Mystic Blood (Em Revisão)

XVII: À Sombra da Floresta

"I bleed it out

Digging deeper just to throw it away

I bleed it out

Digging deeper just to throw it away

I bleed it out".

— Bleed It Out' do Linkin Park

A tarde se arrasta como um caracol em um dia chuvoso. A prática de campo é um exercício anual para os alunos do último ano, uma oportunidade para explorar os arredores da cidade e aprender sobre a história local. Mas hoje, parece mais uma tarefa árdua do que uma aventura emocionante.

Eu me junto aos meus colegas de classe no estacionamento da escola, onde os ônibus nos aguardam para nos levar até o local da prática de campo. A ansiedade zune em meus ouvidos, ecoando em cada batida do meu coração. Estou nervosa, não apenas por conhecer partes da cidade que eu nunca vi, mas também pelo que está acontecendo em minha própria vida.

Lucas se aproxima, uma expressão preocupada em seu rosto. Seus olhos procuram os meus em busca de conforto, mas eu mal consigo reunir a coragem para olhá-lo nos olhos. Ele merece a verdade, eu sei disso, mas como posso explicar que me apaixonei por um garoto na era de 1700  que tentou me matar no passado, sem parecer completamente insana?

— Você está bem? — Ele pergunta suavemente, colocando uma mão em meu ombro.

— Sim, estou bem. Só um pouco ansiosa com a prática de campo. — Respondo, forçando um sorriso.

Ele parece não estar totalmente convencido, mas aceita minha resposta por enquanto. Nosso relacionamento está em uma encruzilhada, e sei que preciso enfrentar meus medos e revelar a verdade a ele em breve. Mas hoje não é o momento certo.

Os ônibus partem, levando-nos para fora da cidade e em direção ao campo aberto. À medida que nos afastamos da civilização, uma sensação de calma começa a se infiltrar em minha mente agitada. O ar fresco do campo é revigorante, e as vastas extensões de verdejantes campos ondulantes têm um efeito calmante sobre mim, conseguindo me dissipar dos ruídos infernais provenientes das vozes dentro do ônibus.

Ao chegarmos ao local da prática de campo, somos divididos em grupos e recebemos mapas e roteiros para seguir. Minha mente está turva, lutando para se concentrar nas instruções do professor e no que está acontecendo ao meu redor. Mas preciso me tentar me concentrar.

Nossos colegas conversam animadamente, apontando para os pontos de interesse no mapa. Tento acompanhar, mas minha mente está em outro lugar, perdida em pensamentos sombrios e preocupações profundas. Lucas e eu nos separamos do grupo de estudantes para explorar os arredores.

À medida que caminhamos pelos campos, uma sensação de inquietação se apodera de mim. Os sons da natureza são ensurdecedores, os pássaros cantando em harmonia e o vento sussurrando nas folhas secas das árvores. Mas há algo mais, algo sinistro pairando no ar do outono, como uma sombra à espreita nas profundezas da floresta.

Lucas me lança um olhar preocupado, seus olhos escuros refletindo a mesma inquietação que sinto. Ele segura minha mão com firmeza, oferecendo um apoio silencioso em meio ao caos de meus pensamentos tumultuados.