"Do I feel too much?
Tell me, do I feel too much?".
— Please Don't Go, Abbey Glover.
O som insistente de batidas na porta me arranca do abismo dos sonhos. Meus olhos se abrem com relutância, e por um momento, a luz do quarto parece se fundir com as sombras dos meus pensamentos. A luz do amanhecer se infiltra pelas frestas da janela, lançando um brilho dourado sobre as paredes.
— Rory! Você está atrasada para a escola! — A voz do meu tio, abafada pela madeira da porta, carrega uma mistura de preocupação e pressa.
Eu me sento na cama, o coração ainda pesado com o peso das revelações da noite passada. Respiro fundo, tentando afastar a névoa do sono e a ansiedade que se entrelaça em meu peito. O ar frio da manhã acaricia minha pele, e eu me encolho sob as cobertas por mais um segundo, desejando poder me esconder do mundo e de suas expectativas.
Só mais cinco minutinhos...
Mas o tempo é um luxo que não posso me dar. Com um suspiro resignado, eu me levanto, sentindo o chão frio sob meus pés descalços. O quarto está em desordem, um reflexo do caos da minha mente — roupas espalhadas, livros abertos com suas espinhas quebradas, e papéis com anotações rabiscadas em uma caligrafia apressada.
— Rory, vamos lá! Você não quer chegar atrasada! — Tio Benjamin grita de trás da porta.
— Estou indo, tio! — Minha voz sai mais áspera do que pretendia, a irritação de ser acordada tão abruptamente misturada com a gratidão por ter alguém que se importa.
Eu me arrasto até o armário, escolhendo uma roupa ao acaso. Cada movimento é mecânico, minha mente ainda presa nas páginas do livro dos Lancasters e nos nomes que ele guarda. Enquanto me visto, o reflexo no espelho me mostra uma garota que parece a mesma de sempre, mas que se sente transformada por dentro.
Como posso ir para a escola e fingir que sou uma estudante normal depois de tudo?
O som de uma mensagem chegando no meu celular quebra o silêncio do quarto. É Lucas, perguntando se estou bem. Digito uma resposta rápida, assegurando que estou, embora parte de mim queira contar-lhe tudo sobre a noite passada.
— "Tudo bem, nos vemos na escola".
Eu pego minha mochila, assegurando-me de que o livro de Emily está seguro dentro dela. Com um último olhar para o quarto, eu saio, fechando a porta atrás de mim e deixando para trás a quietude da noite para enfrentar o barulho do dia que me espera. Hoje é apenas mais um dia. Mas sei que nada será como antes.
Descendo as escadas, o cheiro do café recém-coado me atinge, um lembrete reconfortante da rotina matinal. Tio Benjamin está na cozinha, a expressão preocupada suavizando quando ele me vê.
— Aí está você! Pensei que teria que subir novamente.
— Desculpe, tio. — Minha voz ainda carrega o peso do sono.
Ele me passa uma caneca de café, e eu sinto o calor se espalhar pelas minhas mãos. O primeiro gole é amargo e revigorante, trazendo um pouco mais de clareza para os meus pensamentos.
Como posso me concentrar em aulas e deveres de casa quando há um mundo inteiro de seres sobrenaturais por aí?
— Você tem certeza de que está bem? Você parece... diferente. — Ele ergue a sobrancelha esquerda.
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Mystic Blood (Em Revisão)
FantasyEstá afim de uma aventura alucinante cheia de mistério, romance um toque de sobrenatural? Então, meu livro é pra você! Imagina só: uma garota comum chamada Rory descobre que é a reencarnação de uma heroína lendária, e de repente, ela se vê no meio d...