Trinta de quatro

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Uma semana e meia depois, Dulce Maria já estava surtando de ficar em casa e aceitava qualquer tipo de atividade que pudesse ocupar seu tempo, como um piquenique de férias de alguns professores que seguiam na faculdade.

O convite veio de uma de suas professoras mais queridas e possivelmente sua orientadora de TCC. Ela não tinha nada para fazer e quando recebeu a mensagem aceitou na hora.

Se encarregou de levar a maioria das coisas e de chegar mais cedo para organizar tudo. Seria no enorme gramado do campus próximo aos laboratório. O pessoal gostava de fazer piquenique por ali, a grama era baixinha e havia muitas árvores ao redor com bastante sombra.

Como estava frio o objetivo era ficar no sol mesmo, Dulce estendeu algumas toalhas que outras professoras trouxeram. Espalhou as guloseimas sobre uma mesa grande de concreto que havia bem próximo. Forrou com uma toalha quadriculada e com a ajuda de alguns alunos da residência, Dulce ajudou a ajeitar tudo.

Isso era ótimo ocupou bastante tempo e Dulce pode se distrair um pouco. Havia alguns estudantes de um grupo de estudo tirando fotos e conversando, e também de alguns projetos que estavam rolando mesmo nas férias.

O piquenique começou as 15 horas, e Dulce amou o tempo que pode socializar. Conversou com quase todos os professores ali, comeu um pouco de tudo que havia na mesa e pediu até a receita de uma torta de framboesa divina.

Conversou com o pessoal que já estava no doutorado, com colegas de curso que não tinha muito contato, e até com pessoas de outros cursos. Estava sendo uma tarde agradável.

Em um momento, sua professora lhe chamou e ficaram um tempo conversando.

- Quero te apresentar meu marido, ele também é professor.

Um homem alto usando jaleco estava se aproximando dela, quando alguém o interrompeu. Dulce suspirou, é claro que algo teria que estragar sua tarde maravilhosa.

Christopher Uckermann apareceu em seu campo de visão, conversando com o tal professor. Os dois foram caminhando em direção as duas, e Dulce sentiu vontade de sair correndo. Mas ao contrário disso, ela ficou parada com um sorrisinho no rosto.

- Dulce quero te apresentar o meu marido, Dr Willian. Wil, essa é uma das minhas alunas, a Dulce.

- Que coincidência, ia fazer a mesma coisa. - O homem de cabelos grisalhos sorriu. - É um prazer conhecer você, Dulce. Querida - Olhou para a esposa. - Esse é meu aluno Christopher, Ucker essa é minha esposa, Professora Marisol.

Dulce cumprimentou o professor com um aperto de mão, e Christopher fez o mesmo com a professora. E então os dois se olharam, totalmente sem jeito, e se cumprimentaram com um aperto de mão.

- O Christopher é irmão de uma amiga minha. - Explicou Dulce.

- Ah que ótimo, vocês se importar de ficarem sozinhos um pouquinho? Preciso falar com você, querido.

Os professora se afastaram, e Dulce e Christopher ficaram lado a lado os olhando de longe. Ela suspirou fundo, pronta para inventar qualquer história para sair logo dali.

- Não sabia que já havia voltado as aulas. - Disse ele puxando assunto.

- Não voltou, mas eu estava muito entediada e me ofereci para ajudar.

Os dois se olharam brevemente, e logo depois voltaram a olhar em volta. O coração de Dulce estava acelerado, e ela sentia que deveria pedir desculpas pelo último encontro. Mas será que isso seria mesmo o certo?

Ao que parece era só ela que conhecia essa palavra. Christopher nunca demonstra arrependimento de nada, e isso a deixava confusa. Talvez o melhor seria não falar nada e esquecer de tudo o que aconteceu.

Mas era tão dolorido esquecer. Não havia um dia se quer que não pensasse em Christopher, que não desejasse que tudo tivesse sido diferente. Ela não podia mudar o passado, mas poderia mudar o futuro.

- Christopher...

- Oi? - Ele se virou para olhá-la.

- Não quer comer alguma coisa? Você deve estar com fome...

Não era sempre que Dulce Maria conseguia ser tão corajosa quanto pensava. As palavras não saíram de sua boca.

- Ah claro, acho que vou pegar alguma coisa, vou demorar para ir embora ainda.

- É bom que você ocupa o seu tempo, eu meio que ando perdida por ai.

- Você já vai embora?

- Vou ajudar o pessoal a arrumar tudo antes de ir.

Ele concordou com a cabeça, pensou que poderia sugerir um jantar depois mas não sabia se seria uma boa ideia.

- E o Poncho, não tá participando desse projeto?

- Não, ele quis tirar uns dias de férias, ficar com a mãe dele. - Explicou.

- Fiquei sabendo que ele passou uns dias com a Annie e conheceu os pais dela.

- O Poncho é um bobo! - Christopher negou com a cabeça enquanto dava um sorriso idiota.

- E porque?

- Porque estamos indo para os último anos, vamos estudar para caralho e ele vai arrumar uma namorada para lhe dar mais dor de cabeça.

Dulce cruzou os braços e respirou fundo, ainda bem que ela não disse nada. Não adiantaria, ela e Christopher não daria certo, principalmente por conta desse pensamento ultrapassado dele. Os dois não combinavam, ela era sonhadora e apaixonada e ele era racional demais.

- Alguma pessoas não veem o amor como uma dor de cabeça!

Só então Christopher se deu conta do que havia dito. Burro! Era melhor ter ficado quieto, era a primeira vez que falavam em semanas e ele tinha que falar a coisa errada.

Era o que pensava na verdade. Não importa se quissesse maquiar isso, sentia sim que ter uma namorada era mais uma dor de cabaça, mais um problema a se pensar.

Mas ao mesmo tempo se pensasse nos momentos que passou com Dulce, na forma como o seu coração ficava ao olhar para ela, lhe vinha a cabeça que talvez não fosse tão horrível assim.

- Não foi isso que eu quis dizer....

- Eu entendi o que você quis dizer Ucker, e ta tudo bem. É seu jeito de pensar, não é? Fica tranquilo, ninguém vai ser mais uma dor de cabeça para você.

- Não é isso, Dul mas acontece que...

- Eu vou precisar ajudar um pessoal ali, depois a gente conversa beleza?

Dulce saiu caminhando em direção a um grupinho de garotas. Merda! Christopher havia desperdiçado mais uma chance. O que há de errado com você, cara?

***

O Plano ImperfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora