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𝗔𝗮𝗿𝗼𝗻 𝗞𝗮𝗶;

[...]

Cinco dias atrás, eu acordei no hospital. Demorei um tempo para assimilar o ocorrido, mas então os médicos me explicaram sobre o acidente e eu refresquei a memória.

Tirando os arranhões, o machucado mais grave que eu sofri foi uma lesão no pulso. O médico responsável por mim e por Rue, Dr. Murphy, disse que eu ficarei bom dentre quatro e seis semanas, mas que devo voltar ao hospital em três, para analisar como está indo minha recuperação. Infelizmente, Rue não teve a mesma sorte que eu e acabou entrando em coma. Até o momento ela não acordou, mas o Dr. Murphy disse que deve ser logo. 

Durante o tempo que passamos em observação, eu acabei me tornando a única companhia de Rue— e ela, a minha. Porém, enquanto "conversávamos", eu pude observar que Rue possui o corpo repleto de cicatrizes e algumas tatuagens, bem bonitas, por sinais. Fiquei um tempo me questionando como a mesma conseguiu todas as marcas, mas eu não tenho certeza se quero saber a resposta.

—Blake, eu posso te odiar, mas espero que você melhore rápido.— Digo, observando a morena deitada.

Ver Rue assim me parte o coração, porque me lembra eu mesmo. Quando menor, eu vivia internado por tentativas falhas de proteger minha mãe. Oliver era forte e alto, e eu era fraco e indefeso, então sempre acabava me machucando muito.

{...}

Algo que as rachas me proporcionam e que eu gosto, além da adrenalina, é o dinheiro. Por ter muitas apostas envolvidas, as corridas acabam se tornando um ramo bastante lucrativo quando se é um bom corredor.

—Como deseja pagar?— A atendente do outro lado pergunta.

—Débito.— Respondo.

Ao receber a embalagem, abro um sorriso amarelado para a mulher e volto para a minha Ferrari, que está estacionada em frente ao estabelecimento.

Eu volto minha atenção a música que começa a tocar quando entro no carro, mas travo ao pronunciar o nome. Músicas de amor nunca mais, BK, ecoa pelo veículo enquanto eu perco a paciência tentando falar o português corretamente. Músicas brasileiras seriam as minhas preferidas, se não fossem tão difícil de cantar.

{...}

—Quarto 608.— A recepcionista do hospital diz, me entregando um adesivo para colar na roupa.

—Obrigado.— Agradeço, pegando o adesivo de sua mão.

Me dirijo até o elevador e entro no mesmo, encarando as lavandas em minha mão.

Quem diria que stalkear Rue e descobrir pelo menos a maior parte de sua vida seria útil, não?

Quando as portas do elevador se abrem, eu saio do mesmo e um garoto esbarra em mim ao entrar correndo dentro do objeto. É uma figura pálida, alta e com os fios de cabelo negros. O sino do elevador ecoa e as portas fecham, mas antes, nós nos encaramos; o olhar do garoto contendo um sentimento que eu conheço muito bem: medo.

Sou tirado dos meus pensamentos quando uma equipe de médicos passa correndo por mim, entrando no quarto de Rue. Ao ver a cena, eu sigo a equipe e entro no quarto da garota, me deparando com a mesma se debatendo contra a cama.

—Por que ela está assim?!— Exclamo.

—Você não pode ficar aqui, garoto!— Um enfermeiro diz tentando me afastar, mas não obtém sucesso.

𝐄𝐒𝐂𝐀𝐏𝐈𝐒𝐌Onde histórias criam vida. Descubra agora