Capítulo VI

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Rodolffo entrou em casa e vinha mais sorridente que o habitual.

Passou pela cozinha e beijou a sua mãe.

- Que aconteceu?  Viste passarinho novo?

- Que é isso mãe?  Não aconteceu nada.  O dia correu-me bem.

- Só isso?  Eu sou tua mãe Rodolffo!

- Só isso.  O jantar ainda demora?

- Não.

- Vou para o meu quarto.

Entrei debaixo do chuveiro e que bom era sentir a àgua cair sobre o corpo.  Deixei-me levar pelos pensamentos e agradeci a Deus a tarde maravilhosa que passei com as duas.

Saí do banho, sequei o cabelo e sentei-me na cama.  Olhei para o número dela e não resistiu a enviar uma mensagem.

Adorei passar a tarde com as duas.
Espero que possamos repetir mais vezes.
Obrigado
Rodolffo

Encostei-me na cabeceira da cama  e fechei os olhos.
Na minha frente surgiu a imagem de Luz e a cobrança.

Faz muito tempo que ela se foi e eu nunca tinha olhado para outra mulher como olhei hoje para Juliette. 

Será que não é certo?  Será que estou a trair a memória dela?
Não.   Eu amei-a muito e fomos muito felizes enquanto estivemos juntos, mas eu mereço recomeçar.  Eu quero recomeçar e voltar a ser feliz.

Desci para jantar e a minha mãe reparou na mudança de humor.

Meu pai conversava com Raffaela, Bárbara e Vítor sobre uma compra qualquer que eles queriam fazer.

Eu ouvia, mas o meu pensamento estava longe.

Após o jantar, a minha irmã e família regressaram a Cascais e o meu pai subiu para o quarto.

Eu estava sentado do lado de fora quando a minha mãe se aproximou de mim.

- Vamos conversar meu filho.  Chegaste tão contente e agora voltaste ao de sempre.  O que foi?

- Mãe, passei uma tarde tão agradável e agora lembrei-me da Luz e fiquei com remorso.

- E essa tarde agradável incluiu uma mulher?

- Sim.  A mãe da Rita.   A menina que veio com a confeiteira.

- Estiveste com ela?

- Encontrei-as na Lagoa Azul e fomos lanchar à Baía.  Conversámos apenas.

- A Luz é passado, filho.  Estiveste muitos anos preso nessas recordações.   Tens que deixá-la ir e refazeres a tua vida.

- E como faço isso, mãe?

- Faz uma oração.   Manda rezar uma missa.  Joga umas flores no mar. Deixa-a descansar na companhia do
Senhor.

A minha mãe era extremamente religiosa e tudo se resolvia com muita oração.

Vai dormir mãe.  Eu vou já de seguida também.

- Boa noite, filho.

- Boa noite, mãe.

Fiquei mais um pouco apreciando a noite.  A temperatura era amena.  Corria um ventinho que esfriava o ambiente, mas nada demais para Cascais e Sintra.  O Verão sem vento não é Verão.

Enquanto isso, Juliette tinha a árdua tarefa de colocar Rita para dormir.

- Amanhã tens colégio,  Rita.   Vai dormir.

- Mãe, tu gostaste do tio?  Nós podemos ir lá um dia?  Ele disse que podíamos.

- Podemos falar isso outro dia e agora ires dormir?  Eu tenho muitas coisas para preparar para amanhã.

- Está  bem, mãe.   Até amanhã.

- Até amanhã meu bijou.

Fui terminar de arrumar a cozinha e preparar a mochila da Rita para o dia seguinte.  Fiz uma lista de compras para fazer no dia seguinte depois do escritório, preparei a roupa que as duas íamos vestir e fui-me deitar, não sem antes de voltar a visualizar a mensagem dele.

Depois da tormentaOnde histórias criam vida. Descubra agora