𝗔𝗮𝗿𝗼𝗻 𝗞𝗮𝗶;
[...]
Sentindo a fumaça preencher o vazio de meus pulmões, inclino a cabeça, liberando a substância cinzenta no ar em seguida.
—Tchau, irmão.— Eros se despede e correspondo o toque de sua mão, o puxando para um abraço.
—Boa viagem.— Respondo e o mesmo acena com a cabeça, entrando no carro em frente à residência.
—Aaron!— Himeros exclama.
—Himeros...— Sou interrompido pelo forte impulso que seu corpo causa ao se chocar contra o meu.
Cambaleamos alguns passos para trás, e, rindo, o abraço de volta, afagando seus fios loiros.
—Vou sentir falta de você.— Falo, rindo baixo.
—Da próxima vez que eu vier, iremos apostar uma racha.
—Prepare-se para engolir poeira, otário.— Ele sorri, com os olhos cintilando.— Himeros, você está chorando?!— Indago, surpreso.
—Não.— Ele limpa o canto dos olhos com a palma da mão.— Cuide das meninas.— O loiro se vira e segue o mesmo caminho que seu irmão.
—Tchau!— Levi e Rue falam em uníssono, e o veículo no qual os meninos estão parte logo após.
O silêncio se instala e vou em direção às figuras ao meu lado.
—Você não pode ficar aqui mais um pouco?— Rue pergunta, abraçando minha cintura.
—Não, preciso ver minha mãe.— Respondo e a mesma assente.
—Posso voltar mais tarde?— Pergunto à Levi.
—Irmão, não precisa nem perguntar.— Abro um sorriso e o moreno corresponde meu high five.
{...}
—Mãe?— Chamo-a, desferindo duas batidas na porta.
—Estou indo.— Sua voz soa do outro lado, fraca.
Após alguns segundos, a chave é girada e a porta do quarto se abre.
—Como está?— Passo meu braço por cima de seus ombros e deposito um beijo no topo de sua cabeça.
—Me recuperando, obrigada. Como cuidou de Oliver?— A mesma interroga.
Suspiro fundo, sentindo meu punho se fechar automaticamente apenas por ouvir seu nome sendo proferido. A mais velha percebe e comprime os lábios, se sentando na cama de forma debilitada.
—Kai, sente-se aqui.— Ela coloca sua mão enfaixada no espaço vazio ao seu lado.
—Mãe...
—Escute-me, por favor. O principal motivo pelo qual não me separei de Oliver foi você. Não posso nos sustentar sozinha, e você sabe bem. Sei que vai ser difícil atender ao meu pedido, mas eu imploro para que se importe somente com você. Até que se forme, pelo menos.
—Mãe, se está me pedindo para deixar que aquele monstro faça o quê bem entender com você, está louca!— Exclamo.
—Aaron, você tem dezenove anos! Devia ter uma namorada, estudar e trabalhar como os outros jovens!— Ela dá uma pausa, se recompondo.— Já reprovou o primeiro ano devido aos problemas familiares, e não sabe o quanto eu me sinto culpada por isso.
—Mas estou indo bem esse ano! As aulas terminam daqui a dois meses e já estou aprovado na maioria das matérias!
—Fico contente! Mas o principal motivo para que eu continuasse o relacionamento foi para que você fosse feliz. Sei que não fui a melhor mãe do mundo, nem perto disso, mas dei o meu melhor para que você tivesse uma vida digna! Você é a melhor coisa que já me aconteceu, meu maior orgulho. Tenho muitos arrependimentos, mas dar uma vida cheia de traumas para você foi o maior deles. Não estou tentando fazer você se sentir culpado, apenas imploro para que entenda que meu maior desejo é vê-lo feliz e quero que você faça o quê for preciso para conseguir isso, mesmo que inclua parar de me ver.— Ela começa a chorar.
—Mãe, olhe pra mim!— Seguro suas bochechas úmidas em minhas mãos.— Eu sou feliz! Tenho você, uma namorada incrível e um irmão que está ao meu lado sempre que preciso. Me perdoa se não demonstro tanto minha gratidão...
—Tudo bem, você demonstra. Apenas não com palavras.— Ela me puxa para dar um beijo em minha testa.
{...}
Meu celular vibra com a notificação da mensagem de Rue perguntando onde estou, e eu respondo dizendo que não poderei vê-la hoje.
—Sua namorada?— Mamãe indaga.
—Sim, ela queria me ver.
—Aaron...
—Mãe, já sei o quê vai falar. Eu quero passar um tempo com você também, relaxa.
—Certo, fico feliz. Mas eu ia perguntar à você se ela sabe que é sua namorada.— Ela ri.
—Bom... Eu não fiz o pedido ainda.
—Aaron!— Ela me repreende.— Quem muito espera, um dia cansa.
—Credo, mãe!— Ava não conhece muito bem seu filho se realmente pensa que vou deixar essa garota escapar.
—Certo, me perdoe.— Ela ri.— Mas pare de enrolar a garota e peça a sua mão logo! Não criei você para ser o tipo de homem que enrola.
—Não estou enrolando, só não tive a oportunidade certa.— Resmungo, e Ava continua rindo de mim.
Sugeri que assistíssemos um filme para passarmos um tempo juntos, já que havia um bom tempo que não fazíamos programas em família. Mamãe pareceu realmente se divertir em meses, e isso me deixou genuinamente feliz.
Antes de começarmos a assistir, me ofereci para fazer pipoca, mas a mais velha disse que queria panquecas, e então expliquei que não sabia fazer panquecas. Ava começou a resmungar porquê disse que já era a quinta vez que me ensinava a receita, e eu tentei me defender usando o argumento de que sou um péssimo cozinheiro.
No fim, acabamos não terminando de assistir o filme pois adormecemos no sofá devido ao cansaço.
{...}
É por volta de quatro e meia da manhã quando meu celular começa a vibrar continuamente em cima da pequena mesa de centro. Me movo cuidadosamente para não despertar mamãe, que está jogada ao meu lado.
21 ligações perdidas.
—Levi?— Chamo-o, mas não obtenho resposta.— Levi?!
—Aaron!— Ele atende, e noto que há algo de errado pelo tom de sua voz.
—O quê aconteceu?
—A Rue!
Eu me levanto rapidamente, seguindo em direção ao lance de escadas.
—Onde ela está?! O quê tem a Rue?!
—Ainda tem aquela balaclava que compramos antes de você ir embora?!
—Levi, o quê aconteceu com a Rue?!— Escancaro a porta, fazendo-a bater na parede.
—Ótimo, traga-a! Aaron, não demore! Minha irmã precisa de nós!
—Levi, me diga o quê...— O desgraçado corta a ligação.— Porra!— Grito, jogando um copo de vidro que estava em cima da cômoda na parede.
Termino de calçar meus tênis e, lufando o ar, desço os degraus velozmente. Antes de sair deposito um beijo na testa de Ava e tranco a porta de casa em seguida, correndo através do jardim até minha Ferrari.
𝙏𝙤 𝙗𝙚 𝙘𝙤𝙣𝙩𝙞𝙣𝙪𝙚...
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𝐄𝐒𝐂𝐀𝐏𝐈𝐒𝐌
AdventureA vida de Rue Blake vira de cabeça para baixo quando um novo corredor de rachas chega a cidade, e piora ainda mais quando ela descobre que ele é o seu novo vizinho. Desde a sua mudança, assassinatos e mensagens misteriosas começam a aparecer, o quê...