II: Bem-vinda, Rory!

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"Hey, hey, you, you

I don't like your girlfriend

No way, no way

I think you need a new one

Hey, hey, you, you

I could be your girlfriend".


— Girlfriend, Avril Lavigne.



Respiro fundo, sentindo o tecido da minha blusa preferida contra a pele. É um dia claro, e o sol brilha através das folhas das árvores enquanto caminho em direção à escola. Meu coração bate com uma mistura de nervosismo e expectativa; é um novo começo, uma tela em branco.

Os sons da cidade me acompanham, o burburinho distante do tráfego e as conversas animadas dos passantes.

Estou de pé diante da escola nova, o coração batendo no ritmo da minha própria expectativa. Respiro fundo, sentindo a brisa da manhã de Athens acariciar meu rosto. Escolhi minha roupa com cuidado esta manhã, uma expressão do meu eu interior: uma camiseta vintage e jeans desbotados que me fazem sentir autêntica, pronta para enfrentar esse novo mundo.

Posso parecer esperançosa demais, mas depois que se perde absolutamente tudo e todos que tem, a única solução é tentar encontrar algo que não me faça surtar. E por mais que meu luto já tenha passado, ainda, sim, eu não me reconstruí por completo. Acho que uma parte de mim sempre estará vazia.

Caminho pelos corredores, absorvendo os sons e as cores. Estudantes passam por mim, cada um imerso em seu próprio universo, e eu me pergunto onde me encaixo nesse mosaico.

— Rory, certo? — Uma voz feminina corta meus pensamentos. Olho para o lado e vejo uma jovem, aproximadamente da minha idade, com um sorriso que ilumina o corredor. — Me chamo Esther. Sou ajudante da docência. Se precisar de alguma coisa, estou aqui.

— Obrigada, Esther.

Ela me acompanha até a sala de aula, onde sou recebida por olhares curiosos. O professor me apresenta e eu sinto o calor das boas-vindas em cada aceno e sorriso.

— Bem-vinda, Rory — diz ele me olhando quando paro em frente à porta da sala de aula. — Pode escolher se sentar dentre as classes vazias.

Entro na sala de aula e escolho um lugar ao fundo, perto da janela. A luz do sol entra suavemente, mas não ao ponto de os raios solares encostarem na minha pele, criando um ambiente acolhedor para mim. Sento-me e arrumo meus materiais, observando alguns dos outros alunos encontrarem seus lugares. Alguns acenos e sorrisos tímidos são trocados, e eu sinto uma pontada de esperança de que farei amigos aqui. Para mim, é difícil fazer amigos. Sempre foi assim. Infelizmente.

Durante a aula, um rapaz chama minha atenção. Ele está sentado duas fileiras à frente à minha direita, e há algo nele que parece... diferente. Seus cabelos são pretos e lisos e um pouco longos demais para serem considerados convencionais; ele tem uma postura que sugere confiança, com um pouco de arrogância. Aparentemente, um estilo "boy dark". Quando nossos olhares se cruzam brevemente, ele me dá um meio sorriso enigmático antes de voltar sua atenção para o professor. Quem será ele?

O sinal para o almoço soa e eu sigo o fluxo de estudantes até o refeitório. O aroma de comida caseira me envolve e meu estômago ronca em antecipação. Pego uma bandeja e me sirvo de uma porção generosa de lasanha e uma salada de brócolis. Amo brócolis. Procurando um lugar para sentar, vejo o rapaz misterioso de antes sentado sozinho em uma mesa no canto. Olhando de longe, reparo pela primeira vez no quão alto ele é. Acho que um metro e noventa, talvez.

Mystic Blood (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora