Dois

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Um mês depois.

- Chega! - uma cabeleira loira invadiu o quarto de Dulce Maria em um sábado de manhã.

O último mês de Dulce foi bem deprimente. Ela faltou quase uma semana nas aulas, e passou dois dias chorando sem parar. Depois ela quebrou algumas coisas no quarto, apagou o contato de Joaquim, e chorou mais um pouco.

Na faculdade o garoto tentou falar com ela um milhão de vezes e ela o ignorou em todas. E ainda teve de vê-lo cumprindo sua parta da aposta usando o uniforme do mascote da atlética universitária.

Christopher nem tentou falar com ela. O que Dulce ficou sabendo, já que Maite - sua colega de quarto - é a irmã mais nova dele, é que sofreu uma luxação no nariz e precisou ir ao hospital.

Dulce não se arrependeu. Na verdade achou bem feito, e também não fez questão de falar com ele. Nos últimos tempos não estava fazendo questão de falar com ninguém.

Tudo o que queria era curtir sua fossa em paz, e ficar trancada no quarto ouvindo músicas tristes e chorando sempre que quisesse.

- Me deixa Annie, por favor! - Reclamou ainda na cama, cobrindo o rosto com o cobertor.

- Você esta trancada nesse quarto quase o mês inteiro e tudo por causa de um babaca. Chega disse Dul, sofrimento tem limite.

- Eu sou assim, não consigo simplesmente virar a página.

- Mas hoje você vai virar a página, ou não me chamo Anahí! - A garota falou decidida e puxou o cobertor da cama de Dulce. - Levanta! Hoje é seu recomeço!

Dulce Maria sentou-se na cama um pouco assustada, a estudante de Arquitetura não era de falar duro. Das três amigas, Anahí era a mais mole, a do choro fácil e histeria. Mas também era a mais doce e compreensiva.

A morena encarou a loira sem querer levantar, desde a tarde de ontem Dulce não saia do quarto. Não havia jantado, e depois de fazer a burrada de ver as últimas publicações de Joaquim, foi dormir chorando.

Ele havia esquecido dessa história toda enquanto ela ainda se sentia dolorida e triste.

- Não quero sair Annie, me deixa por favor. - Tentou mais uma vez fazer a amiga ir embora.

- Já te deixei tempo demais, agora chega desse chororô. Eu tenho a resposta para essa sua sofrência, não sei como não pensei nisso antes.

- E qual seria? - Perguntou Dulce levemente curiosa para o que viria a seguir.

- O que uma mulher precisa fazer para se livrar de uma fossa? - A pergunta foi retórica. - Cuidar dela mesma, se dar uma nova chance, fazer uma mudança... Ou seja, ir ao cabeleireiro e ganhar um dia de cuidados. E nós temos horário as dez horas, então anda logo.

Dulce esfregou os olhos e olhou de novo para a amiga, tentando entender se era mesmo real.

- Tá falando sério?

- É claro que sim, anda logo e só me agradeça ao fim do dia, por favor. Você tem dez minutos!

Anahí saiu do quarto e encostou a porta. Dulce pensou por alguns segundos, o que ela tinha perder? Talvez um dia no salão fazendo o cabelo e as unhas a ajudasse.

Se levantou, pegou uma toalha na gaveta da cômoda e foi tomar um banho. Quinze minutos depois ela e Anahí estavam saindo do apartamento a caminho de um salão de beleza.

A animação de Dulce não chegava nem aos pés da de Anahí, que foi tagarelando o caminho todo e com um sorriso enorme. Era hora de tirar a amiga desse sofrimento sem fim. Anahí já tinha antipatia por esse Joaquim e agora ela o odiava, e ainda tinha Christopher.

O Plano ImperfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora