Amizade Desfeita

Eu matei a minha família.

Você precisa dar um jeito de sair daí.

Foi a última mensagem que Yuna recebeu de Lee Chaeryeong. A morena já estava trancada no banheiro da casa de seu colega a várias minutos, teria que encarar a realidade mais cedo ou mais tarde e simplesmente destrancar aquela porta. Assim fez, guardou seu carregador em sua bolsa e se levantou juntando as duas mãos na maçaneta da porta para destrancar a mesma.

Suspirou alto finalmente abrindo a porta e para a sua surpresa o corredor estava vazio, não havia ninguém esperando por ela do lado de fora. A moça caminhava de cabeça baixa em direção a sala de estar, por onde sairia de vez daquele local, mas ao passar pelo quarto de Huening, seus olhos se arregalaram ao ouvir a voz do garoto.

— O que você viu? — O loiro estava sentado em sua cama com a cabeça baixa e os pés tocando o chão de madeira.

— O que? — A Shin parou de repente e sorriu forçado. — Do que está falando, Huening?

— O que foi que você viu que te deixou com medo. — Kai levantou a cabeça e fitou os grandes olhos arregalados da mais nova com tamanha frieza.

Yuna engoliu seco. Ela movimentou os olhos para os pés da cama e mesmo sem ter dito uma palavra sequer, o maior entendeu o que ela quis dizer. Huening se levantou e caminhou em direção a morena, que se assustou com aproximação repentina.

— Fica longe de mim! — Ela esticou seu braço direito na intenção de para-lo. — Eu tenho o número da polícia local no meu celular e não vou hesitar em chama-los.

Mesmo com a respiração alterada e seu coração quase saindo pela boca, a garota se manteve firme na tentativa de afastar o maior que agora estava com as mãos em rendimento.

— Yuna, eu posso explicar. — O estrangeiro paralisou no local.

— Como você pode explicar uma arma em baixo da sua cama? — A morena estava visivelmente assustada. — Por que você tem uma arma consigo? Por que você nunca falou sobre o motivo de ter sido transferido para a Coreia do Sul? — Shin dava alguns passos para frente fazendo com que Huening recuasse obrigatoriamente.

— Eu prometo que se você ficar, eu vou te explicar tudo. — O rapaz relaxou os braços. — Eu não tenho uma boa relação com a polícia, então não é necessário acionar-los, me escute-

— VOCÊ MATOU A SUA IRMÃ E A SUA MÃE! — A mais nova soltou um grito interrompendo a fala do mais velho e usou seu celular, que antes estava em sua mão esquerda, para "ameaçar" o menino em sua frente.

— O que é que está acontecendo aqui? — A vovó Huening havia despertado com tamanha gritaria no local. A idosa se encontrava confusa alternando o olhar entre Yuna e o seu neto.

— Fiquem longe de mim. — A garota esbelta respirava tão alto e tão descontroladamente que poderia ter uma parada respiratória a qualquer momento. — Eu preciso sair desse lugar agora!

— O que houve, filha? — A senhora de idade olhava para a maior com confusão, ela não entendia porque a menina estava tão assustada.

— Seu neto é a merda de um assassino! — A moça que estava com os olhos vermelhos tentando segurar as lágrimas, apontou o objeto que estava utilizando para "ameaçar" Huening para a mais velha. — Ele matou a própria mãe e a irmã mais nova... Como você consegue viver sob o mesmo teto de alguém assim?

Shin questionou o idosa que estava com a cabeça baixa sem proferir uma palavra sequer sobre o assunto que havia sido abordado.

— Eu vou embora. E vou contar para todos os nossos amigos sobre quem você realmente é!