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Gabriela Farias / Paris, 26 anos

E o tiroteio começou. 

Claramente estávamos prontos para a tal situação, eu sabia o que fazer. Mas não vou mentir que estava morrendo de medo. De morrer, de não ver Rio ou de punirem ele para nos atingir. Conseguimos transformar os militares em reféns e fizemos eles cantarem "Bella Ciao" com isso, esperamos que devolvam o Rio. Espero ansiosamente pela ligação do professor, se vão devolver ele ou não. 

...E em 5 minutos após meu pensamento...

– Paris? – professor no rádio

– Professor. 

– eles aceitaram. – Eu escutei ele rir e eu ri super feliz fui correndo até a janela do terceiro andar para ver ele chegando. 

Quando vi Rio saindo do carro, meu peito pegou fogo é como se eu tivesse 8 anos e meu crush acabou de segurar a minha mão por 5 segundos. Estava vivo, desorientado e sem entender nada, mas estava lindo. E perdi minha visão dele quando ele entrou. 

Desci as escadas o mais rápido possível. Quando cheguei lá, ele estava ali. Era ele. Em carne e osso. Nossos olhares se encontraram e eu corri até ele o beijando. Ele me pegou no colo e me beijou sorrindo.

– você está muito lindo! – o beijei de novo – Lindo, de terno e gravata. 

– foi a única coisa legal que a polícia fez por mim. 

– Eu imagino. 

– Eu senti tanta falta sua. – ele me beijou. Mal sabe ele o quanto eu senti também.– Continua extremamente gata de vermelho.– eu ri

– como está?

– Melhor agora. O que estão fazendo no banco da Espanha?– ele disse com o sorriso bobo

– a gente veio te buscar. – ele me beijou novamente

Enquanto as portas se fechavam, um homem se jogou para dentro. Eu empurrei Rio para trás de mim e puxei a arma. 

– não atire estou desarmado! – Reconheço está voz. 

– Arturo? – Denver riu 

eu abaixei a arma e Rio me abraçou por trás. 

– me protegendo? 

me virei de frente para ele e ele abraçou minha cintura.

– sempre. – o dei um selinho

– Larga Paris um pouquinho e abraça seu Helsi! – eles se abraçaram e logo depois Rio abraçou a todos. 

– vocês são loucos – ele disse enquanto abraça Nairóbi

– É somos, mas quem juntou todo mundo foi a sua namorada feia...Se não fosse por ela..– Eu interrompi o discurso de Nairóbi 

– tá bom já chega, vocês vão ter que me perdoar mas agora ele é meu. – eu disse o abraçando 

Eu e Rio fomos para uma sala reservada, onde conversei com ele pela primeira vez. Ele sentou no sofá com um sorriso bobo porém safado. Me colocou no colo dele e eu o beijei como se fosse a primeira vez. O toque de seus lábios nos meus me faz sentir como se eu fosse a mulher mais poderosa do mundo, tendo o homem dos sonhos na minha frente. Ele não poupou os movimentos das mãos e me fez querer transar ali mesmo. 

– cara, você é a deusa do tesão.  – eu ri e o beijei novamente. Nosso beijo foi interrompido por Palermo '' o professor quer falar com a gente todos para a biblioteca" – Não tenho 1 segundo de paz. 

– calma, vamos ter tempo para fazer tudo. 

Descemos para a biblioteca e o professor começou a chamar por Rio.

DIÁLOGO COM PROFESSOR

– Oi professor. 

– Rio, preciso que me responda da forma mais precisa possível. Onde foi mantido? – Rio se prepara falar, como se fosse algo que ele não queria que saísse de sua boca. 

– Podem tirar ela daqui? – ele disse olhando para mim

– Claro que não. Eu sou sua namorada, eu vou ficar aqui. Com você. – ele sorriu fraco. Ele não queria que eu escutasse o que ele fosse falar, não entendi muito bem, mas permaneci no lugar.

– Fui mantido em uma cela. Muito pequena. Como um caixão. Não dava nem para sentar. – entendi porque ele queria que eu saísse, eu não vou aguentar escutar sobre as torturas. – Eu ficava sempre em pé. 

– quantos dias? 

– Não sei. Perdi a conta depois do quinto. Não tinha luz do sol.

– Rio consegue continuar? – ele me olhou, percebeu que eu estava super abatida. Eu olhei para ele com um olhar de " pode continuar" e ele continuou. 

– Sim. 

– o que você comia?

– Era tipo uma papinha, feita de farinha e café. Muito café. Trinta, quarenta, cinquenta cafés ao dia. Tava ligadaço. 

– Estavam te privando do sono. Você acha que podia ter outra substância no café? 

– Talvez. Era horrível. Mas estava drogado. No interrogatório, eu inalava um gás e eu não faço ideia do que era. O bom é que pelo menos eu saia da cela. E ás vezes eu até sentava. 

– tirando o interrogatório, eles te deixavam sair da cela por algum outro motivo?

– Nem para cagar. Me deixavam lá, cagado e mijado por horas. Dias. Não sei. – Ver o amor da sua vida, contando isso enquanto chora e se treme, faz você querer morrer. Eu comecei a chorar e Nairóbi e Helsinki ficaram me abraçando. 

– deixavam você tomar banho? 

– o mais próximo disso foi com uma mangueira. 

– e como era isso? 

– Primeiro me penduravam nu, acorrentado. Depois me molhavam com uma mangueira de incêndio. "se quiser que isso acabe, é só contar onde está o professor" Era o que a Alicia ficava repetindo. E eu juro por Deus, se eu soubesse eu teria contado.

– qualquer um contaria, Rio. Você teve medo de morrer certo? 

– Eu estava completamente convencido. Todo dia. Eu acordava me perguntando se já havia chegado a minha hora. 

– já passou Rio, tudo vai ficar bem. Agora preciso que me diga como foi quando tiraram você de lá. 

– eles me colocaram no avião e ao pousar me jogaram num carro e me levaram a um hospital militar.

– E como passou a noite? 

– Bem..Mas e ai? Cadê meu macacão ? – ele tentou quebrar o gelo e conseguiu. Fez todos rirem, menos eu. Eu estava com uma culpa imensa no peito.



𝐋𝐎𝐔𝐂𝐔𝐑𝐀 𝐃𝐄 𝐀𝐌𝐎𝐑☠︎︎Onde histórias criam vida. Descubra agora