Capítulo XX

45 12 11
                                    

Rodolffo veio veio morar connosco.   Trouxe apenas algumas roupas e depois ia buscar o que necessitasse.

Agora a Rita.  Pensem numa criança feliz quando soube da novidade.

Eu já tinha perdido o meu lugar.  Rodolffo sentou-se no sofá e logo veio a mocinha sentar-se ao lado dele encostando a cabeça no seu braço.   Para que eu pudesse ficar perto era necessário que ela ficasse no colo dele.

Ela sorria para mim quando encostava a cabeça no peito dele.

Vendo a cena, dou-me conta da falta que faz uma figura paterna na vida de uma criança.   Embora elas não verbalizem,  sentem a falta, sim.

Rodolffo não quis contar durante o jantar a conversa com a irmã.  A Rita é muito boa ouvinte e capta tudo.

Já estávamos na cama quando ele começou a falar e contou tudo.

- Isso é tão comum Rodolffo.   As vítimas têm medo.  Muitas vezes não por elas mas pelos que gostam.  Sofrem caladas para não magoar ninguém.

- Mas eu preciso fazer alguma coisa para ajudar a minha irmã.

- Se tu apresentares queixa, ela vai retirar.  Podes ter certeza.
Deixa comigo que eu vou arranjar um jeito de ajudar.

Agora vem cá.  Vamos falar da nossa vida.   Como vai ser daqui em diante?

- Então,  vais ter que me aturar aqui em casa.  Eu não queria, mas a nossa filha pediu!

- Nossa filha, é?

- Claro.  Deixa eu perguntar:  a Rita tem o nome do pai na certidão de nascimento?

- Não.   O pai nem soube que ela nasceu.

- Eu queria dar-lhe o meu nome.  Mesmo que por alguma eventualidade nós não dermos certo, ela já é e vai ser sempre minha filha.

- Tens a certeza?

- Tenho.  Ela adoptou-me juntamente com o Ciclone.   Foi paixão à primeira vista de ambos os lados.

- Está bem.  Vamos fazer isso.   Quando queres?

- Rápido porque quero fazer uma coisa e preciso dessa certidão actualizada.

- E eu não posso saber?

- Não.   Surpresa para as duas.

- Vou castigar-te com beijinhos até contares.

- Só beijinhos não conta.  Precisas muito mais.

- Se eu quisesse mesmo saber tu contava que eu sei.  Era só ....  que tu contavas até os segredos que não te pertencem.

- Só não faço porque não tenho dinheiro para advogado.

- kkkkkkk

- Não rias, é verdade.

Nos dois dias seguintes, Juliette teve várias reuniões.  Mais uma vez reuniu com o comandante da polícia a pedido deste.

Trocaram várias impressões sobre vários temas e entretanto chegou sexta feira.

Juliette acordou de manhã,  fez o pequeno almoço e já mesa disse a Rodolffo:

- Este final de semana vamos passar fora.  Eu saio mais cedo, busco a Rita no colégio e quando tu chegares saímos.

- Porquê?  Não tínhamos  combinado nada.

- É necessário, mas não iremos longe.  Só precisamos mostrar que não estamos em casa.

- Juliette,  o que se passa?  Não estou a gostar disso.

- Reservei hotel na Ericeira.  Depois eu explico,  disse olhando para ele e para a Rita.

- Ele percebeu e não fez mais perguntas.

Ao final da tarde regressava a casa com Rita.

Estacionei em frente ao prédio e o porteiro conversava com o vizinho barulhento.

- Quer que lhe arranje lugar para estacionar, doutora?

- Não,  sr. Domingos.  Obrigada,  mas
daqui a pouco vou sair.  Vou viajar no fim de semana.

- Ena!  Hoje posso ouvir música à vontade, disse o marmanjo.

- Pode, desde que os outros vizinhos deixem.

- Só a doutora é que se incomoda.  Ninguém mais refilou.

- Não tenha tanta certeza.  O facto de eu ter dado a cara sempre, não quer dizer que só eu me incomodo.  Passe bem, sr. Domingos.

- Bom fim de semana, doutora.

Subi com a minha filha e fui preparar umas roupas para levar.   O facto de ter encontrado o fulano não estava nos planos, mas caiu muito bem.

Rodolffo chegou uma hora depois.  Tomou um banho e partimos para a Ericeira  que não ficava assim tão  longe.

-

Depois da tormentaOnde histórias criam vida. Descubra agora