Trinta e três

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Depois daquele dia Dulce e Christopher não se falaram mais. Ele foi passar uns dias com a família em férias e ela ficou em casa sozinha.

Era duplamente horrível ficar tantos dias sozinhas. Primeiro que ela já estava acostumada com a rotina com as amigas, e segundo que agora ela tinha tempo para ouvir seus pensamentos. E não eram pensamentos legais.

Todos os dias ela se lembrava da última conversa com Christopher, e se perguntava se um dia tudo isso poderia acabar bem. Estava provado que os dois não dariam certo.

Pelo visto, não havia nada certo entre eles. Como amigos nunca conseguiram chegar a lugar nenhum, e como namorados as coisas ficaram ainda piores.

O jeito era ficarem o mais longe possível e superar tudo isso. Dulce havia esquecido Joaquim, colocando Christopher em sua vida. Agora era hora dela esquecer dos dois, colocando apenas ela em primeiro lugar. Parecia um bom começo.

***

Em casa Christopher tentou espairecer, ficar junto dos pais, principalmente da mãe já que o pai era muito ocupado. Aproveitar os momentos em família e manter os pensamentos silenciosos. Mas não era tarefa fácil.

Em alguns momentos as palavras de Dulce ecoavam na cabeça dele. Ele sentia uma espécie de arrependimento e tristeza. Arrependimento por não ter pedido desculpas, não ter esclarecido as coisas com ela. E tristeza por tê-la feito sofrer dessa forma.

Foi um completo babaca. Duas vezes. Ele tinha errado com ela da primeira vez com a história do Joaquim, e havia errado com ela novamente por não assumir o que realmente havia acontecido.

Ela tinha o machucado e ele estava apaixonado por ela. Mas Christopher não era capaz de dizer isso em voz alta, de revelar para todo o mundo o que sentia de verdade. E tudo por medo.

Era um tonto que não tinha coragem de assumir os seus próprios sentimentos e isso estava acabando com ele.

- Daqui a pouco começa a sair fumaça. - Ouviu a voz de Maite vindo da porta do quarto.

Estava deitado na cama com a porta aberta e os pensamentos muito longes. Fez sinal para May entrar e se sentou na cama.

- Não vi você chegando. Quer alguma coisa?

- Vim te chamar para jantar. E também para dizer que as vezes você pode parar de pensar e falar sobre o que pensa.

Christopher revirou os olhos, não havia um único dia que Maite não tentava conversar com ele sobre Dulce. Essa era uma das lições sobre não ficar com amigas da irmã, depois precisava ficar ouvindo sobre elas quando não queria.

-Já disse que não quero falar sobre isso, May.

- E porque não? Ucker, não entendo se você gosta dela e ela gosta de você porque não podem tentar ficar juntos?

- Ela não gosta de mim! - Respondeh mal humorado.

- Por Deus, quantas vezes vou precisar dizer que sim ela gosta, e ela está sofrendo igual a você. Sério, para de ser cabeça dura. O que precisa acontecer para que vocês possam conversar como pessoas civilizadas?

- Sinceramente, não sei. O que sei é que isso não daria certo, ela não está a fim de mim e eu também não estou a fim dela, e agora vamos cada um seguir as nossas vidas.

Ele só queria por um fim naquela conversa e depois silenciar a sua cabeça. Christopher só queria paz, mas desde que Dulce Maria chegou em sua vida ele só tinha o contrário disso.

- Você é muito cabeça-dura! Não falo mais nada, mas não espere ela seguir a vida para você perceber que fez uma burrada.

- Porque não vai encher o saco dela? Ela quem tentou me passar a perna May, foi ela que fingiu uma coisa que não era.

- Christopher pelo amor de Deus, você sabe que isso é mentira. Ela pode até ter começado tudo isso mentindo mesmo, mas você sabe muito bem que depois tudo o que ela fez passou a ser verdade. O jeito que você conduziu essa situação foi totalmente errado...

- Você só sabe me criticar. Porque não vai lá ficar com a sua amiguinha?

- Eu to tentando enfiar um pouco de razão na sua cabeça, mas é claro que isso não vai dar certo. Você é mesmo muito imaturo!

A morena saiu do quarto batendo o pé e Christopher jogou uma almofada que estava sobre a cama no caminho que ela percorreu. Que inferno! Nem dentro e nem fora de sua cabeça ele tinha sossego.

E o pior é que Maite estava coberta de razão! Mas ele não queria dar o braço a torcer, não iria atrás de Dulce e nem falaria tudo o que pensa dela.

Primeiro Christopher teria de resolver essa questão com ele mesmo. E se ele se declarasse, contasse tudo o que já passou no seu coração o que aconteceria depois? Ele queria uma namorada? Queria alguém que exigiria seu tempo e sua atenção?

E se ela não quisesse mais saber dele, se o dispensasse, o que ele ia fazer? Christopher nunca lidou com a rejeição. E se as coisas não dessem certo e atrapalhasse seus estudos?

Eram muitos e "se" e no momento ele não estava interessado em saber sobre nenhum deles. Quanto mais pensava mais confuso ficava.

Pegou o celular para tentar se distrair, e foi surpreendido com uma foto so perfil de Christian junto de Dulce e alguns drinks em uma mesa de bar. Parecia não ser antiga apesar da legenda "tbt".

Fazia vários dias que Christopher não via Dulce, ele estava bloqueado do perfil dela e só a havia por meio de amigos.

Deu zoom da foto e ficou olhando seus rosto maquiado, seus olhos brilhantes e sua boca vermelha.

- O que faço com você garota?

O Plano ImperfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora