Sonhos

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Apenas brutalidade, mordidas violentas e sangue espirrava. Rugidos e rosnados como um animal selvagem, momento de mais pura ira.

Um a um, seja inocente ou culpado de algo, ia e a morte se alastrava no meio das pessoas. Uma raiva tão bestial e intensa que era quase tangível a sede de sangue.

As garras iam rasgando todos em sua frente, não pra matar, mas sim para maltratar e sofrerem. Estava cego pela chama que a tudo ia consumindo.

A raiva em seu estado mais puro, o mais puro caos, o descontrole de uma ira a muito tempo guardada.

A carne voava e corpos mutilados iam de um canto ao outro de cidades enquanto se formava um mar de sangue. Rugidos cada vez mais altos, rugidos de agonia. Fome, querendo saciar e desfazer tamanho fogo que lhe ardia no peito, apenas um sentimento de destruir tudo ao seu redor.

Os olhos deixavam de brilhar, o corpo chegava a seu limite. Logo estava ofegante, mas mesmo assim a raiva permanecia e batia contra o solo.

Golpes que tremiam o mundo e acordavam seres de magnitudes cósmicas, logo eram esses alvos de sua fúria.

Contra quem subiu do mar, devorou sem chance de revidar.

Contra a tecedeira da realidade, arrancou-lhe o rosto e incapacitada não podia se curar ao ser desmembrada.

Contra aquele de amarelo, apagou-lhe.

Contra o guardião do espaço-tempo, o torturou até a desistência.

Contra o mensageiro, devorou sua mente e sanidade.

Contra o caos nuclear... Assimilava-o...

Mais um sonho...

O deus idiota e cego acordava de um deturpado sonho que o lembrava de sua pequenez.

Mais uma vez ofegante, sendo lembrado que aquele que chamava de amigo poderia, em sua intensa e brutal ira, destruir tudo que conhecia inclusive a si mesmo.

"Intocável é o escolhido e ilimitado..." Pensava a se acalmar, pois profundamente confiava em seu melhor amigo, e voltava a dormir o seu sono atemporal.

Coletânea de contos e poesiasOnde histórias criam vida. Descubra agora