Conforme estava combinado, domingo chegou e Rodolffo foi buscar Juliette e Rita para almoçar. De seguida iriam fazer o que estava combinado.
Pensem na alegria de Rita. Por ter sido criada sem pai ou porque realmente se apaixonou por Rodolffo, a menina não cabia em si de contente.
Eles caminhavam os três de mão dada pelas ruas de Cascais como se realmente de uma família se tratasse.
Hoje o almoço foi numa das esplanadas do largo Camões. Escolheram um peixe grelhado para os dois, mas Rita preferiu carne.
Juliette analisava o comportamento de Rodolffo. O seu semblante parecia mais leve que da última vez que o viu.
Ele interagia com Rita enquanto ela só observava.
Cortava-lhe a carne, deitava o refrigerante no copo, ajeitava o guardanapo para ela não se sujar, tudo como se de um pai se tratasse.Rodolffo apanhou Juliette a olhar para ele. Fixou os olhos nos dela e perguntou:
- Que foi?
- Nada. Só observando.
- Fiz alguma coisa errada?
- Não. Mimas demais esta miúda. Só isso.
- Ciúmes? Também posso fazer a ti.
- Convencido é o teu nome do meio.
Riram os dois.
- Esqueci-me de um pormenor. A Rita enjoa no barco, ou tu?
- Não. Só andámos uma vez, mas foi tranquilo.
- Ainda bem. Se enjoassem não era possível ir.
Terminaram a refeição e foram até à praia dos pescadores. Dali seguiram a pé até à marina onde iam apanhar um pequeno iate que os levaria para mar alto.
Rodolffo entrou numa florista e comprou um ramo de flores brancas.
Com elas entraram os três para o barco.Juliette segurava a mão dele e reparou que estava suada.
- Estás nervoso?
- Um pouco. Ansioso é o melhor termo.
Ao fim de alguns minutos a navegar, Rodolffo pediu para pararem o iate.
Era mais ou menos ali que ele tinha deitado as cinzas de Luz ao mar conforme o seu pedido.Luz adorava o mar e por isso, apesar de morar em Lisboa, todos os finais de semana iam a Cascais.
Rodolffo segurou a mão de Juliette e Rita e aproximou-se da borda.
Fez silenciosamente uma oração pedindo a bênção de Luz, deu um beijo nas flores, entregou uma a Juliette e outra a Rita e juntos jogaram as flores no mar.Colocou os braços sobre os ombros de cada uma delas e ficou a ver as flores balançarem sobre as ondas.
Juliette deitou a cabeça no ombro dele e passou o braço pela sua cintura.
O momento de contemplação foi interrompido por uma criança curiosa.
- As flores é para os peixinhos?
- Também, mas é para a senhora do mar. Para proteger os barcos e as pessoas. E também para proteger as pessoas que nós gostamos muito.
- E no outro dia que mandaste flores à minha mãe, também era para a proteger?
- Não. Quando damos flores à alguém é porque gostamos muito delas.
- Eu nunca ganhei flores.
- Vamos resolver isso. Da próxima vez dou à tua mãe e a ti, pode ser?
- Pode.
Juliette olhou para mim e perguntou:
- Estás bem?
- Estou. Sinto que o devia ter feito há muito tempo, mas tudo no tempo Dele.
Ficaram ali mais alguns minutos antes de fazerem a viagem de regresso.
Fizeram um lanche ali mesmo na marina e já o sol se punha quando Rodolffo as foi levar a casa.
Esperou um convite de Juliette para ficar, mas o convite não veio.Despediram-se e ele voltou para a quinta.
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Depois da tormenta
Fanfiction...onde houver escuridão, que se faça luz, onde houver ódio, que renasça o amor...