Vinte e três

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Os dois passaram o resto da tarde rindo de uma programa de comédia que estava passando na TV. Dulce fez um lanche para os dois, e quando Christopher deu por si, estava quase agradecendo ao acidente de mais cedo.

Pode parecer uma loucura, mas isso não tivesse acontecido, ele provavelmente nem iria conversar com Dulce depois do jogo. Terminaria o dia bebendo ou em casa sozinho. E dentre essas duas opções, estava preferindo uma terceira, ficar de bobeira no sofá da sala com Dulce Maria.

Se alguém lhe dissesse que eles fariam isso a alguns dias atrás, ele iria rir da cara dessa pessoa e a chamar de louca. Não conseguia definir em que momento foi, mas alguma coisa mudou entre os dois.

E isso era bom, ninguém merece viver apenas brigando com alguém. Ele havia pegado pesado com ela, mas Dulce soube dar a volta por cima de uma forma que Christopher jamais saberia.

- Eu adoro esse episódio, é tão bobo mas é muito divertido. - Disse ela apontando para a TV.

Estava passando Friends a quase duas horas na TV, e Dulce conhecia todos os episódios.

- Não imaginava que você gostava desses tipos de séries.

- Eu amo, Friends é uma das minhas favoritas.

Ela voltou a prestar atenção na TV e em pouco tempo estava rindo alto. Dulce ria sozinha, enquanto Christopher a olhava enfeitiçado.

O som da risada dela provocava um arrepio na pele dele, dava uma sensação gostosa ao coração. Alguma coisa estava muito errada, pois Christopher nunca reparou dessa forma na risada de nenhuma garota.

- O que foi? Porque ta me olhando assim? - Quis saber ela, ficando sem graça de repente.

Christopher a olhava de um jeito diferente, havia alguma coisa em seu olhar que faiscava.

- Não é nada, só acho que gosto dessa nossa amizade. - Respondeu ele.

Dulce concordou com a cabeça e voltou a olhar para a TV. Ela também gostava dessa amizade, mesmo isso parecendo ser um surto. Havia uma vingança ali, mas também havia sentimentos confusos.

***

Na segunda de manhã, como era costume Dulce e Christian se encontraram para tomar um cafezinho, antes de iniciar as aulas.

O garoto estava cheio de novidades sobre seu final de semana, enquanto Dulce não tinha muito o que falar, já que não havia feito nada demais.

Ela podia contar sobre Christopher, mas achou melhor esconder essa informação de todo mundo. Em algum momento os dois se tornaram íntimos, e ela sabia que se contasse a ele sobre isso colocaria em prova se ela estava mesmo se vingando ou se apaixonando.

Mas isso fazia parte do processo, ela precisava se envolver para depois dar o bote. E Christian não iria entender isso, ninguém iria entender.

- E eu tenho uma super fofoca. - começou Christian depois de bebericar seu café preto. - Lola e Maria!

- Ai meu Deus! - Dulce começou a rir. As colegas de classe eram conhecidas por fazer tudo juntas, e também tinham a fama de beber muito e dar trabalho para ir embora das festas.

- Por falar nelas, temos que ver depois aquele trabalho, acho que somos da mesma equipe. - Lembrou-se.

- Ah nem me fale de trabalhos, por favor.

- Então conta a fofoca.

Dulce se inclinou para perto de Christian, morrendo de curiosidade.

- Não sei se vai gostar muito. Eu vi elas na balada sábado, na NY.

- E porque não vou gostar? Só imaginava que elas gostassem mais de balada sertaneja, uns agroboys.

Christian negou com a cabeça e se inclinou para a frente também, com a língua coçando para contar o que viu a Dulce.

- Na verdade, parece que elas gostam mesmo é dos médicos... Eu vi elas indo embora com o Christopher no sábado, e segundo o Tomás as duas foram para o apartamento dele.

Conforme as palavras iam saindo da boca de Christian, Dulce ficava mais alarmada. Então quer dizer que o babaca de Christopher Uckermann, havia ficadibnão só com uma mas com duas garotas no sábado, e no domingo estava com a boca colada na de Dulce Maria, enquanto ela - uma tonta - colocava gelo no ferimento dele.

Foi como um balde de água fria. O que ela estava pensando, que ele gostava dela, que tinha algum interesse? Era óbvio que não, a fama de Christopher já tinha se espalhado por toda a faculdade. Ele não namorada sério ninguém, ele tem apenas uns lances rápidos e só. Está sempre a disposição de qualquer garota, e não seria alguém como Dulce que o faria dormir sozinho.

E ela achando que estava acontecendo alguma coisa. Que havia algo a mais entre eles. Que tola! Tudo o que deveria haver era o ódio da parte dela, a ideia de uma vingança bem dolorosa e somente isso. Ela tinha que rir da cara de Christopher e não se apaixonar por ele.

- Amiga, você ta bem? Meu Deus, que cara de velório, Dul. Sei que é uma fofoca pesada, mas pensa pelo lado positivo quando o Christopher estiver apaixonado por você, nem mesmo isso vai melhorar o humor dele.

- Ele é um babaca! Uma grande babaca e idiota. Eu tenho que fazer ele comer o pão que o Diabo amassou. Ele tem que comer na minha mão, Chris! - A voz de Dulce estava carregada de ódio, mas por dentro ela se sentia triste.

- Calma amiga, ele é mesmo um cafajeste, mas nós não temos nada a ver com isso.

- Claro que temos! É por causa de garotos assim, que garotas como eu ficam trancadas no quarto chorando. Não vou permitir isso, não vou mesmo.

- Acho que foi só coisa de momento. Por isso te digo, essa sua ideia é muito arriscada. Ele não tem interesse sério em nenhuma garota Dul, e todas sabem disso. Você acha que Lola e Maria estão tristes ou decepcionadas? Eu aposto que elas estão felizes, pois ficaram com o cara mais gato da faculdade, e vai saber tudo o que ele faz e não faz em quatro paredes.

Elas poderiam estar felizes, mas Dulce não estava nenhum pouco. Havia um gosto amargo em sua boca, e sua pulsação estava mais forte. Que ódio! Ela estava sentindo ciúmes!!!

Os dois saíram da cantina caminhando, enquanto a ruiva ficou em silêncio tentando digerir as informações.

Ao chegarem na rampa de entrada do prédio das aulas, a única voz que ela não queria ouviu chamou seu nome.

- Oi Dulce, posso falar com você rapidinho?

Era Christopher, com o olho levemente inchado e os pontos a amostra. Ela olhou para ele de cara fechada, e Chriatian deixou os dois sozinhos.

O Plano ImperfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora