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𝗥𝘂𝗲 𝗕𝗹𝗮𝗸𝗲;

[...]

Suspiro fundo assim que termino de guardar minhas roupas na cômoda ao lado da cama.

—Princesa?— A pergunta é acompanhada de duas batidas atrás da porta.

—Entra.— A madeira se move lentamente, revelando meu irmão.

Me jogo na cama, observando meu novo quarto. É maior do que eu esperava. Na verdade, a casa toda é maior do que eu esperava. Levando em consideração o fato de que meu irmão mora sozinho e que não passa muito tempo em casa, é bem mais do que ele precisa, com toda certeza.

—Acha que tem alguma chance de Emily ir até a polícia e relatar seu "desparecimento"?— Levi indaga, se sentando ao meu lado.

—Definitivamente não.— Solto uma risada melancólica.— Emily me considera apenas uma estranha que vive embaixo do seu teto. Acho que o único motivo pelo qual ela ainda não me pôs para fora de casa é que sou eu quem não nos deixa morrer de fome.

—E como você consegue dinheiro?

—Ah, no início eu vendia umas coisas. Até que uns caras descobriram e me obrigaram a parar, então eu comecei a correr.

—Que tipo de coisas?— A voz de meu irmão soa como um murmúrio.

—Maconha, cocaína... Esse tipo de coisa, sacou?— Levi arqueia as sobrancelhas e seus olhos começam a cintilar.

—Cacete.— Ele esfrega seu rosto com as mãos.

—O quê foi?— Assim que ouve meu questionamento, seu semblante ganha uma expressão confusa.

—Você tinha dezessete anos até quatro meses atrás, porra. Ninguém merece passar por essas merdas tão novo, Rue. E se eu estivesse aqui, você não teria que aguentar boa parte dessas coisas, tenha certeza disso.

—Não faça isso.— Imploro.— Não comece a se culpar. Levi, eu juro por tudo que eu mais amo, que você não tem culpa de nada disso.

—Até você me culpou quando nos reencontramos.— Merda. Eu culpei mesmo.

—Eu estava perdida, não sabia o quê pensar. Depois que parei para refletir, consegui entender que você teve seus motivos.— Meu irmão ergue seu rosto.

O olhar de desespero que suas íris castanhas carregam dói mais que todos os socos que já levei de Emily.

Não, não, não, não, não, não... Não faça isso consigo mesmo, Levi.

—Escuta, se você tivesse voltado, provavelmente Aaron estaria preso e não teria ninguém para tomar conta de sua mãe. Não estragaria só uma vida, mas sim duas, Levi. Estragaria a vida de duas pessoas inocentes, que não tem culpa de nada. Eu estou bem agora, e estou bem por sua causa. Apenas não se culpe, entendeu bem?— Ele assente e eu me tranquilizo.

—Promete mesmo que está bem?

—Prometo. Agora, me conte tudo o quê eu perdi enquanto você estava fora.

𝐄𝐒𝐂𝐀𝐏𝐈𝐒𝐌Onde histórias criam vida. Descubra agora