19- sentimentos confusos

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Gina Pellegrine

A luxúria era como uma doença.
Ela corrompia o ser humano aos poucos.
Tinha dores e momentos de fraqueza.
Cada pessoa era representada por um pecado e os irmãos Salazar com certeza eram a luxúria em carne e osso.

Eles me faziam sentir coisas que eu nunca havia sentido com nenhum outro homem. Quando eu estava perto deles, eu sentia medo, repulsa e tristeza, mas eu também sentia frio na barriga, vergonha e vontade de ficar perto deles. Talvez no fundo, eles sentissem algo por mim, mas o desejo de me corromper era maior.

O pior era que eles estavam conseguindo. Quando Saulo me beijou, eu não sabia o que fazer, só sei que eu gostei e permiti que ele continuasse. Foi meu primeiro beijo. Eu senti meu corpo formigar, minhas bochechas corarem, senti um calor na hora mas não soube porquê. Eu queria mais, mas eu tinha que me concentrar em fugir daquele lugar.

Eu não iria conseguir enganá-los por muito tempo, eu precisava fugir até o casamento. Eu não podia me casar com quatro homens doentes de luxúria por mim, eu precisava escapar para longe da Itália.

12:00

Estávamos sentados na mesa almoçando. Estava silêncio.
Nenhum deles falava nada.
Eu me sentia envergonhada depois do beijo.
Saulo não parava de me olhar.
Victor estava mexendo no telefone.
Damon e Stefan estavam lendo jornal.

- Vocês gostam de cinema? - eu decidi falar para quebrar o silêncio.

- Nunca fomos muito, mas sim gostamos. Por que, querida?

- Ficar aqui o dia inteiro é entediante, não podemos ir ao cinema?

- Querida, sinto muito, mas ainda é cedo para você sair de casa. Melhor não.

- Então vamos fazer um cinema caseiro! Eu posso cozinhar algo para nós e vocês escolhem o filme. O que acham?

- Gostei da ideia, gostaria de comer doces?

- Não posso.

- Por que não?

- Não posso engordar, preciso me manter magra. Prefiro comer frutas e bicoitos integrais.

- Amor, seu corpo é perfeito. Você não está gorda! Acho que você merece um momento feliz, então nós vamos nos encarregar de comprar doces para você. Você vai gostar.

- Ah, tudo bem, obrigada...

- Damon, você e eu iremos ao supermercado.

- Porra, justo eu?

- Damon, vamos logo caralho.

- Tá bom!

Saulo e Damon se levantaram da mesa e pegaram as chaves do carro, em seguida eles saíram de casa e me deixaram com Stefan e Victor. Stefan sorriu para mim e continuou a ler o jornal, Victor largou o telefone e se levantou da mesa.

- Aonde vai, Victor? - eu perguntei.

- Treinar.

- O quê?

- Não te interessa, gracinha. Até mais tarde. - ele beijou minha bochecha e foi para o quintal. Stefan soltou o jornal e tomou um gole de sua xícara de café.

- Acho que Victor não gosta muito de mim.

- Ele é assim com todas as mulheres, não se preocupe querida.

Mulheres? Como assim? Eles estavam se relacionando com outras além de mim?

- Então ele...

- Se está pensando que estamos com outras, a resposta é não, Gina. Nós não estamos com outras mulheres, só você. O que eu quis dizer é que todas as vezes que ele se envolvia com alguma garota, ele era assim grosseiro. Não é só com você.

- Ah, menos mal. Bom, enquanto eles estão fora, eu posso andar pela casa?

- Querida, você não está presa. Pode andar pela casa, só não saia de casa. Mesmo que tentasse, as portas e janelas estão trancadas e pregadas.

- Entendi, a ideia deve ter sido do Saulo né?

- Não, foi do Damon.

- Entendi. Até logo, Stefan.

- Até mais, querida. Divirta-se explorando a nossa casa.

Aquela nunca seria a minha casa. Minha única casa era a dos meus pais e a casa onde Deus morava: o Céu. Ali não era o meu lugar, só o deles. Eu fui até o quarto e tranquei a porta, corri até as janelas que para minha tristeza estavam realmente vedadas e pregadas. Não tinha como eu gritar ou pular.

Eu dei uma olhada para fora. Era uma floresta ou campo, havia muitas árvores com folhas caindo e dava para ver um lago perto da casa. Suspirei e rezei aos Céus para que um dia eu saísse dali, eu precisava escapar. Eu precisava usar algo a meu favor e eu tinha.

Se eles gostavam mesmo de mim, uma hora iriam sucumbir as minhas vontades também...

Minha cabeça estava um mar de pensamentos, eu estava confusa com tudo. Eu queria sair dali, mas ao mesmo tempo queria ficar com eles. Sim, eles quatro. Eu queria ser livre e ter uma vida como uma garota amadurecida, mas ao mesmo tempo sentia que tinha que ficar com eles. Eu não parava de pensar no beijo que Saulo me deu.

Sua língua na minha boca, sua mordida em meus lábios, suas mãos acariciando meu pescoço, me lembrar estava me deixando com calor e um certo formigamento em minha intimidade. Eu sentia aquilo todas as vezes que pensava neles me tocando um dia como se eu fosse a mulher deles, aquilo era uma ideia platônica.

Eu precisava escapar ou iria sucumbir a loucura daqueles homens.

𝑷𝒂𝒓𝒂 𝑺𝒆𝒎𝒑𝒓𝒆 𝑵𝒐𝒔𝒔𝒂, 𝑺𝒐𝒎𝒆𝒏𝒕𝒆 𝑵𝒐𝒔𝒔𝒂Onde histórias criam vida. Descubra agora