XI: Quero respostas

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"I'm a bad liar, bad liar

Now you know, you're free to go".


— Bad Liar, Imagine Dragons.



Amo estar em contato com a natureza. Às vezes sinto que faço parte dela. Por algum motivo, que não sei explicar, sempre me imaginei voando; em paz e tranquilidade.

Mas isso nunca aconteceu.

— Rory.

— Rory! — uma voz alta me faz sair do meu transe.

— Oi! — minha imaginação despertou.

— Você quer panquecas? — Meu tio me pergunta, com a frigideira na mão e um avental de cozinha.

— Sim, Sim. — Balanço a cabeça tentando tirar minhas ideias mirabolantes da mente. Será que fiquei fora de órbita por muito tempo?

— O que você tem? Está tão dispersa hoje. — Ele me olha com preocupação enquanto coloca uma linda panqueca no meu prato.

— Você mora aqui na cidade há quanto tempo, tio Benjamin? — Falo olhando para meu prato, tentando evitar contato visual.

— Bem, Rory... — ele suspira, andando até o fogão — há muito tempo. 

— Quanto tempo? — olho para ele.

Ele para, e hesita.

— Nasci aqui. — Ele fala e volta a andar.

Tio Benjamin não é tão velho. Mas creio que já esteja vivo há um bom tempo. Minhas panquecas estão cheirosas. O aroma da calda de mel com canela invade minhas narinas. Aspiro esse cheiro profundamente. Mas, lembro de uma questão necessária.

— Então, o senhor já ouviu falar da lenda do Véu e da Dama das Chamas? — Essa pergunta sai inocentemente da minha boca. A colher na mão do meu tio cai no chão logo quando acabo de perguntar.

— O que você sabe sobre isso? Onde você ouviu falar? — O questionário dele me assusta.

— Nada! Eu só fiquei sabendo na aula de história. — Levanto minhas mãos para cima em sinal de rendimento.

— Sim, claro. — Ele suspira.

— É só uma lenda, Rory. Todos os habitantes conhecem ela. — Ele me olha fixamente. Parece que quer me convencer a acreditar nisso.

— Tá bom, tio Benjamin. — Falo levantando da mesa — Preciso ir para a escola. — Pego minha mochila — Vou chegar mais tarde em casa. Tenho detenção.

— Detenção por quê? — Ele me olha estranho.

— Eu me irritei com o professor. — Falo, me virando em direção à porta. — Fica tranquilo, tio. É só uma detenção.

Abro a porta, saio para a rua e fecho a porta atrás de mim. Essa foi por pouco.

A luz do sol brilha fracamente através das nuvens cinzentas enquanto caminho em direção à escola, a conversa com o tio Benjamin ainda ecoam em minha mente. A lenda do Véu e da Dama das Chamas não é apenas uma história para mim; é a realidade que estou começando a viver. E agora, parece que meu tio sabe mais do que está disposto a admitir.

Chego à escola com esses pensamentos tumultuados, e a detenção que me espera parece ser o menor dos meus problemas. Hoje a detenção é diferente dos outros dias. A sala de aula está vazia, exceto pelo professor que me olha por cima dos óculos.

Mystic Blood (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora