Behind the Red Lake | l.s

18. THE CULT

2024.

— Você não precisa vivenciar tudo isso outra vez... Nós encontraremos outro jeito de descobrir quem são os envolvidos.

Harry segura firmemente nas mãos de Tomlinson, observando-o com tristeza após escutar os relatos contados pelo menor.

— Não, Harry. Eu preciso... Fazer isso. O meu pai jamais me machucaria, se algo acontecer comigo, ele enlouqueceria de vez. Ele me trata como um.. Uma entidade celestial, não sei. Porque acredita que eu sou a encarnação de Jesus Cristo. Eu sou a única pessoa que pode entrar lá sem riscos.

O maior engole um seco, abaixando minimamente a cabeça. Ele assente num movimento lento, mordiscando o lábio em nervosismo antes de voltar com Louis para dentro do escritório na delegacia que reservou para o FBI.

[...]

— Nós poderíamos prender o Norton agora depois de tudo o que Louis disse e afins, mas isso arriscaria que os seguidores dele, os mascarados, fugissem. Enquanto Louis se encarrega de descobrir a identidade dos envolvidos, eu vou dar um jeito de deixar a igreja com medo. Quanto mais rebaixados se sentirem, mais chances temos de afeta-los.

Harry explica, de pé, com as mãos na cintura por baixo de sua jaqueta de policial. Rory assente com a cabeça, concordando com o filho.

— Como pretende fazer isso, Oficial? — Russell, o agente do FBI, pergunta confuso. Ele se senta na cadeira ao lado de Rory e ambos dividem um cigarro.

— Louis, a banda cover do HIM ainda está na região? — Styles indaga ao olhar para Tomlinson, que está com os braços cruzados abaixo do peito marcado pela camisa polo preta.
Os demais se olham sem entender.

— Sim. Pelo que eu sei, sempre que eles fazem show aqui, ficam num trailer na praia por mais ou menos duas semanas.

— Ótimo. — Harry conclui, passando as mãos pelos cabelos para trás. — Diego será a isca. De alguma forma vou fazer que a Seita o veja como um possível futuro mascarado. — Diego, o assistente agente do FBI, arregala os olhos e acidentalmente derruba café na roupa.
— Não se preocupe, tenho tudo arquitetado.

— Meu filho é um ótimo Detetive, Russell. Podemos confiar nele. — Rory vira o rosto para o homem sentado ao seu lado, estendendo o cigarro que chegava ao fim. Russell suspira ao devolver o olhar e assente com a cabeça.

— Sr. Styles, qual é o plano? — Sarah pergunta. Harry olha para Louis.

— Lou, vamos buscar as maquiagens do V.

Louis sorri minimamente.
Apesar de tudo, e como sempre foi, Harry ainda era o seu lampejo de luz em meio à um oceano de trevas.

Passado.

Louis já estava em seus 13 anos. E continuava a ser induzido ao Culto à pureza dentro da Seita religiosa liderada por seu pai.
A cada dia, a cada semana, a cada mês, a cada ano, quanto mais o tempo passava sem que aquilo tivesse um fim, mais doente e traumatizado Louis ficava. E mais apegado à Harry, também.

Todo início de mês acontecia a rotina de purificação dentro da Seita. Pela manhã, os seguidores mascarados jejuavam, e passavam a manhã inteira numa banheira de sangue e água; cortavam as palmas das mãos dentro da banheira e deixavam que o sangue se misturasse com a água.

A cada ano, um seguidor se oferecia para ser Sacrificado, em nome dos planos de Deus.

Quando o banho de sangue e o jejum chegavam ao fim, se reuniam para o café da manhã numa grande e longa mesa dentro da área restrita atrás da igreja, onde a Seita acontecia.
O leite era misturado numa jarra com um pouco do sangue do Pastor Norton Tomlinson, e primeiro eles tomavam um pouco, para depois se alimentarem bizarramente com uma página de uma bíblia mergulhada em sangue.