Capítulo II

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Finalmente a confeiteira chegou.

Bete pediu desculpa pela atraso.

- Eu não sabia que o acesso aqui era tão movimentado ao fim de semana.
Apanhei uma operação stop.

- Pois é.  É por causa dos motards que vão para a concentração no Cabo da Roca.

- Peço desculpa, mas tive que trazer a Rita comigo.   Ela é filha de uma colaboradora minha e nos finais de semana fica connosco na fábrica pois só tem 5 anos.

- Tia Bete.  Eu tenho quase 6 anos.

- Quase, Rita.  Só tens 5.
Agora deixa a tia trabalhar.  Não faças asneiras nem vás para longe.

- Está bem.

Eu tinha que terminar a decoração de alguns bolos aqui no local por serem mais fáceis de transportar sem decoração.   Então ainda tinha algum trabalho.

Rita afastou-se um pouco do local onde estava a tia.  Passou pela piscina e foi atrás de um cachorrinho.

A quinta possuía dois cavalos.  O cachorrinho conduziu Rita até às boxes.  Ela era doida por animais e ficou encantada quando os viu.

- Gostas de cavalos?  Uma voz soou atrás dela.

- Gosto muito.

- O que estás aqui a fazer sózinha?

- Eu vim com a tia Bete.  Ela ficou a fazer o bolo e eu vim atrás do cão.

- Como te chamas?

- Rita.

- Rita,  sabes que é perigoso para crianças estarem aqui.

- Eu já andei a cavalo.

- E gostaste?

- Muito.

- Queres andar de novo?

- Quero. 

- Então vamos pedir à tua tia.

Rodolffo tinha chegado de bicicleta e preparava-se para selar um dos cavalos para ir dar uma volta quando encontrou a criança.

Foram até casa onde Bete decorava os bolos.

- Olá.  Encontrei esta menina já um pouco afastada daqui.

- Rita!  Eu não disse para não ires para longe?

- Não tem problema.  Eu só vinha pedir se posso dar uma volta com ela a cavalo.

- Mas não vai incomodar?  Eu sei que ela adora cavalos, mas se ela se magoar o que eu digo à mãe.

- Eu ando devagar.  Não vou a galope com ela.

- Está bem.  Seja o que Deus quiser.   Vai lá pestinha, mas primeiro come esta maçã.

Lá fomos os dois.  A maçã acabou por ir para a boca do Ciclone.

Coloquei a Rita na garupa e lá seguimos a passo.
Ela segurava as rédeas juntamente comigo e falava directamente com o cavalo.

Andámos uns bons 20 minutos e desmontámos perto do riacho.

- Tio,  eu posso molhar os pés?

- Só os pés.  Não quero que a tua tia ralhe comigo por te sujares.
Vou apanhar pêssegos para comer.

- Eu não gosto com pelos.

- Mas quando lavamos os pêssegos os pelos desaparecem.

- Tá bom.

Sentei-a numa pedra com os pés dentro de àgua.  Apanhei os pêssegos num pessegueiro mesmo ali à beira e lavei-os na àgua corrente.

Entreguei-lhe um e comecei a comer o outro.

- Uhmm!  Que delícia.

- É bom, não é?

- Muito bom.
Sabes tio, qual é o meu lugar preferido?

- Qual?

- A lagoa Azul.   Eu costumo ir com a mãe fazer pic-nic ao domingo à tarde.

- É muito lindo.  Estive lá há bocado.  Fui de bicicleta.

- A minha mãe também gosta de andar de bicicleta.   Ela vai de manhã sózinha e de tarde vamos de carro à Lagoa Azul.

- Todos os domingos?

- Só quando a mãe tem trabalho na tia Bete é que não vamos.

- A tua mãe faz bolos?

- Só as vezes.  A mãe é advogada.

- Vamos voltar?

- Vamos,  mas eu já gosto muito deste lugar.

- Mais do que da Lagoa?

- Não.   A Lagoa está em primeiro lugar.

Fizemos o caminho de volta e fomos recolher o Ciclone.

O trabalho da tia Bete tinha terminado e estava na hora de ir embora.

Passei o meu contacto à tia e disse que a podia trazer quando quisesse para andar a cavalo.

Dei-lhe um beijo e ela abraçou-me pelo pescoço ao mesmo tempo que me dava um beijo na bochecha.

Depois da tormentaOnde histórias criam vida. Descubra agora