A Priori (lírico)

1 1 0
                                    

Encantador homem, te pergunto, o que tens além de seu encanto?
Guerreiro selvagem, tu, o que tens além de tua força?
Burguês, que tens tu além de seu dinheiro?

Status? Do que vale tu?
És tu a necessidade do homem ou a vaidade dos  fracos?

Ser forte por quê?
Ser belo para que?
E por qual motivo exaltaria meu coração nas riquezas?

Tu és empírico ao homem, vindo tu o resto é esdrúxulo.
O que fazemos além de acumular mais e mais status?

A priori, o que é certo?
Pois o que de verdade é a pureza?

Seria a virgindade moral e sexual?
Seria a benevolência?
Ou talvez altruísmo?

Diante do findar da vida, do que isso vale?
Se o bom morre como o mal, isto não seria inválido?
Mas se queres mal, não é isso por vaidade?
E para o bem, também isto não o és?

Pois o bom e o mal, pra mesma cova irão.
Não há distinção.

A fama, o anonimato, a riqueza e a pobreza, a luxúria e a falta de libido, o querer e a apatia. Do que vale tudo isso?

Quer o mundo? Desista de tudo para o ter.
Nada se dá sem sacrifício.

A mulher sofre as terríveis dores do parto para nascer seu filho esperado, o homem sua para sustentar a quem ama e jovem treina e se esforça pelo seu futuro.

Mas o nilismo permanece, em nada há valor em nada há sentido, neste pensamento cruel e maldito.

Coma, beba e aproveite a vida.
A morte vem pra todos, poucos estão preparados e pouquíssimos não a pertence.

No final, viver é buscar a vaidade e o status.
Um ciclo inescapável, como os animais: nascer, procriar e morrer.

A dura realidade de que pra cada morto a muitos outros para o substituir, a cruel realidade de que somos seres condenados a ternidade.

Te pergunto homem, do que vale a sua vaidade?

Coletânea de contos e poesiasOnde histórias criam vida. Descubra agora