Capítulo XXIII

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O juiz permitiu que Raffaela  aguardasse o julgamento em liberdade.

Ao todo foram presas 10 pessoas, mas só 4 se mantêm  nessa situação.

Os homens e mulheres presos no apartamento ao lado da Juliette foram soltos pois ficou provado que apenas se encontravam ali para consumir e se prostituir.

O dono do apartamento e três funcionários do bar ficarão presos até o julgamento.
Ao todo foram apreendidos mais de 10 kgs de cocaína.

O julgamento de Raffaela foi rápido e como esperado, foi ilibada e considerado que agiu em sua defesa e na defesa da filha.

Eu li o relatório médico e se já tinha ficado chocada com as lesões visíveis,  as lesões internas eram ainda mais aterradoras.  Quando interrogada, Raffaela desfez-se em lágrimas ao descrever os actos de sodomização a que foi sujeita.

Para bem deles,  não deixámos os pais assistirem e quando ela teve que descrever estes actos olhou para mim e para Rodolffo.   Eu entendi, fiz sinal a Rodolffo e pedi-lhe que saísse da sala.

No final de tudo, dei um abraço na minha cunhada dizendo-lhe que o caminho agora era em frente e que contasse comigo sempre.

À saída do tribunal, Raffaela pediu ao irmão para colocar à venda o bar e a casa.
Para mudar de vida precisava desfazer-se do passado.

Três meses depois...

Raffaela conseguiu arranjar um emprego de guia turística e passa a maior parte do tempo a viajar.

Bárbara vive com os avós mas vem todos os dias para o colégio em Cascais.  Uma vez ou outra fica em casa dos tios, principalmente quando rola uma festa.

Com os últimos acontecimentos a questão da paternidade da Rita ficou de lado, mas hoje Rodolffo estava com a certidão de nascimento dela actualizada nas mãos.

Hoje estou muito feliz.  Legalmente sou pai de uma menina linda e inteligente que me adoptou à primeira vista.
Cheguei  a casa com dois buquês de flores.  Um maior que o outro.

Encontrei as duas princesas na cozinha a preparar o jantar.

- Pára tudo que o pai do ano chegou.

Dei um beijo a cada uma delas e entreguei-lhes as flores.

- Hoje vamos comemorar uma coisa boa, Rita e Juliette.

- O quê?  Perguntaram as duas em uníssono.

Retirei a certidão do bolso e sentei-me em frente às duas.

- Rita,  este papel diz que agora não sou mais teu tio.

-  Vais embora daqui?

- Não.   Este papel diz que agora eu sou o teu pai. 

Rita pulou no colo dele e começou a dar-lhe beijinhos.

- E verdade, mãe.  Não me estão a enganar?

- É verdade sim filha.  O Rodolffo é o teu pai.

- E eu posso chamar de pai?

- Podes.

- Pai.  Eu tenho um pai.  Afinal eu também tenho um pai.

Rodolffo deu-lhe um abraço apertado e um beijo.  Sentou-a no sofá e disse:

- Agora deixa eu falar com a mãe.

- Podia ser em privado, num jantar à luz de velas, com champanhe.  Podia ser acompanhado de um passeio à beira mar ou numa viagem qualquer,  mas não há lugar melhor que a nossa casa nem testemunha melhor que a nossa filha.
Casa comigo!!!!

Retirei um par de alianças e mostrei.

- Caso sim.

- Deixas-me casar com a mãe.

- Casar?  Tu e a mãe, vão casar.

- Vamos.

- E eu vou ao casamento?

- Claro que vais.  Quem vai acompanhar a mãe?

- Eu, claro.

Coloquei a aliança e um anel no dedo dela e ela no meu.

De uma outra caixinha retirei uma outra aliança igual às nossas e  coloquei no dedo da Rita.

- Eu também vou casar?

- Quando fores grande.  Essa aliança é só aliança de filha.

- Ela é tão linda, pai.  Nunca mais a vou tirar.

Rodolffo ouviu ela pronunciar outra  vez a palavra pai e sentiu o coração preenchido.  Pegou nela ao colo e beijou Juliette.

- Agora ficas aqui um bocadinho que a mãe vai mostrar uma coisa ao pai lá no quarto.

Rodolffo sorriu e passou a língua pelos lábios com ar de safado.

- Não é  nada disso.

Entraram no quarto e Juliette abriu a gaveta da sua roupa íntima.

- Não precisa.  Pode ser sem dúvida ele abraçando-a por trás.

- Rodolffo!! Que pervertido.

- Fecha os olhos e abre a mão.
Podes abrir.

Juliette colocou um teste de gravidez  na mão dele onde mostrava positivo.

- Jura?  Meu Deus,  é muita emoção para um dia só, disse de lágrimas nos olhos.

- É verdade amor.  Hoje ganhaste 2 filhos e uma noiva.  Muito sortudo.

- Amo-te tanto, tanto.  A ti também meu bébé pequenino.  Vamos contar à Rita?

- E muita coisa para um dia só, e eu só queria contar aos outros depois dos 3-4 meses.  Se dissermos à Rita já sabes.  Adeus surpresa.

Beijei-a com tanta vontade e só não fizemos amor porque ouvimos a nossa filha chamar.

Esta história começa quando uma criança se apaixona por um homem e um cavalo.

Dessa paixão resultou uma família que quer reescrever a história, história essa que há-de ter muitos capítulos e novos personagens.  O próximo vem já a caminho, mas haverá outros.

FIM

Depois da tormentaOnde histórias criam vida. Descubra agora