Deixei minha irmã e sobrinha com os meus pais e voltei.
Juliette ainda estava em casa de Raffaela. Os agentes aguardavam pelo delegado de saúde para retirarem o corpo de Vítor.
Juliette conversava com os agentes quando eu cheguei. De seguida despediu-se e fomos para casa.
- Como elas ficaram?
- A Bárbara está assustada, mas a Raffaela por incrível que pareça está calma. Ou falsamente calma, vamos ver amanhã.
- E o ferimento na cara da Bárbara. Não necessita hospital?
- A minha mãe fez um curativo. É coisa superficial. Creio que nem vai deixar marca.
- Vamos dormir, amor. Já é tarde e amanhã precisamos acordar cedo. A tua irmã precisa prestar depoimento e ser presente ao juiz.
- Achas que vão detê-la?
- É possível, mas eu vou tentar que ela responda em liberdade.
- Vais defendê-la?
- Se ela me aceitar, vou.
- Obrigado por tudo e por estares connosco.
Acordámos bem cedo. Mandei uma mensagem à Bete e ela logo respondeu para não me preocupar com a Rita.
A notícia da operação já estava em todas os meios de comunicação. Não se falava de outra coisa.
Eu e Rodolffo fomos buscar a Raffaela e mal chegámos dona Laurinha chamou-me à parte.
- Juliette, eu estou assustada. Ontem fui ajudar Raffaela a tomar banho e fiquei assustada com o que vi. Ela tem o corpo todo marcado.
- Marcado como? Ela disse ao Rodolffo que ele não a agrediu fisicamente.
- É mentira, Juliette. E são agressões recentes. Até queimaduras. Eu não imagino o que aquela besta fez com a minha filha.
- Deixe-me falar com ela a sós.
Juliette foi ter com Raffaela ao quarto e pediu a Bárbara para sair.
- Falei com a tua mãe. Queres que eu te represente?
- Quero.
- Então tens que ser sincera comigo. Mostra-me as marcas das agressões.
Raffaela despiu-se e Juliette pode verificar por si que ela era sim agredida e há muito tempo.
- Porque te calaste, Raffaela?
- Ele ameaçava os meus pais. Quando vinhamos passar o fim de semana ele vinha sempre armado.
- Por acaso ele também agredia a Bárbara?
- Eu julgo que não.
- Veste-te. Temos que passar primeiro no hospital. É importante levarmos essa informação ao juiz. Eu e Rodolffo estamos à espera lá fora.
Saí e fui conversar com a Bárbara.
- Eu sei que ainda deves estar em choque, mas eu preciso de fazer algumas perguntas para ajudar a tua mãe.
O teu pai também te agredia?- Nunca me tocou até ontem.
- Sabias que ele agredia a tua mãe?
- Sabia, mas nunca vi. Quando ele saía de casa a minha mãe ficava sempre a chorar.
- Porque é que nunca disseste nada a ninguém?
- Porque desde criança eles sempre me ensinaram que o que acontece dentro de casa fica em casa. A mãe estava sempre a dizê-lo.
- Tens que vir connosco. E possível que o juiz queira ouvir a tua versão do que se passou.
- A mãe vai ser presa?
- Não penses nisso. Pensa só que daqui prá frente as coisas vão melhorar para as duas.
Saímos em direcção ao hospital. Raffaela passou por uma série de exames. Ia ser presente ao juiz no final da tarde, por isso dava tempo de sair o relatório que eu mesma ia levantar.
Seguimos para a esquadra de polícia onde ela contou tudo o que aconteceu.
Rodolffo acompanhou-nos sempre e principalmente tentava dar força à sobrinha enquanto nós estávamos lá dentro.
Saímos dali e fomos todos para minha casa. Acertei alguns pontos com Raffaela e preparámo-nos para a audiência.
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Depois da tormenta
Fanfiction...onde houver escuridão, que se faça luz, onde houver ódio, que renasça o amor...