𝟏𝟑. o covil do ciclope

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capítulo 13.
"o covil do ciclope"

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Quando eu pensei em "ilha do ciclope" eu imaginei penhascos e ossos espalhados pela praia, como no covil do ciclope que encontramos no Brooklyn. A ilha do Polifemo não tinha nada a ver com isso. O lugar parecia um cartão postal do Caribe. Tinha campos verdejantes, árvores de frutas tropicais e praias de areia branca.

Tentei ao máximo ignorar a ponte de corda em cima de um precipício porque tinha quase certeza que já tinha visto, ou melhor, desenhado uma ponte muito parecida com aquela. Resisti à tentação de conferir o esboço no meu caderno. Conseguia sentir a minha mão formigando e minha mente à mil com imagens e cenas que me deixavam atordoada.

O clima estava tenso entre nós quatro. Todos nós nos juntamos na proa enquanto navegávamos em direção à costa. Me mantive longe de Annabeth e Heitor, usando Percy como meu escudo humano.

    — O Velocino — Annabeth falou depois de respirar o ar perfumado.

Os meninos e eu assentimos. Ainda não era possível ver o Velocino, mas podia sentir sua força. Era possível acreditar que ele curaria qualquer coisa, até mesmo a árvore envenenada de Thalia.

    — Se nós o levarmos embora, a ilha vai morrer? — Percy perguntou.

Heitor sacudiu a cabeça. — Ela vai se esgotar. Voltar a ser o que seria normalmente, o que quer que fosse.

Era a nossa chance. O futuro do Acampamento Meio-Sangue, do nosso lar dependia disso.

Na campina na base da ravina várias dúzias de carneiros andavam em círculos. Pareciam bastante pacíficos, mas eram enormes – do tamanho de hipopótamos. Logo além deles havia um caminho que levava às colinas.

No topo do caminho, perto da beira do cânion, havia um grandioso carvalho. Algo dourado brilhava em seus galhos.

    — Isso está fácil demais — comentei — Não podemos simplesmente subir até lá e pegá-lo. Deveria haver um guardião...

Foi quando um cervo emergiu dos arbustos. Ele trotou para a campina, provavelmente em busca de grama para comer, quando os carneiros baliram todos de uma vez e assustaram o animal. Aconteceu tão depressa que o cervo tropeçou e se perdeu em um mar de lã e cascos batendo. Grama e tufos de pelo voavam pelo ar. Um segundo depois todos os carneiros se afastaram, de volta às suas pacíficas perambulações. Onde estivera o cervo, havia agora uma pilha de ossos limpos e brancos.

Nós quatro nos entreolhamos.

    — Eles são como piranhas — Heitor disse.

    — Piranhas com lã — Percy adicionou — Como é que nós...

    — Gente! Olhem! — arfou Annabeth

Ela apontou para a praia, logo abaixo da campina dos carneiros, onde um pequeno bote fora arrastado para a terra... o outro bote salva-vidas do Birmingham.

*

Concluímos que não havia como passar pelos carneiros comedores de gente. Mas agora, uma outra discussão completamente diferente havia iniciado.

    — Eu tenho o boné da invisibilidade. Eu posso me esgueirar caminho acima e pegar o Velocino.

    — Ah, sim. Já não bastava quase ter morrido na ilha das sereias, você quer tentar a sorte aqui também? Deixa eu adivinhar, isso vai te tornar mais "sábia"? — ironizei e recebi um olhar irritado da loira.

SUNSHINE | percy jackson¹Onde histórias criam vida. Descubra agora