Seis

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Minutos mais tardes Dulce Maria entrou em casa sorrindo sozinha. Encontrou Maite sentada na mesa da cozinha com vários livros aberto sobre ela, canetas espalhadas e o notebook ligado.

May era estudante de Letras, e nas horas vagas dava aula de piano para alguns vizinhos. A escolha de sua faculdade causou muita briga em seu casa, já que seu pai queria que os filhos seguissem sua profissão e Maite, como a ovelha desgarrada não acatou a decisão.

Sua vontade mesmo era conseguir publicar alguns livros. Passava muito tempo trancada no quarto, em seu mundinho escrevendo. Dulce já leu alguns poemas da amiga, e ve nela uma possível grande artista.

- Oi May!

- Nossa ta feliz é? É bom te ver sorrindo assim. - Foram dias tristes para as três, quando Dulce se trancou no quarto e só chorava por um babaca que não gostava dela.

- Encontrei o seu irmão!

- E ainda tá sorrindo?

Maite já precisou intervir muitas vezes nas brigas de Dulce e Christopher. E até pediu por um tempo, para o irmão evitar ir visitá-la, já que suas visitas sempre acabam em implicância de um com o outro.

- Sabe, acho que vou tentar ser um pouco mais boazinha com ele.

Jogou um verde para May, ela não estava sendo boaiznha somente inteligente. Se todo mundo achasse que ela estava sendo legal com Christopher, ninguém iria estranhar caso visse os dois em momentos comprometedores.

- Quem é você e que o fez com a Dulce que eu conheço? - A morena parecia bem surpresa e impressionada.

- Acho que essa personalidade combina mais com o meu cabelo. Agora preciso tomar um banho, boa noite lobinha!

Seu cabelo novo seria como sua capa, um manto do qual Dulce ficaria escondida. Onde iria apenas atacar e não dar tempo para ser atacada de volta.

- Boa noite, lobinha!

Seguiu para o banheiro, tomou um banho relaxante e durante todo o tempo ficou lembrando dos olhos de Christopher.

Ele ficou muito surpreso com a atitude dela, e isso foi ótimo pois o pegou desprevenido e não teve tempo de pensar em como se defender. Mas será que ela estava certa, ele realmente via ela com outros olhos?

Não, claro que não! Ele era só muito mal mesmo e queria brincar com o coração de Dulce. E agora era a vez dela brincar com ele.

O que Dulce não imaginava é que Christopher também estava pensando nela.

Quando Christopher chegou em casa, organizou tudo para começar a revisar as matérias do dia, como fazia de segunda a quinta na parte da noite.

Porém, assim que começou a revisar suas anotações a imagem de Dulce tomou sua mente. O top azul que usava, sua pele suada, seu perfume misturado com o suor, a boca sexy dela. Por Deus que tipo de pensamentos eram esses?

Aquela infeliz havia conseguido o que queria, e alugou um triplex na cabeça de Christopher. Ele não a desejava, não mesmo.

E não deveria ficar pensando nela, não tinha nem cabimento uma coisa dessas. Os dois eram diferentes, ele só quis brincar com os sentimentos dela. E foi Joaquim quem quebrou seu coração e não ele.

Christopher não era capaz de fazer isso, até porque nunca deu abertura para as garotas, como fazia Joaquim. Para ele era alguns beijos, uma transa e tchau. Não havia essa de fazer joguinhos, de deixar se envolver. Tudo era superficial, pois ele não tinha tempo para nada mais profundo.

Havia porém, uma única exceção. No momento era a única opção para Christopher apagar a conversa ridícula que teve poucas horas antes.

Paola a vizinha de Christopher, era pelo menos oito anos mais velha que ele. Uma mulher mais velha e muito atraente era a distração perfeita.

Em algumas noites, os dois visitavam o apartamento um do outro. Paola era uma mulher solteira que morava sozinha, e gostava da companhia de Christopher. Os dois eram amigos, e também amantes.

E havia um combinado que isso nunca deveria deixar de ser carnal. Apenas uma coisa de momento, uma sexo casual que não evoluirá para nada. Ela aceitou de boa, afinal ele não era o única que visita o apartamento dela. E há quase cinco meses, nas noite mais solitárias Christopher a procurava.

- Ucker! - disse ela logo após abrir a porta. - Não esperava você por aqui hoje.

- Tem compromisso?

- Por sorte não. Entra docinho, sua cara não está nada boa.

Ele entrou no apartamento, a maioria das luzes estavam apagadas e a TV estava ligada em algum filme que Christopher não conseguiu identificar qual era.

- Foi um dia bem cheio, então pensei que a gente podia jantar juntos. Preciso relaxar.

Sem cerimonias ele tirou os chinelos e se sentou no sofá da sala dela. A mulher, alta, morena e curvilínea se aproximou dele, se abaixou a sua frente e sorriu.

- Você deu sorte, também estou precisando relaxar.

E o beijou. Um beijo avassalador com muita língua e mordidas, sem dúvidas o melhor beijo que Christopher já experimentou, vindo de uma pessoa experiente e que sabia como dar prazer a um homem.

Ela pulou no colo dele, e a camisola que usava subiu um pouco. Christopher passou a mão por suas pernas e voltou a beijá-la.

Enquanto os dois se pegavam loucamente no sofá, a coisa mais bizarra aconteceu: ele pensou em Dulce, mais uma vez.

O que havia acontecido com Christopher, enlouquecido de vez?


***
O pobi do Christopher, isso que a Dulce ainda nem começou o seu plano direito 🤭

O Plano ImperfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora