Capítulo VIII

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Já eram 22 horas.  Juliette foi deitar Rita que já dormitava com os blocos de lego na mão.

Enquanto esperava Rodolffo serviu-se de um whisky.   Estava um pouco nervoso.

Juliette regressou e convidou-o para irem para o sofá.   Ele trouxe o whisky e ela continuou com o vinho.

- Fica à vontade se quiseres ir embora.  Não conheço os teus hábitos e não te quero prender aqui.  É sexta feira e de certeza que tinhas um programa melhor.

- Não me conheces.  Se não estivesse aqui estaria de certeza em casa.

- Porquê?  Ainda és jovem.  O que te faz ser tão recatado.

- Eu já fui casado, Juliette.  A minha esposa faleceu há anos.

- Desculpa.  Não sabia.  É difícil falares do assunto?

- Não gosto de lembrar. 

Rodolffo pegou no copo e bebeu todo o whisky de um trago.

- Ein!  Calma.  Lembra-te que vais conduzir.

Rodolffo encostou-se no sofá e deitou a cabeça para trás.

- O que foi Rodolffo?  Alguma coisa que eu falei?

- Não.

- Então,  porque ficaste assim?

- Tem uma coisa que eu estou com vontade de fazer desde que te vi.

Rodolffo segurou no rosto dela e beijou-a.  Juliette foi apanhada de surpresa, mas não se afastou.  No instante seguinte os braços dela rodearam o seu pescoço enquanto ela a deitava no sofá.

Seguiu-se uma serie de beijos e amassos e então Juliette levantou-se e segurando a mão dele levou-o até ao seu quarto onde se entregaram aos prazeres da carne.

Quando por fim se deram por saciados, Juliette não deixou ele ir embora.  Dormiram de conchinha a  noite toda.

Rodolffo foi o primeiro a acordar.  Olhou à volta e sorriu.

Foi à casa de banho, lavou o rosto e saiu do quarto depois de lhe dar um beijo.
Na sala encontrou a camisa e o telemóvel.  Vestiu-se e saiu.  Já no carro enviou-lhe uma mensagem.

Desculpa sair assim, mas não queria que a Rita nos visse.  Não por mim, mas fiquei com receio por ti.
Foi uma noite maravilhosa.
Falamos depois.
Beijo

Era verdade.  O que diríamos a uma criança se ela nos visse.  Não quero complicar a cabecinha dela.
Passei no Centro comercial, comprei chocolates e um buquê de girassóis e pedi para entregarem na casa dela.

Acordei e estava dorida.  A última pessoa com quem fiz sexo foi o pai da Rita.  Fazia anos.
Relembrei a noite passada e fiquei triste por ele não estar ali.

Fui ver as horas no telemóvel e vi a mensagem dele.  Sorri e chamei-lhe tolo.

Tomei um banho e quando estava a fazer o café para tomar o pequeno almoço, tocaram à campainha.

Abri a porta e vi o mais lindo buquê de girassóis e ainda chocolates.   Agradeci ao e entregador e abracei as flores.

Coloquei os girassóis numa jarra com àgua e fui acordar a minha filha.

Encontrei-a já acordada e de volta dos legos.

- Vem tomar o pequeno almoço, Rita.

- Mãe, o tio hoje também vem?

- Não.  Hoje não vem.

Fui responder à sua mensagem com um simples,

Também gostei muito.
Obrigada pelos girassóis e chocolates.
Ju

Hoje já faz quinze dias depois dessa noite.  Rodolffo nunca mais telefonou nem apareceu.  Eu tenho vontade de saber dele, mas tenho medo de respostas.  Não sei o que vai na mente dele, nem o porquê do afastamento.

Liguei para a imobiliária e perguntei por ele sem me identificar.  Disseram-me que ele estava para Lisboa fazia três dias.

Resolvi não me atormentar com isso e tentar seguir com a minha vida normal.


Depois da tormentaOnde histórias criam vida. Descubra agora