Tomada pela vontade de proteger seu amigo, Sorah elevou a sua magia a um nível altíssimo, a grande carga de poder que percorria seu corpo tornava a ativação do "fóton" cada vez mais poderoso e a esfera brilhante aumentava de tamanho. Voando em velocidade para confrontar Titânio o opositor que tentava impedi-la de alcançar seu amigo, ela mirava o ataque que parecia certeiro, porém no último instante o jovem levantou seu escudo e barrou o golpe.
Mesmo tendo sido bloqueada, Sorah pressionava com o "fóton" e continuava forçando o escudo de Titânio, era um duelo entre ataque e defesa e ambos os lados pareciam balanceado em tamanho de poder. Com a situação fora de controle, Silfo temia que algum de seus garotos se machucassem, e com uma manobra rápida ele surgiu no meio daquele confronto e segurou no braço de sua pupila e a obrigou a encerrar o ataque, tentando amenizar a situação, ele ordenou:
— Vamos nos acalmar, sem precipitações. — Olhando para Titânio com um olhar sério, ele comentou. — Parece que as coisas saíram fora de controle, mas vamos resolver com calma.
Depois de encerrar a algazarra, Silfo pousou perto da grande fogueira e caminhou até o tronco que prendia Urion, com rapidez, ele o soltou e removeu a venda dos olhos do garoto. A grande luz voltou àqueles olhos que em seguida mirou a imagem de sua amiga que se aproximava em velocidade, Sorah o abraçou e o confortou gentilmente, dando-lhe forças depois da grande tribulação.
— Nem sempre regras e a justiça estão do mesmo lado. — Erguendo a voz, Silfo pronunciou. — Foi por situações assim que surgiu os Desertores Vermelhos, fugitivos do sistema magico que oprime e por vezes causa o mal em nome da lei, nessas terras vermelhas julgamos o bem e fazemos sempre o bem, mesmo que tenhamos que curvar as normas.
O reencontro emocionante entre os amigos foi selado por um abraço demorado, afastando-se um pouco envergonhada, Sorah encarava firmemente os olhos de Urion ao falar:
— Estou muito feliz que não o pior não aconteceu. — Limpando os olhos, ela continuou. — Quando eu te vi amarrado na frente da fogueira fiquei desesperada!
— Fui uma situação angustiante. — Ajudando a amiga a limpar as lagrimas, Urion agradeceu. — Obrigado por ter me salvado.
Os dois estavam extremamente próximos e foram rodeados por sentimentos e emoções que fortaleciam aquele laço cada vez mais. Depois de alguns segundos num silencio embaraçoso, Sorah voltou a falar tirando todo o mérito de si:
— Foi tudo graças ao Silfo, ele que interveio. — Olhando para o chão a garota falou tristonha. — Ainda sou muito fraca, não sou capaz de salvar ninguém.
— Está falando da matriarca e da sua prima? — Urion questionou.
— Estou falando de todos!
— Você é uma garota muto forte, mesmo que não queira admitir você me salvou. — Com um sorriso para levantar o astral, ele disse. — E tenho certeza de que vai salvar a sua prima.
Mesmo com tantas aflições a lhe perturbar a mente, Sorah conseguiu sorrir diante do apoio que estava recebendo de seu amigo. Aproximando-se dos dois, Silfo ficou entre eles e apoiou as mãos em seus ombros enquanto falava:
— Esses dois seres merecem grande mérito, salvaram minha vida mesmo lutando contra um inimigo poderoso tiveram coragem de se arriscar para me proteger. — Levantando um dos braços, ele declarou. — Por isso dou-lhes o direto de participarem honorariamente dos Desertores Vermelhos, e com isso finalizo esse julgamento.
Mesmo contrariados os membros aplaudiram a decisão do líder e puderam enxergar e reacender novamente o que aquele grupo representava no mundo magico, eles traziam a verdadeira justiça sem compromisso com regras ou normas, eles carregavam consigo a empatia dos seres mágicos.
O dia estava prestes a nascer e com o final desse discurso, Sorah e Urion despediram-se de Silfo e saltaram ao céu iniciando a jornada de volta para casa. As cinzas da grande fogueira exalavam uma fumaça fraca que escondia a presença de Titânio, o jovem estava decadente, parecia estar sofrendo profundamente, com passos calmos, Silfo o alcançou e suavemente falou:
— Precisamos conversar.
— Eu sei. — Quase aos prantos, Titânio falou. — Saiba que eu aceitarei qualquer punição, mas por favor não me expulse dos desertores, estou aqui justamente para aprender o que vocês pregam, a justiça acima das regras.
— Quanto a isso não se preocupe, não faremos essa injustiça, mas saiba relevar mais as coisas, você teria acabado com a vida de um inocente com essa sua mente rígida.
— Eu sei e farei qualquer coisa para reparar isso.
— Isso tem a ver com o encontro com a sua mãe? — Chegando um pouco mais perto de Titânio, Silfo relatou. — Eu soube que isso mexeu muito com você.
Ao ouvir esse fato, Titânio não conseguia responder, pois as lagrimas abafavam sua voz e tudo o que ele fazia era chorar. Um abraço terno, Silfo o confortou e ofereceu seu ombro para que o jovem pudesse chorar, depois de alguns minutos, ele pode contar:
— Eu a encontrei há alguns dias, brigamos muito e por um momento ela quase conseguiu implantar a regras do sistema em minha mente e eu acreditei estar errado, isso tem martelado na minha cabeça e foi o estopim para que fizesse as coisas terríveis de hoje, mas as suas palavras reacenderam a minha vontade de me livrar das regras da família Metal e viver a verdade dos desertores, não digo que não falharei mais, mas eu pretendo seguir essa doutrina que vocês pregam.
— Luizi é uma mulher forte e muito boa com as palavras, não é à toa que ela dobra todos os seres do instituto magico com mão de ferro. — Afastando-se, Silfo o encarou nos olhos enquanto falava. — Mas você é melhor que um monte de regras e vai conseguir superar esse passado e viver a magia desse mundo.
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Há Magia
FantasiaUm céu real e uma terra servil dividiram uma sociedade em mundo onde há magia. Em meio a conflitos o mundo mágico moldou-se em sua imensidão, cheio de histórias e tradições, seres mágicos convivem entre ordens e leis, ramificados por classes e famíl...