5. HIDDEN

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2024.

Era madrugada quando Harry lançou uma pedrinha na janela do quarto de Louis. Não obtendo resposta, lançou mais duas, três, quatro. Tomlinson abriu a cortina e, posteriormente, a janela.

"Eu preciso conversar com você", Harry sussurrou, Louis leu seus lábios e balançou a cabeça em concordância. Lídia não dormia ali naquela noite.

Styles passou uma regata preta justa pelo corpo e ajeitou a barra das calças listradas de pijama que usava, calçou um par de chinelos e saiu pelos fundos. Louis deixou a porta da frente entreaberta e Harry foi ágil como um raio ao entrar por lá.
Ele vê Louis no topo da escada quando entra e fecha a porta atrás de si. Suspira e sobre os degraus, colocando os cabelos atrás das orelhas quando para de frente para Tomlinson; por sua vez, de costas para a porta aberta do quarto.

— Podemos nos sentar para conversar?

Louis balança a cabeça positivamente e se vira para acender a luz do quarto. Há um degrau no piso que divide o quarto de uma área cercada por livros em estantes ligadas às paredes, assentos e uma cafeteira. Harry se senta num estofado marrom de três assentos e Louis se mantém de pé.

— Eu te acordei?

— Não, eu já estava de olhos abertos... — L responde.

— Eu sei que o horário parece inadequado, mas isso me pesou durante o dia inteiro e eu precisava.. Enfim. Quero me desculpar pelo que aconteceu na viatura, de verdade, Louis. Foi errado, eu não quero que voc..

Antes de Harry pudesse terminar de falar, Tomlinson ocupa o espaço vago entre eles com um dos joelhos e se inclina na direção do rosto de Harry - que segura com as duas mãos -, beijando-o sem aviso.

O beijo inesperado inicialmente faz Harry recuar, mas quando os olhos verdes encaram os azuis tão próximos, ele o beija novamente, encontrando a cintura dele com suas palmas grandes e firmes. O aperta com pressão nos dedos e permite que o beijo siga seu ritmo necessitado e barulhento.
Quando Louis toca o meio das pernas dele com o joelho, entretanto, Styles rompe o beijo e segura em uma das mãos menores, fazendo com que ele encaixe a palma em um dos lados de seu rosto.

— Isso não está certo. Você deveria sentir raiva de mim. — O maior sussurra. Sua voz aos poucos se torna embargada, como se a qualquer momento ele fosse chorar. — Vamos... Desconte a raiva. Eu fui embora, desconte em mim por tê-lo abandonado.

— Eu nunca te odiaria. — Louis responde baixo, negando minimamente com a cabeça.

— Bata.. — Harry aperta a palma dele contra seu rosto.

Ele se acostumou a ser sexualmente estimulado pela raiva, mas nunca enxergou o peso e a problemática daquilo. Nunca aceitou o afeto, nunca se permitiu ser amado. Como forma de punição para o fato de ter ido embora depois do que fez.

— Não. Eu não machucaria você, pare com isso.

— Louis, bata.. — Ele então apalpa a palma do menor em seu rosto, estapeando a si próprio com ela. Um amontoado de lágrimas começa a descer pelo rosto cansado e ele funga o nariz. — Me odeie, por favor. Me odeie..

Louis o abraça, apertando a cabeça dele contra seu peitoral. Ele afunda os dedos e o rosto em meio aos cabelos de Harry e os cheira, beijando os fios quando se sente ser abraçado fortemente pela cintura.
Por mais triste que seja escutar o som abafado do choro de Styles, por outro lado, Louis sentiu um estranho alívio e conforto por ouvir e sentir, após tanto tempo, o familiar choro de Harry Styles. Ainda que ele amasse o som gostoso de sua risada.

Tomlinson é pego desprevenido quando Styles segura em uma de suas mãos e leva os dedos até os próprios lábios úmidos pelas lágrimas; ele abocanha os dígitos inteiros do indicador e do meio, e inclina a cabeça para encarar os olhos azuis. Louis sabe que ele está em um momento vulnerável, talvez não fosse o melhor momento para se tocarem após quatorze anos, mas se sente tentado como um pecador em frente ao diabo.

Behind the Red Lake | l.sOnde histórias criam vida. Descubra agora