𝟏𝟔. plano de mestre

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capítulo 16.
"plano de mestre"

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Eu realmente queria que Percy pudesse ter lutado contra os pesadelos quando eles vieram atrás de mim, mas, infelizmente, ele não pode. Ninguém conseguiria.

Depois das vozes perturbadoras que fui forçada a ouvir na minha cabeça, eu simplesmente não consegui mais dormir. Percy estava desmaiado de sono, deitado confortavelmente nas minhas costas, me usando como travesseiro e eu não tive coragem de me mover nem um centímetro.

Ele precisava descansar. E tê-lo perto de mim, abraçando minha cintura para evitar que caíssemos do cavalo-marinho era a única coisa que mantinha minha mente longe de tudo que passava pela minha cabeça.

Então decidi aproveitar. Os movimentos calmos e constantes no oceano, o som da água correndo sob nós se misturando com as respirações profundas do filho de Poseidon atrás de mim.

Minha cabeça era a única coisa que eu conseguia mover sem acordá-lo, e foi o que fiz, encontrando a vista mais linda que já tinha visto. À distância, o sol se punha atrás da silhueta de uma cidade. Pude ver uma rodovia litorânea ladeada por palmeiras, fachadas de lojas brilhando em neon vermelho e azul, um porto cheio de veleiros e navios de cruzeiro.

Eu queria poder desenhar isso, foi o que pensei. Se ao menos eu estivesse com meu... E então me ocorreu: meu caderno de desenho. Eu o deixei na minha rede no convés inferior do Vingança da Rainha Ana, certa de que voltaríamos a ele depois de resgatar Grover e pegar o Velocino de Ouro.

Provavelmente agora estava no fundo do oceano. Ótimo.

Não tenho ideia do por que me chateou tanto perder aquele maldito caderno de desenho. Ele tornou minha vida um pouco mais traumática e eu deveria ser grata por tê-lo, agora definitivamente, fora do meu alcance.

Mas eu não estava.

De alguma forma, parecia que eu tinha perdido uma pequena parte de mim. Uma parte de mim que era importante.

"Você tem uma escolha a fazer, minha filha", lembrei-me da voz do meu pai, me alertando em meus sonhos.

Um arrepio percorreu minha espinha. Eu tinha uma escolha. Que escolha? A única coisa que gostaria de poder escolher era que a dor parasse. A dor latejante que ainda persistia em meu corpo e que havia retornado pouco tempo depois de eu ter me secado completamente do banho de mar inesperado.

Eu queria voltar para o acampamento. Voltar para casa. Ver meus irmãos e irmãs, ver Kiara. Poder retornar à minha rotina, às aulas de arco e flecha, às noites ao redor da fogueira, cantando e comendo s'mores... Eu queria paz mais do que qualquer coisa, mas sabia que era pedir demais.

Eu era uma semideusa, e os semideuses não levam vidas pacíficas e felizes. Não quando a vontade dos deuses estava em jogo. Éramos todos apenas peões em um grande jogo de xadrez.

"Isso mesmo, Filha da Luz. Você tem uma escolha..." Era Cronos. Ele também apareceu no meu sonho.

Era como ter o anjo e o diabo brigando por cima do meu ombro, cada um me contando um lado diferente dessa suposta "escolha" que eu deveria fazer.

Eu precisava fazer uma escolha.

Fui levada para longe dos meus pensamentos quando senti o Hippocampus diminuir a velocidade. De onde eu estava, pude ver Tyson, Heitor e Annabeth acordando, seus cavalos-marinhos agindo tão estranho quanto o meu.

SUNSHINE | percy jackson¹Onde histórias criam vida. Descubra agora