Capítulo XVI

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A mãe foi chamar Raffaela e demorou um pouco para voltar.

Levei-a juntamente com Rita para ver o Ciclone.   Pelo caminho dei um olá na Bárbara que como de costume não sai da àgua.

- Não estejas preocupada,  mãe.  A Ju é muito sensata.

- Eu só quero que tudo fique em paz.
Eu acho que a tua irmã está com alguns problemas e não quer contar.

- É bem possível, mas não lhe dá o direito de destratar os outros e muito menos uma criança.

- Já briguei muito com ela, ontem.

Raffaela chegou bem mansinha junto de mim.  Eu estava sentada na cadeira que antes era ocupada por Laurinha.

- Senta-te, disse eu.  Vamos esclarecer uns assuntos.

- O que te fez a minha filha para a tratares como trataste, ontem?

- Ontem eu estava nervosa.

- E descontas na criança.   E se eu fizesse o mesmo com a Bárbara?
Se em vez de ser o Rodolffo a estar com a Rita, fosse eu, tu ias provar a força da minha mão.
Não vou admitir que a minha filha seja humilhada.  Feia?  Insuportável?

E tu és o quê?

Um fantoche nas mãos do teu marido.  Não gostares de mim porque o teu marido te contou vá-se lá saber o quê.

Pensa por ti.  Acaso sabes o que se passa naquele apartamento?  Isso ele não te conta.

- Ele diz que se reúne com amigos para ver futebol.

- Devem estar sempre a meter golos, porque a gritaria é de lascar.  E desde quando futebol se assiste com música no máximo volume? Mas isso é assunto que não me interessa.  Vou continuar a chamar as autoridades quando me sentir incomodada, vou.

O assunto principal que me trouxe aqui nem é esse.  A mim só me interessa a minha filha e ai de quem se meter com ela.  Entendidas?
Cria vergonha na cara.

- Desculpa, Juliette.   Eu realmente não estava bem ontem.  Não quero que os meus pais saibam, mas o meu casamento não vai bem.

- És nova.  A tua filha está bem grandinha.   Se precisares de conversar, apesar de tudo eu estarei disponível.   E se precisares dos meus serviços profissionais ou de um colega meu, também podes dispor.

E não guardes para ti.  O teu irmão já percebeu.  Conversa com ele.

Mandei mensagem a Rodolffo que já podiam regressar.

Rita assim que viu Raffaela escondeu-se atrás de Rodolffo.

- Vem cá, Rita.  Vem à tia Raffaela que eu quero falar contigo.

Rodolffo aproximou-se da irmã com Rita ao colo.

- A tia ontem estava doente e por isso falou aquelas coisas feias.
Desculpa.  Tu não és feia.  És muito bonita mesmo e também não és insuportável.   Eu é que sou insuportável quando estou doente.
Desculpas?

Rita envergonhada acenou que sim.

- Então dá um beijo na tia.

Rodolffo deu um beijo na irmã e foi seguido por Rita.

- Agora podemos ir embora, diz Juliette.

- Ah não!  Fiquem para lanchar e jantar, disse Laurinha aproveitando que aparentemente estava tudo bem.

- Queres ficar, amor?

- Rodolffo olhou para mim e eu sabia que sim.

- Ficamos sim, dona Laurinha.

- Tira aí essa dona.  É só Laurinha.

- Eu quero ir para a piscina, diz Rita.

- Nem trouxeste biquíni.

- Está aqui o de ontem.  Já o lavei e está seco. Vem que a vó ajuda-te a vestir.

As duas saíram e Rodolffo foi abraçar a irmã que estava com os olhos húmidos.

- Desculpa mano, as barbaridades que falei ontem.

- Esquece.  Lembra-te  só que somos uma família e sempre nos ajudámos.
Eu estarei sempre aqui.

Saí dali com a minha namorada e fomos dar uma volta pela quinta.  Fui apresentar-lhe o famoso Ciclone  e alguns outros animais.

Depois da tormentaOnde histórias criam vida. Descubra agora