24 - Final arc. (pt. 1)

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𝗥𝘂𝗲 𝗕𝗹𝗮𝗸𝗲;

[...]

Com a visão limitada devido ao saco cobrindo todo meu rosto, concentro-me nos ruídos me cercando. O chiado que as rodas do carro causam ao entrar em contato com o asfalto são a primeira coisa que noto, enquanto a segunda é a respiração irregular de quem quer que esteja dirigindo o veículo. Também consigo captar o tumulto do lado exterior, como buzinas, motores, gritarias, entre outros.

Ainda estou na cidade. Isso é bom.

Me encontro deitada, e é possível sentir uma textura áspera envolvendo meus pulsos e calcanhares, dando a entender que estou com os braços e as pernas amarradas.

A sensação de desespero começa a me tomar aos poucos, e assim como quem me capturou e me pôs no banco de trás desse carro, respiro com dificuldade.

—Aaron...— Seu nome escapa de meus lábios sem muita dificuldade, enquanto busco conforto pensando no garoto.

—Aaron não vai poder salvá-la dessa vez.— A voz grogue se revela, arrastada.

Apenas quando sua fala é proferida, noto que um forte cheiro de álcool também está presente na atmosfera do ambiente.

—Quem é você?!— Questiono, falhando ao pronunciar as palavras.

—Nunca ouviu falar de mim?!— Uma risada desacreditada escapa.— Aaron é mesmo um moleque ingrato. Ele puxou a mãe, sabia?

Sem muito esforço, ligo os pontos e percebo se tratar de Oliver, o padrasto filho da puta do platinado.

—O quê eu tenho haver com essa merda toda, cara?! Por que sempre tem que envolver minha família nas suas merdas?!— Exclamo, indignada.

—Oh, é verdade! Quase me esqueci do fato de você ser irmã daquele outro garoto que Aaron matou. Tinha que ver o semblante dele quando viu que foi apunhalado pelo próprio amigo.— O homem conta a história com divertimento, enquanto uma raiva inigualável preenche meu peito.

—Aaron não matou ninguém, você matou! Mas se é isso que repete para si mesmo antes de dormir para ficar em paz com sua própria consciência pesada, vá em frente, continue enganando a si mesmo. No fundo, você sabe que foi o único culpado.

—Então ele lhe contou?! Devo admitir que estou surpreso, como pode continuar com ele mesmo sabendo de tudo?! Cacete, vocês dois são uns fodidos, se merecem.— O mais velho continua, me provocando.

—O único fodido aqui é você, que além de ser um péssimo padrasto e marido, é um péssimo homem! Não consegue arcar com as consequências do que faz e sempre foge que nem um covarde, como quando fez Aaron e Ava mudarem de cidade ao matar meu irmão! Sério, Oliver, o quê vai fazer agora?! Me matar, que nem fez com meu irmão e aí levar todos para bem longe outra vez?! Você é patético, me dá nojo.— Grito, tomada pela ira.

—Talvez! Mas dessa vez não terei necessidade de me mudar, já que não há ninguém que se importe com você, além do Aaron, claro! Pelo que fiquei sabendo, Emily e seu pai se separaram depois que seu irmão morreu, e seu pai foi embora sem dar notícias. Você está sozinha, pirralha inútil. Sua mãe acha que você está morta em alguma vala por aí, e adivinha? Continua levando homens desconhecidos para casa, bebendo e se afundando no buraco sem fundo que colocou a si própria.

𝐄𝐒𝐂𝐀𝐏𝐈𝐒𝐌Onde histórias criam vida. Descubra agora