26- dilema

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Saulo Salazar

- Então, vocês preferem destruí-la do que realmente amá-la?

- Desculpe, mãe, mas sim. Se Gina não nos aceitar como seus maridos, iremos puní-la.

- Meu deus, filho. O que aconteceu com vocês?

- Mamãe, não somos mais crianças, nós decidimos o que é melhor pra nós e para a Gina.

- Sabem o quanto ela irá odiar vocês?

- Sim, mas não nos importamos desde que ela seja nossa.

- Muito bem, então se preparem para arcar com as consequências dos erros que cometeram com ela.

- Ela vai nos amar, pode demorar dias, meses, semanas, anos, não importa, porque nós iremos esperá-la nos amar.

- Vocês estão doentes.

- De amor, mãe.

- Não, de obsessão.

Nunca mais tinha visto nossa mãe tão chateada desde que nossos pais haviam  morrido. Eu sei que ela queria que fôssemos diferentes, mas não conseguíamos. Ser cruel e impiedoso estava no sangue dos Salazar, era nosso destino.

- O Conselho já aprovou o casamento, nada poderá nos impedir de amá-la, mamãe. Você sabe que faz parte da máfia precisar se casar.

- Mas quatro irmãos com a mesma garota? Isso não é incesto?

- Mamãe, pelo amor de Deus, nós somos meio-irmãos, não somos de sangue! Jesus Cristo!

- Não importa, é totalmente fora de comum.

- Mas não é errado.

- Olha aqui, se o Conselho autorizou, tudo bem, eu tento aturar. Mas só lhes digo uma coisa: não ousem machucá-la novamente, porque senão irão conhecer a fúria de uma mãe com desgosto dos filhos. Agora, eu vou ver a minha nora.

- Ela está descansando.

- Então deixem ela, fiquem aqui embaixo comigo.

- Eu ia...

- Saulo, deixe ela em paz. Eu fui clara ou terei que repetir a minha ordem?

- Não, mamãe, foi clara sim.

- Ótimo, agora vamos almoçar.

Nós fomos para a sala de jantar e nos sentamos á mesa, enquanto serviam o almoço. Gina desceu logo em seguida com sua cara de sono e cumprimentou minha mãe.

- Olá, querida, sente-se conosco.

- Ah claro. - ela disse após se sentar do lado da minha mãe.

- Gina, sente aqui. - Damon disse dando um tapinha na cadeira ao seu lado.

- Mas eu...

- Agora.

- Não, Gina. Fique aí, querida. Eles estão na minha casa, aqui quem manda sou eu. Ainda sou mãe deles.

- Mãe, não começe.

- Começo e termino: a Gina irá sentar aonde ela quiser, se ela se sentou aqui é porque ela quer sentar ao lado da sogra, então calem a boca e deixem ela comer em paz.

- Mas mamãe...

- Calado, Victor. Pode sentar, querida.

- Obrigada, senhora Salazar.

- Pode me chamar de Eleonora, querida. Não sou mais casada hahahaha.

- Tudo bem então!

- Então querida, me conte mais sobre você: você gostaria de fazer faculdade ou algo desse tipo?

- Bom, eu...

- Na verdade, a Gina vai se dedicar a vida de uma mulher casada e dar muito amor aos seus maridos, não é amor? - eu disse enciumado com a pergunta dela.

- Eu acho que a Gina sabe responder por si própria, Saulo. Me diga querida.

- Eu gostaria de fazer Jornalismo. Trabalhar com notícias sempre foi muito intrigante para mim, mas meus pais nunca me deixavam tocar nesse assunto de estudar fora.

- Nossa, que bom! Se precisar de ajuda, conte comigo.

- Obrigada.

- E depois da faculdade? Talvez filhos ou uma casa própria?

- Com todo respeito á senhora e a sua família, eu não queria ter filhos. Amo crianças, mas não me vejo como mãe, então eu só gostaria de ter minha casa e ser formada numa profissão.

- Entendi, eu também queria ter isso antes de conhecer os pais deles.

- Pais?

- Sim, eles são meio-irmãos, não são de sangue. Eu me envolvi com quatro caras, mas não foi como vocês entende? Eu os conheçi em épocas diferentes e aí nasceram essas criaturinhas perversas.

- Mãe!

- Estou mentindo, Victor? Desde criança, vocês são problemáticos!

- Mas se eles tiveram pais diferentes, como se tornou uma dama da famiglia?

- Os quatro homens pertenciam á Camorra, então apesar de serem bastardos, eles conseguiram ser os Dons da famiglia e agora possuem o respeito de todos.

- Eu também vou me tornar?

- Sim, querida. Infelizmente, não é uma escolha, é uma lei da Camorra. Sinto muito.

- Não sinta, eu vou aguentar.

- Você é destemida, eu gosto disso.

- Obrigada.

- É, mas ela sabe que não vai precisar estudar, não é Gina? Ela vai se dedicar á vida de uma dama casada. Tenho certeza que ela irá gostar.

Gina ficou ofendida com as palavras que soltei e saiu da mesa enfurecida. Ela subiu as escadas até o quarto e se trancou lá, por um instante eu me senti mal por ela, mas ela era tão teimosa.

- Por que fez isso?

- Ela tem que saber o lugar dela como nossa noiva.

- Saulo, você é cruel.

- Mãe, da nossa noiva, cuido eu.

- Eu vou conversar com ela, diferente de vocês, eu me importo com ela.

𝑷𝒂𝒓𝒂 𝑺𝒆𝒎𝒑𝒓𝒆 𝑵𝒐𝒔𝒔𝒂, 𝑺𝒐𝒎𝒆𝒏𝒕𝒆 𝑵𝒐𝒔𝒔𝒂Onde histórias criam vida. Descubra agora