02- Flores

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Acordei com o sol raiando em meu rosto através da cortina e me espreguiçei. Tomei um banho frio por causa do calor, coloquei um vestido branco e sentei na penteadeira para arrumar meus cabelos, mas então, uma coisa bem estranha me roubou a atenção: um buquê de flores brancas em cima da penteadeira e com um bilhete.

Meus olhos brilharam de alegria ao ver o buquê, já que eu amava flores, eu achava bonito e romântico. Sorri ao segurá-las nos braços e dei pulinhos de alegria, mas quem será que havia me dado? Meu pensamento foi interrompido após a porta do quarto se abrir e revelar a presença do meu pai, que ficou com uma cara fechada ao ver o buquê.

- Papai?

- Quem te deu isso?

- Eu não sei, achei que tinham...

- Quem te deu isso, Gina? Foi algum rapaz? Algum vagabundo motoqueiro da vizinhança?

- Não, papai.

- Então não sabe quem lhe deu este buquê?

- Não, papai.

- Você ainda é nossa menininha, não é Gina? - ele disse apertando meus braços e me olhando com seus olhos assustadores. Toda vez que papai dizia aquilo, eu sentia arrepios e um aperto no peito.

- Sou, papai.

- Sabe que o papai detesta que você minta, não é? Eu e sua mãe te criamos para não mentir, mentir é pecado.

- Sei.

- Então, agora me diga: quem lhe deu este buquê de flores?

- Eu não sei papai, eu juro que não sei!

- Maldita pecadora!

- Aiii! - eu gritei após sentir a ardência de seu tapa em meu rosto. Papai sempre me batia quando achava que eu estava me comportando mal.

- Vai ficar aqui trancada até que fale a verdade e enquanto estiver aqui, reze e peça perdão á Deus por mentir.

- Sim, papai. Me desculpe.

- Você é uma desgraça para mim.

Ele saiu e deixou a porta trancada, comigo jogada no chão, com o rosto vermelho e minhas lágrimas molhando o carpete de tristeza. Eu nunca fui boa o suficiente para que meus pais sentissem orgulho de mim.
Eu estava com tanta fome, não tinha nada para comer e minha barriga estava roncando.

- Perdoe-me Deus.

Me deitei na cama novamente e fiquei olhando para o lado de fora pela minha janela. Eu estava tão infeliz, meus pais nunca me entendiam, somente me xingavam. Eu nem sabia quem havia me dado aquelas lindas flores, até que me lembrei do bilhete! Isso. O bilhete! Fui até minha penteadeira e abri o papel para ver o que estava escrito.

"ᴇsᴛᴀs ғʟᴏʀᴇs ʀᴇᴘʀᴇsᴇɴᴛᴀᴍ ᴏ ǫᴜᴇ ʜᴀ́ ᴅᴇ ᴍᴇʟʜᴏʀ ᴇᴍ ᴠᴏᴄᴇ̂ ᴇ ᴏ ǫᴜᴇ ᴍᴀɪs ɴᴏs ᴇɴᴄᴀɴᴛᴀ ᴘᴏʀ ᴛᴏᴅᴏ ᴏ sᴇᴜ ᴄᴏʀᴘᴏ, ᴇᴍ ʙʀᴇᴠᴇ ᴠᴏᴄᴇ̂ sᴇʀᴀ́ ɴᴏssᴀ. ɴᴏssᴀ ᴘᴀʀᴀ ᴘᴇʀᴛᴇɴᴄᴇʀ ᴇ ɴᴏssᴀ ᴘᴀʀᴀ ᴀᴍᴀʀ.

ғᴇʟɪᴢ ᴀɴɪᴠᴇʀsᴀ́ʀɪᴏ, ᴘᴇǫᴜᴇɴᴀ ɢɪɴᴀ".

O que mais me chamou atenção no bilhete foi o meu apelido: pequena Gina. Ninguém me chamava assim, exceto quatro pessoas: Saulo, Stefan, Victor e Damon Salazar, meus quatro vizinhos que moravam em frente á mim. Desde que me conheceram, eles me chamavam assim e eu adorava. Mas por que mandar as flores? Eles sequer reparavam em mim, sempre me olhavam com seus olhos frios e na maioria das vezes, eram grosseiros.

O que eles queriam dizer com ser deles? Como eu poderia ser deles? Mil pensamentos estavam vagando em minha mente e eu precisava de respostas. Olhei novamente para a janela e lá estavam eles em seu quintal. Damon estava lavando o carro sem camisa, deixando seus músculos a mostra e suas belas tatuagens. Victor estava lendo um livro na varanda, bem concentrado. Saulo estava fazendo um churrasco e Stefan estava treinando socos no ar. Todos lindos e atraentes, mas algo me impedia de me aproximar deles: meus pais.

Enquanto os admirava, o olhar de Damon encontrou o meu e se manteve fixamente, me causando arrepios

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Enquanto os admirava, o olhar de Damon encontrou o meu e se manteve fixamente, me causando arrepios. Eu arqueei meus lábios e ele sorriu para mim. Retribuí seu sorriso e fechei minhas cortinas, voltando para minha cama logo em seguida. Brinquei com os pés, andei de um lado para o outro, cantei, até passar o tempo. Passaram umas duas horas e então a porta foi destrancada.

Meu pai e minha mãe entraram com um semblante triste e então se manifestaram.

- Querida, conte pra sua mãe, não minta. Gina, você sabe o quanto eu odeio mentiras. - minha mãe disse com seu terço enrolado nas mãos.

- Mas mamãe, eu não estou mentindo, eu juro por Deus! Eu não sei quem me deu essas flores, eu simplesmente acordei e as vi aqui.

- Gina, olhe nos meus olhos e me responda com toda a sua sinceridade: alguém violou sua pureza?

- O que? Não, mamãe! Eu juro! Ninguém nunca me tocou.

- Jura pela sua alma?

- Mamãe, eu lhe juro pelo Vosso divino Espírito Santo: eu nunca me deitei com homem nenhum, eu continuo pura como sempre fui.

- Se eu descobrir que sua pureza foi violada, sabe as consequências que irá enfrentar, não é querida? - meu pai disse apertando meus braços com força.

- Sim, papai.

- Ótimo. Agora, pode descer e tomar seu café da manhã.

- Obrigada, papai.

Descemos para a cozinha e havia um bolo de frutas em cima da mesa com um copo de água, minha alimentação era bem definida pela minha mãe. Me sentei e suspirei aliviada por sair do quarto. Minha mãe beijou minha testa e disse:

- Feliz aniversário, querida.

𝑷𝒂𝒓𝒂 𝑺𝒆𝒎𝒑𝒓𝒆 𝑵𝒐𝒔𝒔𝒂, 𝑺𝒐𝒎𝒆𝒏𝒕𝒆 𝑵𝒐𝒔𝒔𝒂Onde histórias criam vida. Descubra agora