Sete

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No final de semana haveria uma festa de despedida para Joaquim, que partiria para o intercâmbio em Londres. Dulce ficou sabendo por conta dos fofocas de corredor, pois não havia sido convidada é claro, e também não fazia muita questão.

Mesmo com tudo o que havia acontecido, ainda se sentia mal em relação a Joaquim. De Christopher ela tinha ódio, muito ódio. Mas com Joaquim ela se sentia triste, uma parte de seu coração ainda tinha esperança que ele mudasse e lutasse por ela.

Era uma tola apaixonada, o garoto estava indo para outro país sem dar a mínima para ela. Dulce não sabia ser de outra forma, e por isso tinha que usar Christopher como um ensinamento de como deveria ser com os homens.

Eles é quem deveriam sofrer e é isso que ela faria com um deles.

Estava sentada em um dos banquinhos da faculdade, segurando seu jaleco nos ombros e esperando dar o horário da aula.

Christian apareceu de repente e se sentou ao lado dela.

- E ai, vamos a essa festa ridícula?

- Não é só para convidados?

- Não, vierem me oferecer um convite agora pouco. Parece que vai ser na Taberna e vai ser open de bebida até a meia-noite. Mas você sabe né, vai ser bebida ruim a comida é quase o preço de um rim, e por mim esse garoto já vai tarde.

Christian era sempre muito expressivo e não conseguia disfarçar o que pensava. Dulce achava engraçado o jeitinho dele, e o amava ainda mais por isso.

- Acha que devemos ir? Sei lá, mostrar que estamos na melhor.

O garoto olhou para ela por alguns segundos e então lhe contou realmente a verdade:

- Vou assumir, foi o Franco quem me chamou, lembra dele? Aquele gato de Agronomia.... Ah amiga é difícil dizer não, mas por você eu digo!

De todos, Christian era quem tinha a vida amorosa mais agitada. Dulce foi apaixonada por um mesmo garoto um tempão, Annie não é muito boa com paquera e Maite está concentrada em outras coisas.

No fim, Christian era o que mais saia com garotos, começava e terminava namoros e sempre contava tudo para as amigas.

- Ta doido, Chris? Pode ir, na verdade estava pensando em ir também, posso aprontar alguma com Christopher.

- Meu Deus, você ainda não esqueceu isso?

- Claro que não, o meu plano está só começando. Ontem tive a minha primeira vitória! Você tinha que ver a cara dele, fui sexy, intigante e ainda coloquei caraminhola na cabeça dele.

- Você é doida Dulce Maria! - Riu da amiga.

Os dois não decidiram nada, mas Dulce insistiu que Christian deveria ir a tal festa no final de semana. Ela ainda ira pensar se valeria mesmo a pena, não queria se chatear mais com essa história.

O horário de início da aula chegou e os dois se levantaram a caminho da sala de aula. Na entrada no prédio passaram por Christopher e Joaquim que estavam parados conversando na rampa de entrada.

- Ei, Dulce posso falar com você? - Pediu Joaquim.

A ruiva parou de andar imediatamente assim que ouviu a voz do rapaz. Seu corpo tinha que parar de se afetar tanto assim, ficava óbvio que ainda não havia superado por completo.

Fez um sinal para Christian que ele poderia ir andando e se virou para Joaquim. O garoto se aproximou dela com um sorriso no rosto.

- você está bem? - Perguntou ocasionalmente.

O que ele queria que ela respondesse? Que sim, depois dele tê-la enganado de todas as formas possíveis, e brincando com os sentimentos dela, estava muito feliz.

- O que você quer? - Cruzou os braços esperando uma resposta.

Joaquim pareceu sem graça, não esperando que essa fosse a reação dela. É claro, estava acostumado com a Dulce bobinha que falava "amém" para tudo o que ele dizia.

- No sábado vai rolar uma festa de despedida, vai ter um DJ top, o mascote da atlética vai ta lá também e vai ser open bar... Eu gostaria que você fosse.

Ela franziu a testa, ele estava a convidado para uma festa, de uma viagem que ele sabia a tempos e nunca contou a ela, e depois de ainda tê-la feito de palhaça.

- Quero dizer, sei que agi muito mal com você. E te peço desculpas mais uma vez, mas vou ficar um ano fora e não queria ir embora assim.

Parecia ser sincero nas palavras e isso deixava Dulce ainda com mais ódio. Ela não conseguia odiá-lo, pelo contrário o seu coração ainda estava disparado por esse babaca e ela estava pronta para dizer sim, que ia, que o perdoava e o que mais ele pedisse.

Como pode ser tão tonta assim? Ele só sente remorso e mesmo assim ela se derretia por ele. Patética Dulce Maria, no mínimo patética.

- Era só isso? - Consegui dizer. Por dentro poderia ser mole igual manteiga derretida, mas por fora não deixaria transparecer.

- É só isso. Você vai?

- Não sei, vou pensar.

Ele concordou com a cabeça e ouviram um assobio. Próximo a eles, Christopher olhava para os dois e fez um sinal para Joaquim.

- Preciso ir.

- Claro, as cadelinhas sempre vão quando o cachorro chama.

Christopher estava longe e não podia ouvir a conversa, mas com certeza sabia o que Joaquim queria falar com ela. A raiva por ele só crescia, e ela precisava encontrar um jeito de extravasar tudo isso.

Era tudo culpa de Christopher, é claro que Joaquim não era um santo, mas foi Christopher que fez a cabeça dele. Ela tinha certeza disso. Ele deve ser falado tanto que o convenceu.

Tinha ódio dela, uma antipatia recíproca. E ontem ela acreditou ter tocado na ferida, talvez Christopher tinha inveja de Joaquim e usou Dulce para atingi-lo.

Ou talvez tenha ódio de Dulce, que usou Joaquim para machucá-la. De qualquer forma ele foi podre, por isso Dulce tinha que fazê-lo pagar da mesma forma.

Ele precisa sofrer por amor para aprender o que fez com ela. Para entender o que é isso.

- Dulce, sobre o Christopher... - Começou dizendo, mas pela fez sinal para ele parar.

- Pode deixar Joaquim, que com o Christopher vou me resolver sozinha!

Sem se despedir Dulce deu as costas a Joaquim, e foi a caminho de sua sala de aula. Quando se deu conta percebeu que tremia levemente.

Antes de entrar na sala, parou na porta e respirou fundo. Ela precisava esquecer esse cara, de qualquer jeito. E ao que parece no momento, a forma de se distrair sobre Joaquim era pensar em Christopher.


O Plano ImperfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora