XIII: Quando começamos?

12 1 0
                                    


"I walk a lonely road

The only one that I have ever known

Don't know where it goes

But it's home to me, and I walk alone".


— Boulevard of Broken Dreams, Green Day.



Saio do apartamento do Dr. Petrov, a noite envolvendo-me como um manto. As ruas estão silenciosas, mas minha mente está em um alvoroço.

— Reencarnação? Linhagens antigas? Isso é demais para mim. — Murmuro. — O que você está tentando me dizer, Rose?

Apresso o passo para casa. Ao chegar, desabo no sofá, perdida em pensamentos. Uma mensagem aparece no meu celular.

Lucas.

— "Ei, como você está? Você saiu tão rápido hoje na escola..."

— "Estou... bem, eu acho. Tanta coisa aconteceu. Precisamos conversar." — Penso bem antes de enviar.

— "Estou preocupado. Posso ir aí?"

— "Por favor." — Eu preciso dele agora.

Minutos depois, Lucas está batendo à minha porta.

— Você está pálida. O que aconteceu? — Lucas me olha preocupado.

— É complicado. O Dr. Petrov... ele me contou sobre meu passado. Sobre reencarnação e segredos que parecem impossíveis. — Falo baixo enquanto caminho em direção à escada.

Lucas me para tocando no meu ombro.

— Como assim, "Dr. Petrov"? Quem é ele?

— Ele é um historiador. Conheci ele quando persegui Esther após ver ela roubando o cachecol no museu... — Minhas palavras saem rápidas da minha boca.

— Esther estava roubando? — Lucas me corta.

— Estava. — Continuo a subir as escadas, me empenhando em não fazer barulho.

— O que ele te contou especificamente. — Ele sussurra atrás de mim.

Faço sinal de silêncio, colocando o dedo indicador na vertical em direção à minha boca, apontado para o meu quarto com a cabeça. Lucas assente com a cabeça. Abro a porta do meu quarto com cautela. Não sei se tio Benjamin está dormindo ou não. Entro e logo em seguida Lucas entra, fechando a porta atrás de si.

Sento na borda da cama. Lucas me olha. Olho para ele. Ele fica tão sexy com as tatuagens à mostra.

— Então, o que ele disse? — Ele me pergunta com seriedade.

Baixo a cabeça, tenteado lembrar de cada palavra dita a mim anteriormente.

— Rose Roselie Porterson. — Inicio a resposta.

— Rory, — ele suspira — eu já sei. Eu já sabia que você é a reencarnação de Rose.

Olho para Lucas, chocada com a revelação.

— Como assim, você já sabia? Por que nunca me disse nada? — Sinto revolta em descobrir isso.

Lucas suspira, olhando para mi com sinceridade.

— Eu queria te proteger, Rory. — Ele se explica — Saber sobre sua verdadeira identidade pode ser avassalador, e eu não queria sobrecarregá-la com mais informações. E quanto mais você souber sobre Rose, mais perto a Dama das Chamas estará.

— Mas você deveria ter me contado, Lucas. Eu merecia saber a verdade. — Eu me levanto, minha expressão é uma mistura de incredulidade e raiva.

Lucas se aproxima, colocando as mãos nos meus ombros.

— Eu sei, e sinto muito por não contar antes. Mas agora que você sabe, precisamos falar sobre Rose. Sobre quem ela era e quem você é.

Tento me acalmar um pouco, permitindo que Lucas continue.

— Rose era uma figura notável, uma mulher de coragem e determinação. Ela enfrentou desafios que a maioria de nós nem pode imaginar. — Lucas continua a falar, parece escolher suas palavras com cuidado — E agora, você carrega o legado dela, Rory. Você é parte dela, você é ela, parte de algo maior do que qualquer um de nós.

Ele me puxa para voltar a sentar na cama, com ele. Mas conversar sobre isso me deixa com mais perguntas do que respostas.

— Eu já ouvi a história dela. — Me aproximo mais de Lucas — Como faço para ter as memórias de todas as minhas vidas? — Sinto que estou com uma fome insaciável de respostas.

— Rory, recuperar suas memórias não será uma tarefa simples, mas é possível. — Ele segura minha mão com delicadeza. — Há práticas antigas e rituais que podem ajudar a desbloquear as portas da sua mente.

— Então é isso que faremos. — Estou determinada.

— Primeiro, precisaremos de um objeto de poder que tenha sido importante para você em suas vidas passadas e... — corto Lucas enquanto aponto para minha bolsa do outro lado da cama.

— Essas duas coisas servem? — retiro da bolsa o cachecol e o colar.

— Você pegou o cachecol que Esther roubou? — Ele me olha com uma pitada de espanto. Acho que ele me subestima um pouco.

— Como assim? — sorrio um pouco orgulhosa de mim. — Roubar de ladrão não é errado, sabia?

Lucas sorri pelo canto da boca.

— Você não está intrigado — Isso é estranho, ele deveria estar curioso.

— Intrigado com o que, Rory? — Acho que ele não percebeu.

— Você não me perguntou o 'por que' estou com o colar. — Analiso um pouco. — Você já sabia que eu estava com ele! — Afirmo com convicção.

Lucas levanta da cama e coloca a mão na nuca. Um sinal de hesitação.

— Sim, eu sabia. — Ele se rende.

— Como?

— Rory, esse colar fui eu que coloquei na capsula no ano em que ela foi criada. Eu sabia que, no ano em que a capsula fosse aberta, Rose iria aparecer. — Ele pausa dramaticamente — E você apareceu, tendo sonhos e visões depois de o colar ter sido retirado da capsula.

— Isso não explica o 'como' você sabia. Foi Alex que me deu. — Falo segurando o colar em frente ao rosto de Lucas.

— Eu ouvi ele te entregando. Eu estava na rua de trás da escola fumando. — Ele fala. — Alex não sabe que o colar era de Margot.

— Se alimentando? — falo cética.

Ele revira os olhos.

— Está bem, eu estava te seguindo. — Lucas admite finalmente. — Vamos voltar para o que importa: esses dois objetos servirão como um catalisador para o processo. — Ele fala, segurando o colar e o cachecol com firmeza.

Jornada mais importante da minha vida — a jornada para dentro de mim mesma. Isso é de se refletir. Eu não tenho nada a perder mais.

Sento de frente para Lucas, sentindo uma nova determinação crescendo dentro do meu coração. Assinto, sentindo uma mistura de antecipação e nervosismo.

— Estou pronta. Quando começamos?

Mystic Blood (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora