele estava fascinado pela beleza dela.

- Oi. - Disse ao sentar ao seu lado.

- Oi. - Respondeu ela, fingindo indiferença.

- Sabe o que tá rolando entre a minha irmã e o Nico? - Aquele era um ótimo assunto, falar da vida dos outros era melhor do que falar sobre o que quase aconteceu entre os dois.

- Parece que eles iam sair hoje... O que foi vai bancar o irmão ciumento?

- Não, é só que me preocupo com ela. Você não tem irmãos, não é?

- Não, minha mãe nunca mais engravidou e minha madrasta está com dificuldades para ter um bebê.

Dulce gostaria de ter um irmão ou uma irmã, achava que as coisas poderia ter sido diferentes caso houvesse mais uma pessoa. Talvez os seus pais não se odiariam, e talvez a sua mãe tivesse mais responsabilidade.

Não dava para saber, afinal foi um destino que nunca aconteceu. E é por isso que tinha total convicção de que quando formasse uma família, teria mais de um filho e lutaria para que ficassem sempre unidos.

- E como andam as coisas com a sua mãe?

Depois do fatídico episódio de sua mãe e Joaquim, as duas se falaram umas três vezes no máximo. Não poderia ficar brava somente com a mãe, já que Joaquim era um safado que não valia nada.

- Bem. - Foi tudo o que respondeu.

Christopher decidiu não perguntar mais, pois sabia que havia muita coisa entre Dulce e sua família. Os olhos dela entregavam isso, mostrando algo que até então Christopher nunca percebeu.

Apesar de ser uma garota alegre e festeira, Dulce Maria também tinha um lado triste e amargurado. Tinha as suas feridas, os seus momentos, estes que Christopher até então nunca havia visto transparecer nos olhos dela.

- Acho que já vou indo... Tenho muito o que estudar. - Ficou em pé num pulo, e Dulce precisou erguer a cabeça para olhá-lo.

- Eu também já vou.

Os dois pareciam sem jeito, não sabiam o que falar e ele não sabia nem como se despedir. Acabou dando um beijo no topo da cabeça de Dulce e saindo apressado.

Ela ficou o olhando se afastar. Será que haviam voltado para a estaca zero?

****

O final de semana finalmente havia chegado, e isso queria dizer que Christopher poderia descansar um pouco. Combinou com alguns amigos de irem para uma balada do outro lado da cidade.

O local era bem animado, as músicas eram boas e havia muitas mulheres bonitas. Ele estava sentando em uma mesa com sofás de couro vermelho. Na mesa havia um balde de gelo e umas garrafas, quando duas garotas - uma loira e a outra morena - chegaram juntas de um amigo.

- Galera, essas são Lola e Maria minhas amigas da faculdade. Garotas fiquei a vontade.

As duas comprimentaram a todos e se sentaram ao lado de Christopher. Ele deu uma taça para cada e lhes preparou as bebidas.

- Amigas a muito tempo do Tomás, meninas? - Puxou assunto.

- Um pouquinho, a gente teve um lance a um tempo atrás. - Respondeu a que Christopher acreditou ser Lola.

O rapaz olhou para o amigo, que conversa com outra loira e se voltou novamente para as meninas.

- Ainda rola alguma coisa?

- Não, claro que não. - A menina mexeu no cabelo e seu um sorriso convidativo a Christopher.

Essa seria a sua noite, a dias precisava de uma folga e conversas bobas com garotas bonitas. E hoje parecia ser seu dia de sorte, já que as duas pareciam bem interessadas nele.

- Oi Chris! - A outra garota, Maria acenou e sorriu para alguém do bar.

Christopher seguiu seu olhar e encontrou Christian com mais três garotas. Ele acenou de volta. E como se não pudesse ter paz dentro de Christopher, ele imediatamente lembrou-se de Dulce Maria.

Que merda! Estava indo tão bem, os pensamentos bem longe dessa garota. Ele tinha certeza que teria uma noite normal, que beijaria essas meninas e talvez as levaria para a casa. E na manhã seguinte seguiria sua vida, tranquilo e sereno.

Mas é claro que ai tinha que aparecer Dulce Maria na sua mente novamente, e atrapalhar todos os seus planos. Ela havia o possuído. Não tinha outra explicação, jogou uma mantinga tão forte em Christopher, que ele ficou enfeitiçado.

- Que curso vocês fazem? - Perguntou ele.

- Fisioterapia, somos da sala do Christian.

É, claro. Não havia porque ter surpresas, é óbvio que o destino ia colocar no caminho dele, em um sábado a noite, colegas de classe de Dulce Maria.

- Você conhece ele, não é? A Dulce é super amiga da sua irmã.

Christopher suspirou e pegou seu copo da mesa, e voltou a encher de bebida. Seria necessário muita vodka para esquecer essa garota.

- Vocês conhecem a Dulce, então...

- Claro, a gente adora ela!

Os próximos quinze minutos de conversa foi como Dulce Maria era super legal e bonita. E Christopher se viu em uma sinuca de bico, ele não teria paz jamais. Seja lá o que Dulce Maria estava fazendo com ele, estava funcionando.

O Plano ImperfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora