Trinta

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Dulce foi até o banheiro se recuparar da conversa com Joaquim. Foi desconfortável, e ela já não estava mais no clima para ficar ali. Queria ir para casa e colocar os pensamentos em ordem. Onde tudo isso iria a levar?

Talvez fosse hora de repensar a rota, e ser mais honesta consigo e com Christopher. Saiu do banheiro e foi procura-lo, iria avisar que iria embora.

Ele não estava na mesa com os meninos, e Dulce deu algumas voltas no local a sua procura. Não estava em lugar nenhum, até que ela avistou uma cabeleira loira beijando um cara e depois se afastando.

Aos pouco em que Dulce se dava conta de quem era o homem que a mulher beijava com tanta intensidade, sentiu seu mundo ir desabando um pouco. Era como um flash back, mais uma vez em um bar, mais uma vez um cara que ela gostava beijava outra estando com ela.

Seus olhos se encheram de lágrimas, mas ela não se permitiu chorar naquele momento. Se aproximou e puxou Christopher pelo braço, ele se afastou um pouco da loira, mas não parecia nada surpreso.

- O que é isso? - Perguntou ela.

- Um beijo, não viu? O que você quer? - sua voz era tão fria, que Dulce sentiu um arrepio pelo corpo.

- Como assim? O que ta acontecendo?

- Acontece Dulce, que você precisava ser muito mais do que é para me fazer cair de amores por você. Lamento gata, mas o seu plano foi por água a baixo. Você acha mesmo que eu ia me apaixonar por você?

Ela estava tão perdida, que seus pensamentos não acompanhavam o que estava acontecendo.

- Você ouviu?

Ele confirmou com a cabeça.

- Mas foi bom, assim não sinto remorso de te dispensar. Sabe como é né Dulce, eu não curto esse lance de amor. Agora se me der licença, como você pode ver a minha noite ficou bem melhor agora.

Christopher olhou para a moça com quem estava abraçado e voltou a lhe beijar, deixando Dulce chocada e em pedaços.

No final, Christian estava certo, quem acabou se machucando foi ela. Que idiota e tola, como conseguiria enganar um homem sem se envolver com ele.

Dulce foi tola, muito burra e ingênua. Achou que tinha um poder que não cabia a ela. Ele tinha razão, ela não era uma mulher suficiente para mudar alguma coisa em Christopher.

Saiu derrotada, sentindo o que era para ele sentir. O coração dilacerado, as lágrimas ensinando para sair. Conforme caminhava por aquele bar, sentia o lugar a sufocando, a música atrapalhando seus pensamentos, a escuridão atrapalhando seu olhos.

Havia perdido o chão mais uma vez, e dessa vez a culpa era dela mesma. Estava andando meio perdida procurando a saída. De repente o lugar parecia um labirinto, e ela não sabia como sair dali.

Uma pessoa parou em sua frente segurando seu braço.

- Annie. - Ficou surpresa ao ver a amiga ali.

- O Poncho me chamou, disse que você estava aqui também. Você tá bem?

As palavras foram o suficiente para Dulce desabar e deixar as lágrimas que tanto seguravam.

- Me leva embora daqui Annie, por favor.

Anahí atendeu ao pedido da amiga e as duas foram embora. Assim que Dulce entrou em casa se jogou no sofá e pode chorar em paz.

A amiga ficou olhando a cena sem entender muito bem, mas logo uma coisa lhe passou pela cabeça.

- O que houve, Dul? O Joaquim fez alguma coisa?

Sabia que o menino estava na cidade, e um encontro entre os dois poderia não acabar bem. Apesar de Dulce nunca mais ter o mencionado, Annie não sabia o que passava em seu coração.

Maite apareceu na sala, após ouvir as vozes das meninas.

- Oi gente, o que aconteceu?

Não tinha como fugir, era a hora de confessar tudo para as amigas, e confessar algumas coisas para si mesma.

Se sentou reta no sofá e abraçou as pernas.

- Preciso contar uma coisa para vocês.

As meninas se sentaram no sofá ao lado de Dulce e ouviram atentamente tudo o que ela lhes contou. Explicou como tudo começou, o que pensou ao se aproximar de Christopher, e como achou que essa história iria terminar.

O que Dulce não calculou, é que não havia como controlar seu coração. Ela era uma menina ingênua, que acredita no amor. E era extremamente suscetível a ele.

No início as coisas até poderia dar certo, se ela não tivesse se permitido conhecer um outro Christopher. Um cara sensível, divertido, e com muita pegada. Se ela não tivesse abaixado a guarda, talvez as coisas não terminariam assim.

Pensou que iria humilhar ele, que sairia por cima. Que ele é quem ficaria sem chão, que iria voltar para casa atordoado. E no final isso estava acontecendo com ela.

O jeito como cuspir as palavras, como foi indiferente a ela. Dulce jamais esqueceria o olhar dele. Isso era mais uma lição para ela, estava na hora de colocar armaduras em seu coração. Chega de sofrer por pessoas que não merecem!

- Só não entendi uma coisa - disse Maite, - se você tentou seduzi-lo e ele descobriu e fez uma cena, é porque ele ficou bem chateado e provavelmente tava levando a sério isso. Então meio que o sou plano deu certo. Se deu certo, porque você ta chorando?

Dulce ficou em silêncio por alguns instantes. Encarava o chão sem ter coragem de olhar para as amigas. Ela não queria assumir nem para si mesma. Não podia falar em voz alta o quanto foi tão boba, o quanto se perdeu na personagem.

Anahí colocou a mão sobre a dela e disse da maneira mais clara possível:

- Você estava gostando dele, não é?

A ruiva confirmou com cabeça e foi abraçada de lado por Annie.

- E agora eu coloquei tudo a perder. O Christian estava certo, eu não deveria nunca ter feito isso. Olhem só para mim, mais uma vez gostando de um cara que não gosta de mim.

Quão patética podia ser, agora Dulce sentia dó dela mesma. E ela odiava sentir dó de si, foi ingênua por sua própria culpa. Entrou na cova de leão porque quis, e agora teria que viver com as consequências.

- Ai amiga.

- Sinto muito, Dul.

Maita também a abraçou, e as três ficaram o tempo que Dulce achou necessário até conseguir parar de chorar. Mesmo errando tão feio, ela ainda tinha as amigas por perto.

***
Agora é só ladeira abaixo... 🫣

O Plano ImperfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora