Capítulo III

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Rodolffo subiu até ao seu quarto para tomar um banho.

O ambiente da festa não lhe agradava.  Já tinha dado os parabéns e o presente à sua sobrinha, então não se sentia obrigado a participar.

Depois do banho deitou-se na cama e pensou que se a Luz não tivesse  falecido, poderiam ter um filho com a idade aproximada da Rita.

Eles já tinham feito muitos planos e Luz até já tinha parado o anticoncepcional.

A Rita veio bagunçar os seus pensamentos.  Ele gostou de passar tempo com ela.  A menina além de ser boa conversadora tinha ar de ser bem inteligente.

Enquanto isso no carro de Bete.

- O que é que fizeste com o tio Rodolffo?

- Ele é Rodolffo?  Eu nem perguntei o nome.

- É Rodolffo sim.  Foi a mãe dele que me disse.

- Andei a cavalo, molhei os pés no rio e comi pêssego.

- Foi bom?

- Foi muito bom.  Eu queria ter um cavalo só meu.  Um igual ao Ciclone.

- E punha-lo onde?  No teu apartamento?  Só se a tua mãe comprasse uma quinta.

- Mas o tio disse que eu podia vir andar no Ciclone.

- Foi só para ser simpático.  A tua mãe não vai achar bem.

- Não foi nada.  Ele disse de verdade. Eu acho que ele não é mentiroso.

- Como sabes?  Só o conheceste hoje.

- Eu sinto.  As crianças também sentem.

- Pois sentem.   Quer dizer que gostaste do tio?

- Muito.

Segunda-feira chegou com uma Rita ligeiramente constipada.

- Eu sei, porque um passarinho me contou que a menina andou a meter os pés na àgua gelada.  Agora vais ficar de molho em casa.  Não há infantário hoje.

- Não foi um passarinho, foi a alcoviteira da tia Bete.

- Rita!!!  Isso são modos de falar da tia?

- Porque ela não falou o que é importante?

- E o que é importante?

- Que eu gostei do Ciclone e quero ir andar nele outra vez.

- Esquece o Ciclone.  De certeza que nunca mais o vais ver.  Um dia destes eu levo-te ao hipódromo de Cascais.

O resto  da semana foi toda com conversas entre cavalos, Ciclone, tio Rodolffo.  Rita não falava de outra coisa.

Quando chegou sexta feira ela voltou ao assunto e eu gritei com ela.

- PÁRA!  Não vais andar a cavalo e de castigo este domingo não fazemos pic-nic.

Rita cruzou os braços e amuou.  Correu para o seu quarto e fechou a porta.

Deixei que ela ficasse lá por um tempo e depois fui lá.

Bati e ela não respondeu.

- Rita, filha abre a porta.

Eu sabia que a porta não estava trancada,  mas queria que ela a abrisse.

- Ritinha abre a porta, por favor.

Ela veio abrir a porta e correu a deitar-se na cama.

- Desculpa a mãe por ter gritado contigo.

- Não desculpo.

- Desculpas sim.  A mãe está cansada e tu estiveste a semana toda a falar do mesmo.

- Só desculpo se me levares a andar a cavalo.

- No hipódromo?

- Não.  No tio Rodolffo.

- Rita!  A mãe nem conhece o senhor.   Como é que vou aparecer lá?

- Telefonas.  Ele deu o número à tia  Bete.

- Desculpa filha, mas eu não vou fazer isso.

- As coisas não funcionam assim.  Anda lá jantar.  Depois discutimos novamente esse assunto.

- E eu quero fazer pic-nic no domingo.

- Está bem.  Domingo vamos à Lagoa Azul.

Trabalhei sábado com a Bete numa encomenda de salgados e domingo como habitual dei a minha volta de bicicleta de manhã e à tarde fomos para o pjc-nic.

Depois da tormentaOnde histórias criam vida. Descubra agora