Segunda feira.
Juliette chegou ao escritório e verificou o trabalho do dia. Como não tinha nenhuma reunião marcada resolveu sair e ir tratar de um assunto que não lhe sai do pensamento desde ontem.
Deslocou-se à esquadra da PSP, cujo comandante era seu conhecido e pediu para ser recebida.
O comandante Costa logo a recebeu no seu gabinete.
- Bom dia doutora. Tão cedo? O que a trás por cá.
- Hoje venho não como advogada, mas como uma simples cidadã.
- Então diga. Aceita um café?
- Se não for incómodo.
O comandante dirigiu-se à máquina e trouxe dois cafés.
Juliette explicou tintim por tintim ao que vinha e o comandante tomava notas.
Ao fim de algum tempo ela levantou-se para ir embora.
- Obrigada comandante pelo seu tempo.
- Disponha sempre doutora.
Voltei ao escritório e segui com o meu dia normal.
Rodolffo ligou à hora de jantar para falar com a Rita e eu pedi para ele me ligar mais tarde quando eu já estivesse livre de tarefas.
- Mãe, porque o tio não veio hoje? Agora são namorados.
- Mas os namorados não ficam todos os dias na casa das namoradas.
Só os casados é que ficam juntos na mesma casa.- Ai é? Só os casados? Eu quero ligar ao tio, posso?
- Mas falaste agora mesmo com ele.
- Mas eu quero dizer uma coisa que eu não disse.
Juliette fez a ligação.
- Aconteceu alguma coisa para estares a ligar?
- Não. A Rita diz que tem uma coisa que não disse.
Vou-lhe passar.- Diz minha filha.
- Filha? Ó tio. Eu quero que tu durmas sempre aqui. A mãe diz que só os casados dormem sempre na mesma casa, então tu e a mãe têem que ser casados.
- RITA!!!
- O que foi, mãe. Tu disseste.
- Desculpa, Rodolffo. Esta miúda está muito abusada. Depois conversamos que eu preciso falar com ela.
- Deixa só eu dar-lhe tchau.
- Ritinha, amanhã vou aí e conversamos está bem?
- Tá. Agora já sei que vou levar bronca da mãe.
- Diz à mãe que eu disse para não dar bronca. Tchau.
- Rita, não podes dizer essas coisas. Isso são assuntos de adultos.
- Oh mãe. Eu sou pequena, mas um dia o tio dorme aqui, no outro dia não, hoje não veio, amanhã diz que vem. Ele chamou-me filha, eu tenho uma vó e não tenho pai. Isso é muito confuso.
- Tu querias que ele ficasse sempre connosco?
- Queria. E eu queria outra coisa, mas tu vais brigar comigo.
- Não vou não. Vem cá para o meu colo e diz-me o que querias.
- Queria que o tio fosse o meu pai. Na escola todos os meninos têem pai menos eu e o Artur.
Juliette apertou a filha contra o peito e deixou cair duas lágrimas.
- Mas tens uma mãe que te ama muito. Agora vamos dormir que está na hora.
Juliette deitou a Rita e foi para o seu quarto. Deitou-se e logo chegou a chamada de Rodolffo.
- Oi, amor. Como está a Rita?
- Toda confusa. Porque não tem pai, tu és tio, a tua mãe é vó, um dia dormes cá outro não. Tadinha da minha menina.
- Queria estar aí para lhe dar um aconchego. Eu disse-lhe que ia amanhã.
- Vem amanhã e depois, e depois. Também já estou com saudades.
- Posso? Eu queria tanto, mas não queria apressar as coisas por isso não pedi.
- Se lixe se não der certo. É tentando que sabemos.
- Amanhã vou convidar a Raffaela para almoçar comigo. Queres ir também?
- Prefiro que conversem os dois sózinhos. Outro dia vamos os três.
- Então tá. Vai dormir que é tarde. Um beijo grande.
- Para ti também. Desliga.
- Desliga tu primeiro.
Desliguei e fiquei abraçada à almofada que ainda tinha o cheiro dele.
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Depois da tormenta
Fanfiction...onde houver escuridão, que se faça luz, onde houver ódio, que renasça o amor...