Capítulo XV

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Acordámos na manhã seguinte e ficámos de chamego na cama.  Ainda era cedo.

Rodolffo já veio todo meloso querendo fruta.  Fizemos um amor gostosinho e rápido.

Vestimos o nosso equipamento de ciclismo, tomámos o pequeno almoço, coloquei a minha bicicleta na carrinha dele e fomos levar a Rita.

Deixámos o carro em casa da Bete e seguimos para o nosso passeio.  Por vezes ele acelerava para ver se eu o acompanhava, mas logo desistia porque esta pessoínha tem muitos kms rodados.

Fizemos a chamada volta saloia.  Em cima da bicicleta eu esqueço todos os problemas.   O mal chega quando coloco o pé fora do pedal.

Por volta do meio dia já estávamos de regresso para buscar a nossa pestinha.

Bete chamou-me à parte para me dizer um segredo que a Rita contou.

- Tia, eu acho que a mãe e o tio são namorados.  Hoje eu espreitei no quarto da mãe e eles estavam aos beijinhos na cama.

- Meu Deus, como fomos descuidados.  Será que ela viu mais alguma coisa?

- Ela diz que só viu isso e depois voltou para o quarto dela.  Eu puxei por ela e ela não disse mais nada.

Voltámos para casa e contei ao Rodolffo.   Agora vamos tomar banho e ela vai ver que vamos juntos,  ou devemos ir separados?

- Deixa que eu resolvo já, diz ele.
Rita, vem aqui conversar com a mãe e o tio.

- Que foi?  Eu portei-me bem.

- Muito bem.  Sabes que eu dormi aqui no quarto da mãe?

- Sei.  Eu vi os dois darem beijinhos.

- E quem dá beijinhos é?

- Namorado.

- E queres que eu seja namorado da mãe?

- Quero.

- Pergunta à mãe se ela também quer.

- Queres, mãe?

- Sim.

- Pronto.  Agora somos mesmo namorados.   Estás feliz?

- Muito, diz ela atirando-se ao pescoço dele.

Agora a mãe e o tio vão tomar banho para irmos almoçar fora e passear.  Vai brincar no teu quarto que eu depois venho arrumar-te.

Assunto  resolvido.  Oficialmente namorados.

Entraram na casa de banho e Rodolffo levantou-a no ar ao mesmo tempo que a beijava.

- O mundo das crianças é tão mais fácil.  Obrigado minha namorada.

- Obrigada meu namorado. 

- Podemos não ir minha mãe hoje?
Estou tão feliz que não queria estragar o dia.

- Não vais estragar.  Eu só quero dizer umas verdades à tua irmã.   Abrir os olhos dela.  Não vou fazer barraco.

Almoçaram num dos restaurantes da Marina e seguiram para Sintra.

- Só queria pedir-te um favor.   Depois das apresentações tenta tirar toda a gente e deixar-me a sós com a Raffaela.

- Não deve ser difícil.  A esta hora o meu pai e o Vítor já devem estar a dormir.   Levam a tarde a dormir.
A Bárbara deve estar na piscina, só fica a Raffaela e a minha mãe a prosear.

- Óptimo.  Nesse caso levas a tua mãe e a Rita.

Parecia simples mas para mim que evito confusão não era tão simples.

Assim que atravessámos o portão,  senti o acelerar do meu coração.
Juliette percebeu e apertou-me a mão.

Estacionei o carro e saí com elas de mão dada.

A minha mãe estava sentada fora de casa, mas nem sinal da outra gente.

- Boa tarde, mãe.   Sózinha?

- O costume.   A Raffaela foi lá dentro e os outros já sabes.

- Mãe, esta é a minha namorada, Juliette.

- Muito gosto dona Laurinha.

- Também tenho muito gosto,  minha filha.  Como estás Ritinha?  Dá um beijo à vó.

- Mãe, só viemos porque a Juliette quer conversar com a Raffaela.   Podes ir chamá-la?

- Oh minha filha!  Esquece esse assunto.  Eu já falei com ela ontem.  Ela prometeu não fazer mais.

- Dona Laurinha, é só mesmo uma conversa.  Não vamos brigar.

Depois da tormentaOnde histórias criam vida. Descubra agora