𝐄𝐒𝐂𝐀𝐏𝐈𝐒𝐌

20

𝗔𝗮𝗿𝗼𝗻 𝗞𝗮𝗶;

[...]

Minha visão embaça, enquanto a fala de Rue reverbera continuamente em minha cabeça.

"Eu te amo, Aaron Kai".

Não que eu não soubesse, mas ouvir as palavras saindo de sua boca surtiram um efeito para o qual eu não estava preparado e claramente me deixou atordoado.

—Aaron?— A morena aperta a região do meu bíceps, tentando chamar minha atenção.

Sem aviso prévio, agarro a nuca de Rue e junto nossos lábios em um beijo lento, mas ao mesmo tempo, afobado. O gosto de amargo de sua boca devido as bebidas que ingeriu invade meu paladar, e confesso que isso apenas faz com que eu aperte seus cabelos com mais força e aprofunde nosso beijo.

—Eu também amo você.— Disparo, ofegante, ao nos separamos.

Minha garota fica em silêncio por um instante, mas curva os lábios em um sorriso tímido logo após.

—Estamos atrapalhando?— Will pergunta.

Sim.

—Esqueci que vocês estavam aqui. Podem ir embora, por favor?— Abro um sorriso e Rue desfere um soco em meu ombro.— Ai, tóxica!— Exclamo.

—Pare com isso, idiota.— Outro soco, dessa vez, em meu abdômen.

—Apenas quando você me der um soco de respeito, fraquinha.— Deposito um selinho nos lábios rosados.

—Aqui o seu cappuccino, Rue.— Larry chega, entregando o pedido da morena.

—Obrigada, Larry!

—E as duas cervejas do senhor.— Ele põe as garrafas na frente do loiro.

—Obrigada, Larry. E não me chame assim, Eros está de bom tamanho.— O mesmo abre um sorriso simpático.

—Se quiserem mais alguma coisa, é só pedir. Eu estarei lá atrás.

—Sente-se e beba conosco!— Sugiro.

—Não posso, jovem. Mas muito obrigado pelo convite, realmente aprecio sua preocupação em me incluir nos planos!— Larry começa a rir, se retirando.

Até o final da madrugada, farei Larry se juntar a nós.

[...]

𝗥𝘂𝗲 𝗕𝗹𝗮𝗸𝗲;

[...]

—"Amigos coloridos", hum? Por um momento eu acreditei.— Aélis murmura, próxima ao meu ouvido, se referindo à nossa conversa de hoje mais cedo.

—Não é nada oficial.— Dou de ombros.

—Aposto cinquenta pratas que da próxima vez que eu voltar, vocês dois estarão namorando.

—Aposto cem pratas que da próxima vez que você voltar, já estará com alguns dos gêmeos.— Provoco-a e, imediatamente, o seu olhar escurece.

É, ela não gosta mesmo desses dois.

—Feito, vadia.— A ruiva corresponde meu aperto.

—Eu vou pegar algumas bebidas com o Larry, com licença.— Meu irmão anuncia, se levantando da mesa.

—Eu vou com você, me espere.— Aélis pede, se espreitando com dificuldade entre o acolchoado vermelho e a mesa.

Meu irmão e a ruiva seguem até o balcão, enquanto eu observo o olhar assassino dos gêmeos sobre os mesmos. Ambos estão com a cabeça baixa, os braços cruzados na altura do peito, e o olhar semicerrado erguido.

Corre, Levi. Corre.

—Ei.— Chamo a atenção dos mesmos.— Nem pensem nisso, desgraçados.

O maxilar dos gêmeos se tensiona e Eros umedece os lábios antes de desviar o olhar, ao contrário de seu irmão, que sustenta sua postura rígida.

—Himeros.— Ele cede ao meu chamado, coçando a nuca.— Se a querem tanto assim, parem com essa merda de ficar tentar matando uns aos outros!

—Não a queremos.— Eros corta, secamente.

—Você encara ela com tanta intensidade que se fosse eu, ficaria com medo. Quer enganar quem?— Ayumi questiona.

—O quê posso fazer se o ódio que sinto por ela realmente é algo intenso?

—Sei.— Will ironiza, revirando os olhos.

{...}

Minha cabeça dói, me sinto tonta, as luzes coloridas no teto se distorcem quanto mais as observo, e por mais que eu me esforce, manter o equilíbrio parece algo impossível enquanto rodopio ao som de Love Hangover, Diana Ross.

Ayumi está deitada com a cabeça nas pernas de Himeros na mesa onde estávamos, ambos dormindo, enquanto meu irmão e Eros se pegam em um canto afastado. Aaron conseguiu convencer Larry a fechar a loja mais cedo, então estão bebendo e sorrindo de algo que não faço a mínima ideia do que possar ser. Aélis está procurando por comida na cozinha, e Will... Bom, ele está extremamente bêbado, então está rodopiando junto comigo.

—Rue, estou indo. Muito obrigada por tudo.— A ruiva diz, se aproximando.

Sua voz soa abafada para mim, então demoro alguns segundos para assimilar suas palavras.

—Ah, não!— Choramingo.

—Não se esqueça da nossa aposta, certo?

—Certo...— Começo a rir sem motivo algum.

—Se despeça da Ayumi por mim.— Eu assinto e a mesma deposita um beijo em minha testa.

Seus fios ruivos começam a se distanciar e eu acompanho sua cabeleira até vê-la entrar em um carro, aparentemente caro para uma porra, e ir embora. 

Começo a sentir minha pernas latejarem e me obrigo a sentar, indo em direção as mesas.

—E vocês, como vão embora?— Pergunto, assim que Eros e meu irmão se juntam à nós.

—Com a Aélis.— O loiro responde.

—Não vão não.— Ele franze o cenho com minha fala.— Aélis foi embora tem um tempo.

—Ruiva filha da puta.— Eros pragueja, suspirando fundo.— Himeros!

O seu irmão o ignora, ainda dormindo.

—Himeros!— Ele dá um tapa no rosto garoto, que levanta assustado, fazendo a risada grogue do Larry berrar ao longe.

—Ai!— Ayumi, que estava dormindo em cima do mesmo, também acorda.

—Aélis foi embora e nos deixou aqui.

—Foda-se! Qual o motivo de você ter me batido?!— Himeros xinga, com o rosto ainda inchado.

Apesar de ser um situação inapropriada, outra crise de riso toma conta de mim.

—Podem passar um tempo lá em casa, tem espaço.— Levi comenta e os gêmeos se encaram.

Ah, não...

𝙏𝙤 𝙗𝙚 𝙘𝙤𝙣𝙩𝙞𝙣𝙪𝙚...